|
Infelicidade Compartilhada
|
|
Felicidade n�o d� ibope. Se a televis�o colocar no ar uma novela onde os personagens sejam felizes do come�o ao fim da trama, � certo que quase... Felicidade n�o d� ibope. Se a televis�o colocar no ar uma novela onde os personagens sejam felizes do come�o ao fim da trama, � certo que quase ningu�m assistir�. O povo quer � ver desgra�a, trag�dia, choro, sangue, infelicidade. A� est�o as melodram�ticas novelas mexicanas que n�o me deixam mentir. Sem contar o grande n�mero de programas de audit�rio com pessoas desfiando os seus dramas cabeludos. Quanto mais cabeludo maior � a audi�ncia. Por qu� ser� que as pessoas gostam tanto de ouvir e assistir a tanta infelicidade? Penso que � porque a grande maioria das pessoas tamb�m est� bastante infeliz. Ao presenciar a infelicidade do outro, � como se a sua pr�pria se dilu�sse um pouco. Como seria tr�gico para uma mulher saber que somente o seu marido a trai. Ouvir o testemunho de outras mulheres afirmando que tamb�m s�o tra�das traz um pouco de conforto. Quando um empregado � demitido, ele encontra no seu companheiro que tamb�m foi dispensado do emprego algu�m com quem possa identificar-se na dor. E ao ouvir a dor do outro, a sua pr�pria dor toma um outro contorno. � um somat�rio de infelicidades que serve como b�lsamo para o cora��o. Estranho n�o? A infelicidade est� � solta. Quantos pais que mesmo amando muito os seus filhos n�o conseguem transforma-los em adultos equilibrados e bem formados? Quantos casais n�o conseguem transformar o carinho que sentem um pelo outro em um relacionamento harmonioso e de crescimento para ambos? Quantos profissionais n�o conseguem transformar o talento que jorra abundante em realiza��es produtivas e gratificantes no seu trabalho? Quantos jovens que, mesmo sendo muito amados, continuam buscando a companhia do �lcool, do sexo inconseq�ente, das drogas e da viol�ncia? A vida est� parecendo uma grande m�quina trituradora, esmagando, amassando, deixando as pessoas s� no baga�o. A luta pela sobreviv�ncia est� brutalizando. Quando jovens sonhamos em mudar o mundo. Algum tempo depois s� pensamos em juntar dinheiro. No come�o da vida profissional queremos algo que nos realize, mas algum tempo depois essa realiza��o significa conseguir o m�ximo de dinheiro poss�vel para comprar o m�ximo de coisas poss�veis. Chamam a isso de maturidade. Chamo a isso de embrutecimento. A estrada pela qual caminha a maioria das pessoas n�o leva � felicidade. E da� a necessidade dessa infelicidade compartilhada, seja na TV, nos jornais ou nas trag�dias que se escancaram todos os dias diante dos nossos olhos. Saber que o outro tamb�m sofre traz um estranho alento ao cora��o. � a certeza de n�o estarmos sozinhos na dor. Fonte: Reda��o Maratimba.com
|
| Por: Ivilisi Soares Azevedo | Imprimir |
|
|
 |
