Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 04-06-2007

CHÁVEZ E OS PAPAGAIOS BRASILEIROS
Há muitos anos, durante uma entrevista coletiva em Washington, um ex-pseudo-chanceler brasileiro, já falecido, insistia em chamar o ditador panamenho Noriega de "Noruega"
CHÁVEZ E OS PAPAGAIOS BRASILEIROS

Há muitos anos, durante uma entrevista coletiva em Washington, um ex-pseudo-chanceler brasileiro, já falecido, insistia em chamar o ditador panamenho Noriega de "Noruega". Após o encontro, nas inevitáveis brincadeiras e piadinhas que se seguiram, um coleguinha lembrava a condição de "quase-múmia" da personalidade para justificar a tese de que "não se devia bater em cavalo morto". Eu discordava. Achava que o cargo era importante demais para estar nas mãos de alguém quase completamente desconectado da realidade, por mais que as injunções políticas o ditassem.

Hoje, assistimos às parlapatices de um bestalhão de terceira categoria que, na Venezuela, não hesita em cometer atitudes anti-democráticas para pavimentar seu caminho rumo ao posto - de dúbia nobreza, diga-se de passagem - de "sucessor de Fidel Castro" na América Latrina.

O mais recente ato de insanidade política e mental da figurinha carimbada foi fechar uma emissora de tevê que lhe fazia oposição. Na seqüência, chamou de "papagaios" do imperialismo ianque os congressistas brasileiros que redigiram um manifesto pedindo a ele que reconsiderasse sua decisão, o que provocou - finalmente - um soluço nas ternas relações entre os atuais presidentes do Brasil e Venezuela. A esta altura, vale a pena lembrar que esse "imperialimo ianque" que o bufão tanto combate é o mesmo que compra quase toda a sua produção de petróleo e permite que ele e sua gangue de fanáticos sobrevivam.

Aí está, justamente, a beleza da democracia: o fanfarrônico ditador Hugo Chavez, tal qual o ex-pseudo-chanceler brasileiro que não sabia nada de nada e pronunciava nomes errados para desespero dos diplomatinhas que o cercavam, é - de uma forma ou de outra - o que se pode chamar de "um cavalo morto". Mas é preciso que ele tenha espaço para alardear suas imbecilidades e, assim, levar as pauladas de que ainda precisa antes de seu inevitável "fade out". Na medida certa, na quantidade exata.

De quebra, a democracia - um processo lento, gradual e seguro - vai sendo bem servida, posto que o povo venezuelano tem a oportunidade de ver e ouvir as sandices de Chavez e refletir sobre elas, comparando o que de fato o bestalhão fala e o que, na verdade, ele faz para melhorar a qualidade de vida do seu povo.

Há ainda um outro sub-produto positivo: as incipientes democracias vizinhas, como a brasileira, têm a chance de se aproveitar dos erros dos outros. Com isso, alicerçam um sistema mais abrangente e justo para seus próprios cidadãos. Eles, por sua vez, formam uma consciência crítica cada vez mais sólida e tendem a se lembrar com mais rapidez do que serve e do que não serve no dia-a-dia da democracia.

Por isso mesmo, à luz do que ocorre na Venezuela, a esta altura, tudo indica que projetos tupiniquins de quinta categoria, como a tresloucada e insidiosa tentativa bolchevista de controle da imprensa, estão mortos e enterrados. Mas, o preço da liberdade é a eterna vigilância, não?

Viva Chavez!


Fonte: O Autor
 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir