Categoria Politica  Noticia Atualizada em 10-05-2007

Renuncia de Tony Blair
O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse que deixará o cargo no dia 27 de junho. Em discurso em seu reduto eleitoral
Renuncia de Tony Blair

O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse que deixará o cargo no dia 27 de junho. Em discurso em seu reduto eleitoral, no condado de Sedgefield, onde foi recebido por partidários em uma atmosfera de festa, Blair falou sobre os dez anos em que esteve no poder: "Fiz o que achava que era certo para o país", de acordo com a BBC.

Tony Blair apresentou a demissão da liderança do Partido Trabalhista e, por inerência a do Governo, abrindo caminho para a nomeação de um sucessor, que tudo aponta venha a ser Gordon Brown, actual ministro das Finanças

"Acho que foi longo suficiente para mim, mas, mais especificamente, para o país", disse o primeiro-ministro, arrancando risadas da platéia. "Tive muita sorte e fui abençoado". Ao fazer um balanço dos seus três mandatos, ele disse que "em 1997 as expectativas eram altas, talvez altas demais" e que "agora há mais empregos, melhor saúde e educação, menos crimes."

O processo sucessório de Blair deverá durar entre seis e sete semanas, com a eleição de um novo líder trabalhista e, automaticamente, primeiro-ministro. Apesar desse ritual, a escolha do atual ministro das finanças, o chanceler Gordon Brown, para chegar o governo britânico, é dada como certa.

"Tenho sido primeiro-ministro deste país por pouco mais de 10 anos", discursou ele. "Neste cargo, no mundo de hoje, acho que é tempo suficiente para mim, mas mais especialmente para o país."

Blair já havia comunicado sua decisão numa reunião com seu gabinete ministerial pela manhã. Durante a reunião, Brown elogiou as "conquistas únicas" de Blair, que segundo ele foi um "líder mundial" ao longo da última década. Bem humorado, o primeiro ministro disse aos colegas que "hoje não é um dia normal".

Aos 54 anos, e reeleito em duas ocasiões, Blair vai deixar um legado polêmico. Para seus simpatizantes, o mais importante é que ele revolucionou a política britânica ao modernizar o Partido Trabalhista, criando o "New Labour´. Ele fez com que a agremiação abandonasse seu alinhamento com as idéias e práticas ideológicas da esquerda antiga e o alinhou mais ao centro da esfera política, ofuscando seu principal opositor, o Partido Conservador.

Políticas pró-mercado foram incentivadas, inclusive com mudanças nos serviços públicos. O desempenho da economia britânica também foi um dos pontos altos de seu governo, registrando taxas de crescimento do PIB e de emprego superiores aos das principais nações da União Européia, como a Alemanha e França.

Mas, pelo menos neste momento, a herança mais notória da era Blair, é o desastre da ocupação do Iraque. Aliado incondicional de primeira hora do presidente americano George W. Bush, o primeiro-ministro viu nos últimos anos seus índices de popularidade despencarem diante do caos que domina a situação iraquiana.

Vários integrantes do próprio Partido Trabalhista se rebelaram com seu líder ao longo dos últimos três anos, exigindo sua renúncia. Além disso, Blair se viu nos últimos tempos diante de crescentes críticas pelo desempenho dos serviços públicos. Foi também prejudicado pela suspeita de que assessores próximos se envolveram num escândalo de venda de títulos honoríficos em troca de doações ao Partido Trabalhista.

Diante do fracasso no Iraque e do desgaste de seu governo, o primeiro-ministro foi forçado a anunciar no ano passado que não iria liderar os trabalhistas na próxima eleição parlamentar, prevista para 2008.

Brown, ministro da Economia há dez anos, sempre teve uma relação conturbada com Blair e foi uma peça fundamental na pressão pela renúncia do premier. Em 1994, na escolha do novo líder trabalhista, Brown era considerado o favorito para ocupar o posto do falecido John Smith, mas foi deixado de lado por Blair, um político jovem com extrema habilidade em lidar com a mídia e carisma junto público.

Os dois firmaram um pacto segundo o qual Brown seria o próximo líder trabalhista e primeiro-ministro. Após dez anos, esse momento chegou. Mas os ventos são desfavoráveis para Brown, um político sem carisma e com fama de centralizador, que não demonstra o mesmo entusiasmo de Blair pela participação do setor privado nos serviços públicos.

Após vários fracassos eleitorais desde 1997, os conservadores têm agora um líder, David Cameron, que é uma ameaça real à continuidade dos trabalhistas no poder após as eleições gerais de 2008.

As eleições locais realizadas na semana passada confirmaram a vantagem conservadora. Se Brown não conseguir reverter essa tendência, seu reinado poderá durar apenas alguns meses.

Todas as pesquisas de intenção de voto mostram uma ampla liderança de Cameron, um político que incorporou várias características de Blair e deu uma cara nova aos conservadores.



Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir