Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 04-02-2007

Recado a Don Huguito?
Acabo de voltar de viagem por lugares onde a democracia � mais est�vel e levada a s�rio, para dar de cara com a not�cia de que...
Recado a Don Huguito?

Acabo de voltar de viagem por lugares onde a democracia � mais est�vel e levada a s�rio, para dar de cara com a not�cia de que o presidente reeleito no Brasil procura construir para si, neste segundo mandato, a imagem de um mandat�rio digno de ocupar um dos lugares de destaque na Hist�ria.

Ao apresentar sua vers�o atualizada do in�cuo pacote "Avan�a, Brasil", ele se saiu com frases inspiradoras, quase-po�ticas, do tipo "aqui, n�o se cresce sacrificando a democracia" � o que, vamos e venhamos, poderia at� parecer um recado a Don Huguito e seus asseclas, n�o fosse o fato de a Venezuela, que esmaga sem piedade os valores democr�ticos, n�o estar crescendo economicamente nem um cent�metro.

Ningu�m pode impedir o atual presidente de tentar a sorte. Ali�s, dado o n�vel de indig�ncia registrado nos volumes atuais dos anais e menstruais da Na��o brasileira, � bem poss�vel que ele acabe conseguindo. No entanto, sabe-se que todas as tram�ias do mensal�o e, principalmente, o seu "jeito J�nio" de agir, nunca ser�o exorcizados. Voc� n�o conhece o "jeito J�nio"? O ex-presidente nunca pedia algo diretamente, de forma a ser responsabilizado por seus atos. "Tenho sede!", diria ele, e algum ac�lito surgiria com um copo d��gua � ou de algo mais potente.

� nisso que reside a minha preocupa��o. Dentro de mais quatro anos, � bem poss�vel que mais um crime perfeito tenha se consumado contra a Rep�blica. O mensal�o ter� existido, mas nunca ter� havido liga��o direta com seu mentor e/ou operador-m�r. A barb�rie contra Celso Daniel ter� prescrito � em teoria ou na pr�tica. As barbaridades contra a democracia e a livre express�o, ao estilo dos Conselhos Federais de Jornalismo e outros frankensteins, poder�o ter sido institu�das sem que haja uma linha vinculando a excresc�ncia diretamente � figura de quem estava no plant�o do poder. At� o indefect�vel Z� Pobrema poder� ter obtido sua t�o-sonhada anistia e voltado a operar com desenvoltura renovada e aditivada pelos sal�es do "poder" soletrado com seu "r" de caipira falsificado, mas ningu�m poder� ligar os pontos "x" a "y" pela sua reden��o e ressurrei��o ao mundo oficial. Tudo ter� ocorrido nas sombras, longe dos olhos de todos, no sil�ncio das maracutaias destinadas ao eterno esquecimento.

O grande l�der estar�, assim, vestindo seu robe de democrata feito do mais puro teflon, imune a qualquer ataque direto, habilitado a entrar no pante�o dos inesquec�veis, aqueles que deixar�o saudades para sempre. Ningu�m saber�, jamais, que apenas um olhar, um suspiro, um muxoxo, uma insinua��o, uma instru��o de p�-de-ouvido, ter�o sido suficientes para que o poder tenha sido levado a cabo da maneira mais canhestra e calhorda, bem longe da poesia que permeou os discursos oficiais redigidos pelos marqueteiros da hora.

Ali�s, a mesma classe de marqueteiros que teve o "insight" supremo de criar uma propaganda para o Banco do Brasil que me assustou, e depois me fez pensar. Ao chegar de viagem e ver o estrago causado nas finan�as, o site mostrava o "Banco do Claudio Lessa", o que me fez imaginar alguma invas�o de hackers. Ao saber que era apenas uma jogada promocional � que n�o me entusiasmou em nada � fiquei imaginando como isso deve ter enchido os olhos de tanta gente que entrou na internet para ver a situa��o de suas respectivas contas. O "Banco do Waldomiro", o "Banco do Del�bio", o "Banco do Pizzolatto"� Como � que eles n�o pensaram nisso antes?

    Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir