Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 22-02-2007

Antes tarde do que nunca
Entramos na quaresma. O pano de fundo deste tempo, para os cat�licos, � a PENIT�NCIA.
Antes tarde do que nunca

Entramos na quaresma. O pano de fundo deste tempo, para os cat�licos, � a PENIT�NCIA. Essa palavra tem a mesma origem que uma outra que est� muita em voga ultimamente no Brasil: pena, de onde "c�digo penal", penalidade etc.

A palavra penit�ncia, por sua vez, � origem de outra que tamb�m muito tem visitado nossos jornais recentemente: penitenci�ria. O ano passado foi o ano do desastre total nas penitenci�rias do nosso pa�s, quando revelaram esquemas monstruosos de comunica��o interna e externa, comandando por misteriosos celulares uma das maiores rebeli�es da nossa hist�ria, com a morte de in�meros militares e civis.

Na verdade, o caso do menino Jo�o H�lio � daqueles que servem de �cone. De quando em quando, a sociedade produz �cones de suas mazelas; � o pr�prio caos, pedindo para jamais ser esquecido, ou para nunca mais ser repetido ou ao menos para sempre nos esfregar na cara sentimentos de culpa pequeno-burgueses.

Entra em cena novamente a discuss�o sobre o Estatuto da Crian�a e do Adolescente. Parlamentares que sempre cruzaram os bra�os para a quest�o do menor delinq�ente agora v�m � tona como que trazendo a salva��o da p�tria: vamos prender esses moleques � dizem eles � que tudo se resolve.

Estes mesmos formadores de opini�o, ao serem questionados sobre as causas do crime organizado (que � adulto, obviamente, pois os adolescentes ainda trazem consigo o esp�rito de bagun�a da recente inf�ncia...), dizem que o problema est� na forma��o do indiv�duo, que � preciso investir em educa��o e gera��o de empregos etc. Ent�o, cria-se um dilema contradit�rio: querem prender o adolescente para que ele n�o venha a ser um adulto criminoso; e culpam ao Estado (a si mesmos?) por n�o terem tratado melhor os adultos criminosos enquanto eram menores (!?)... H� aqui um problema de g�nese; e o pior � que est�o tratando tudo isso de uma forma t�o apocal�ptica (com o perd�o do trocadilho b�blico).

Olhando um pouco adiante, logo nos deparamos com outro problema da nossa lista de insol�veis e indigestos: o aquecimento global. Outra contradi��o.

Afirma��es que at� bem pouco tempo atr�s eram escarnecidas como coisa de fan�ticos do greenpeace, de comunistas rubro-verdes ou de m�sticos da nova era alucinados pela maconha, agora aparecem nos discursos mais positivistas da ci�ncia mais erudita das na��es mais ortodoxas em mat�ria de meio-ambiente.

E a declara��o dos dois mil e quinhentos cientistas no tal relat�rio oficial sobre o perigo em que o planeta Terra se encontra � citado agora com cerim�nia, seriedade e respeito, fazendo ecoar no fundo de n�s mesmos um solene "mea culpa, mea maxima culpa".

O fato � que agora � tarde demais: por mais que se fa�am campanhas da fraternidade a respeito, a Amaz�nia est� fadada a ter grande parte de sua rica vegeta��o transformada em savana, o degelo polar � inevit�vel, o aumento de meio metro no n�vel do mar neste s�culo � garantido.

Fa�amos tudo para obter o menor preju�zo poss�vel, mas � preciso faz�-lo com um grande arrependimento e pesar. � a humanidade, sempre aprendendo na �ltima hora e Deus sempre levantando a faixa "eu j� sabia" no meio da torcida.

Jesus certamente pensava n�o somente na ocupa��o de Jerusal�m como nos destinos que a humanidade escolhia para si, quando disse o seu lamento �s v�speras de sua morte: "Ah! Se neste dia tamb�m tu conhecesses a mensagem de paz!" (Lc 19,41). Antes tarde do que nunca.


    Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir