Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 16-04-2007

O COFRINHO DA DISCÓRDIA
Não é surpresa para ninguém que a mão direita do atual desgoverno não tem a menor idéia do que a mão esquerda anda fazendo. Há exemplos e mais exemplos. Desde os reais aos virtuais.
O COFRINHO DA DISCÓRDIA


Não é surpresa para ninguém que a mão direita do atual desgoverno não tem a menor idéia do que a mão esquerda anda fazendo. Há exemplos e mais exemplos. Desde os reais aos virtuais.

Entre os reais, a atual crise aérea. Ninguém sabia, e parece não saber até agora, o que está acontecendo. O responsável pela defesa não hesita em quebrar a hierarquia militar e botar lenha na fogueira de uma bagunça monumental, que pode inclusive impor risco de vida a uma parcela da população.

Entre os desconhecimentos "virtuais", assim mesmo, entre aspas, estão o mensalão, que ninguém sabia ou conhecia, mas o mesmo ninguém tampouco condenava. Ou seja, só não é pior porque vivemos numa bolha de progresso mundial. Quando ela estourar – sim, leitor(a) desta coluna e ouvinte deste podcast, ela vai estourar, porque essas coisas são cíclicas e toda essa alegria vai ter fim, mais dia, menos dia. Aí, vai sobrar pra todo mundo o popular choro e ranger de dentes, sem falar nas análises inteligentes que deverão questionar os motivos de não se ter tomado medidas preventivas.

Agora, um novo e pungente exemplo de que a mão direita não sabe o que a mão esquerda anda fazendo nessa bagunça. O Banco Central do Brasil acaba de botar nos jornais, no rádio e na tevê uma campanha caríssima para convencer o brasileiro a não guardar suas moedas, porque isso atrapalharia a economia de várias maneiras. Sem entrarmos ainda na cretinice do que isso significa, a gente atravessa uma rua e fica de frente para a Caixa Econômica Federal, que acaba de jogar no ar uma propaganda sinistra com personagens animados de nomes e formatos estranhos que defendem exatamente o contrário: a poupança de moedas – aliás, os sinistros "poupançudos" do comercial são cofrinhos.

O chato dessa estória toda é que esse é um exemplo que mexe com a cultura popular, e coloca em cheque toda uma noção que deveria estar sendo pacientemente enraizada na cabeça de todas as crianças, geração após geração: a poupança de dinheiro para o incerto dia de amanhã. Em todas as economias bem sucedidas – e o exemplo mais brilhante é, sem dúvida, o dos Estados Unidos, a prática da poupança de moedas sempre foi estimulada. Toda criança sempre teve o seu cofrinho, juntou moedas, e a economia nunca sofreu por causa disso. Muito pelo contrário.

Na terra da – ao que tudo indica eterna – reinvenção institucional da roda, conceitos como esse da poupança de moedas, que deviam fazer parte das cláusulas pétreas da cultura popular, são questionados irresponsavelmente. Não se pretende aqui censurar o questionamento. A censura é a uma mensagem que, se colar, vai fazer de mais uma geração de brasileiros uma turba de analfabetos em economia. Mais uma.


    Fonte: O Autor
 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir