Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 14-05-2007

LETARGIA ENDÊMICA – QUAL É O ÓPIO CAUSADOR?
Não sei se é por conta da velocidade – ou a falta dela – com que as coisas acontecem em Marataízes, mas percebo uma pasmaceira
LETARGIA ENDÊMICA – QUAL É O ÓPIO CAUSADOR?

Não sei se é por conta da velocidade – ou a falta dela – com que as coisas acontecem em Marataízes, mas percebo uma pasmaceira, uma acomodação, uma verdadeira letargia no que diz respeito à ausência de uma resposta popular acerca de algumas coisas que volta e meia acontecem na cidade e que mereceriam uma reação mais enfática, mais dura da sociedade.

Costumo dizer que o Estado do Espírito Santo é uma caricatura do que o Brasil é em termos de corrupção e descaso para com os cidadãos. E Marataízes parece ser a caricatura da caricatura.

Denúncias mais do que comprovadas passariam desapercebidas se não fossem alguns abnegados como o Pe. Juliano colocarem o dedo na ferida e a boca no trombone, doa a quem doer. E, tirando algumas vozes esparsas, parece que todos se calam ante o que acontece.

Os periódicos locais, assim como os sites de notícias, passam in albis (como se diz no jargão jurídico) por sobre temas locais importantíssimos que, se bem divulgados, serviriam em muito para, pelo menos, tentar criar uma opinião de bom senso entre os cidadãos, que teriam condições melhores de separar o joio do trigo.

Há uma pergunta que deve ser feita – e que me serve já há muito tempo de reflexão – que é a seguinte: De quem é a culpa dessa, digamos, letargia ante os descalabros que volta e meia se tenta esconder na região?

A resposta parece-me óbvia, pois o que vejo é um medo desvelado. Mas medo de quê? Medo de represália dos políticos que estão no centro desses casos? A resposta não é essa, apesar de parecer sê-la de forma até mesmo um tanto quanto óbvia.

O ópio que adormece a consciência social local é outro. Diz respeito a outro medo, que não o de uma simples represália. O medo é de perda de privilégios. Privilégios esses pífios aos quais os correligionários se apegam de corpo e alma, numa entrega que transcende até mesmo o conceito geral de bem e de mal.

É triste ver como algumas personalidades locais se comportam diante de fatos tenebrosos mais do que comprovados. Esse ópio, na minha opinião, é tão pernicioso quanto o crack que difundiu-se na juventude local, pois ambos entorpecem a mente, impedindo que se enxergue de forma clara o que acontece.

Esse medo de perda de privilégios é o reflexo da falta de maturidade social da cidade. Enquanto a população – ou pelo menos boa parte dela – ainda pensar que os políticos são obrigados a lhe concederem benesses em troca de seu voto, as coisas permanecerão como estão.

Esse é, portanto, o ópio causador dessa letargia à qual me refiro. Quiçá o efeito dessa droga passe logo, desanuviando a visão e a mente dos cidadãos maratimbas, para que passem a ter uma noção limpa do que verdadeiramente acontece na cidade, independentemente de paixão pessoal ou dependência financeira.


Finalizando, deixo aqui um recado a todos: as eleições estão aí de novo. A telha, a areia, o tijolo que você recebe em troca do seu voto pode ser a falta de escola e de atendimento médico de seu filho amanhã.

Diga não às drogas!

    Fonte: O Autor
 
Por:  Ronald Mignone    |      Imprimir