Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 27-01-2007

Recordar é Viver
Era domingo e já passava do meio dia, notei o quanto minha rotina tinha sofrido baixas. Já não vejo ninguém “pegando jacaré”. Nem jogando frescobol
Recordar é Viver

Sem perceber me deparei sentado nas pedras que ficam no prolongamento da praia da Barra do Itapemirim. Ali gostava de contemplar o mar e toda a sua vastidão. Há anos não faço isso.

Comentando com amigos, disseram que é a famosa crise dos "quase cinqüenta". Será?

Era domingo e já passava do meio dia, notei o quanto minha rotina tinha sofrido baixas. Já não vejo ninguém "pegando jacaré". Nem jogando frescobol. Da praia íamos direto para o rio Itapemirim "tirar o sal", nas suas águas límpidas. Hoje o portinho desapareceu, e suas águas tornaram barrentas.

Do almoço na casa de minha tia com a família saboreava a deliciosa galinha ao molho pardo. Depois caminhava ansioso para jogar no segundo quadro do Ypiranga. O "Tubarão da Barra" é um time bissexto.

Meus tios morreram. Será que é a tal crise que me abate como um marlim azul que luta para não ser fisgado? A música não é a mesma, os trajes nem pensar. Cuba Libre sumiu. Maconha é careta. As festas começam quando deveriam terminar.

Não tem jeito é a crise! Um amigo meu ficou uma semana pensando na morte. Nas doenças que começam. A próstata, a alimentação que deveria mudar. Serenata nem pensar é perigoso levar um tiro do pai ou assaltado por um meliante.

Sim, bandido, hoje é meliante. Peroá nem pensar é artigo de luxo. Ainda tem a caminhada. Os exames com aqueles dispositivos colocados ao longo do corpo, que não é o mesmo. Essa fase é cruel, silenciosa, e chata. Todos se acham no direito, na razão de escrever a sua biografia e comparar épocas. Temos a impressão que o passado foi melhor do que o presente.

Mas sabe de umas coisa: o mar e toda a sua vastidão não mudou e não mudará!
Tenho de vir mais vezes aqui.


    Fonte: O Autor
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir