Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 15-01-2007

Ocupação Desordenada do Litoral
Em conversa com moradores antigos de Marataízes, estes me relataram que antigamente o mar chegava a adentrar nas ruas do centro
Ocupação Desordenada do Litoral

Em conversa com moradores antigos de Marataízes, estes me relataram que antigamente o mar chegava a adentrar nas ruas do centro, exatamente como ocorre até hoje na cidade histórica de Parati, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, sem causar qualquer dano.

A ocupação desordenada dessa nossa faixa de litoral, que antes era sazonalmente ocupada pelo mar, ao que tudo indica é a causa do "desaparecimento" da faixa de areia da praia do Centro. As aspas foram colocadas propositadamente, exatamente para chamar a atenção para o fato de que não se trata de uma invasão do mar, sendo esse fenômeno que hoje ocorre tão somente a natureza querendo de volta o que lhe tomaram.

Some-se a isso a destruição da vegetação de restinga, que margeava todo o nosso litoral e que ainda pode ser vista, nas praias mais ao sul da cidade e em parte das praias da Cidade Nova e da Barra. Essa vegetação de restinga é a responsável pela fixação da areia da praia, impedindo que o vento e as marés a retirem, evitando essa erosão costeira que tanto vem atrapalhando o turismo da cidade.

Houve um outro episódio, ocorrido quando Marataízes ainda pertencia a Itapemirim, que deve ter contribuído gravemente para o sumiço da areia da praia principal.

A areia da praia do Centro movimentava-se de tempos em tempos, acumulando-se ora próximo à peixaria, ora próximo ao Boliche. Esse fenômeno pode ser observado atualmente ainda na praia da Cidade Nova e da Barra, onde a areia se acumula de tempos em tempos no início da Praia da Barra, perto da pedra e em outras vezes na Praia da Cidade Nova, perto da pedra da Praia da Cruz.

O problema é que, certa vez, quando a areia acumulou-se perto do Boliche, inclusive invadindo parcialmente a rua, a administração municipal da época retirou-a completamente, levando-a para outro lugar, sabe-se lá para onde. Sem essa quantidade de areia que foi retirada, parece óbvio que o mar iria cobrar o seu preço, como de fato o fizera.

Muito além de recuperar a orla da praia principal – o que deverá acontecer já em março, segundo o atual prefeito – é preciso pensar seriamente como será feita a ocupação da parte sul do município, ainda mais agora que o asfalto chegará até a divisa com o Estado do Rio de Janeiro, sob pena de repetir-se esse desordenamento que, além de deixar feio o litoral, facilita ou é a própria a causa da erosão costeira.

Há que se envolver toda a sociedade nessa empreitada, com um plano de ocupação territorial bem pensado a ser organizado, elaborado e dirigido pelo Poder Público Municipal (leia-se: Legislativo para determinar as normas de ocupação e Executivo para fazê-las acontecer efetivamente; sem esquecer-se do Judiciário para fazer cumprir essas normas), para não repetir-se o absurdo que ocorreu na praia da Areia Preta e o que vem acontecendo na praia do Centro.

Parece-me até que já há algo nesse sentido – plano de ocupação territorial – mas há que se perguntar se ele está feito a contento, para não repetirmos o erro das administrações anteriores, que foram as responsáveis pela – desculpem-me a franqueza – feiúra da nossa orla, que espanta o turismo que de fato deveria ser desejado, ou seja, aquele que injeta dinheiro no comércio da cidade.

Ou será que a sociedade local gosta mesmo desse turismo de quinta categoria, onde o veranista traz até o gelo da cerveja que foi trazida da cidade de origem?

Abraços a todos e um excelente final de temporada a todos. Vou finalizar meu texto com um pensamento que é um verdadeiro protesto contra a incompetência e tem endereço certo:

"Se quiser que uma coisa seja feita direito, faça-a você mesmo."



    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Ronald Mignone    |      Imprimir