Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 23-04-2007

FAROESTE URBANO
Por defini��o, os pol�ticos deveriam ser entes representativos da sociedade, e em sintonia permanente com ela. Mas nem sempre � assim.
FAROESTE URBANO


Por defini��o, os pol�ticos deveriam ser entes representativos da sociedade, e em sintonia permanente com ela. Mas nem sempre � assim. Na realidade, quase nunca � assim. E � por isso que as coisas est�o do jeito que est�o, seguindo ladeira abaixo.

Enquanto a sociedade clama por um sistema de justi�a mais restritivo, mais punitivo, mais vigoroso contra a bandidagem, o que se v�? O amolecimento dos padr�es de cobran�a patrocinado pelas autoridades, claramente na contra-m�o do que a sociedade deseja. Quando se fala em pena de morte, ent�o, a rap�ize dos direitos humanos fica toda indignada, saltitante. Tenho pra mim que deve ser algum tipo de fetiche sexual ainda n�o muito claramente definido pelos especialistas, essa est�ria de direitos humanos para criminosos que se sobrep�em aos direitos humanos das v�timas. Essa turma deve ser louca pra botar esses pilantras no colo, ficar alisando o cabelinho sebento deles, chamando essa cambada de coitadinhos, tentando entender todos os seus traumas de meninos e meninas abandonados e abusados quando criancinhas, enquanto na verdade sonha ser estuprada e morta por eles. � t�o fashion ter pena de criminoso� E quanto mais hediondo, melhor.

Enquanto isso, na vida real, a coisa vai degenerando, cada vez mais. Ao contr�rio das previs�es do Blog do Lessa, que calculava o retorno da sociedade brasileira atual a um estado de faroeste para daqui a uns cinco, dez anos, desde que mantido o ritmo atual, esta semana foi dado o tiro inicial. Um valente homem, cioso de suas responsabilidades para com a sociedade, passou fogo num pilantra que, com seu comparsa, atacava um aposentado no Rio de Janeiro. N�o s� matou um como n�o permitiu que linchassem o segundo safado, mantendo a ordem at� que a pol�cia chegasse � mais ou menos como Bat Masterson, o meu �dolo de inf�ncia, certamente agiria numa situa��o semelhante.

E j� que o clima � de faroeste, como � que as coisas v�o acontecer, daqui pra frente? Mil�cias ser�o formadas para proteger grupelhos e eliminar advers�rios � n�o necessariamente do mal. Cidad�os comuns reagir�o a bala a qualquer provoca��o, por menor que seja � um desentendimento no tr�nsito, por exemplo. N�o haver� regras de conduta, n�o haver� regras de combate. Ser� o que o gringo chama de "free for all" e o brasileiro, h� tempos, entendeu como sendo "forr�" na casa da m�e Joana.

Da�, a pergunta: por que deixar que os cidad�os sejam obrigados a regredir socialmente para se manterem vivos e seguros, quando existe um governo institu�do � alguns diriam prostitu�do, mas isso � tema de an�lise em outra oportunidade � um governo que possui todo o ferramental ao seu alcance para construir mais pris�es, endurecer as leis, instituir a pena de morte, manter a ordem e garantir a seguran�a? Ser� que � mais uma crise de gest�o, como o apag�o a�reo, ou tem ideologia metida nisso a�? Dada a hist�ria do Brasil, a crise de gest�o � a hip�tese mais prov�vel, sem d�vida.

Mas de 2003 para c�, n�o h� d�vida, tampouco, que a fome se juntou com a vontade de comer.


    Fonte: Direto da Reda��o
 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir