Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 18-07-2007

MEDO DE AVIíO
Nunca tive medo de voar. Pelo contrário, era bem atirado nesse quesito, tendo até sofrido um quase acidente grave de ultraleve em Marataízes
MEDO DE AVIíO

Nunca tive medo de voar. Pelo contrário, era bem atirado nesse quesito, tendo até sofrido um quase acidente grave de ultraleve em Marataízes, no ano de 1992, quando uns amigos meus de Brasília estavam na cidade fazendo vôos panorâmicos.

Mesmo com isso, nunca tive qualquer receio de voar. Todavia, confesso que todas as vezes que tive que ir a São Paulo de avião com destino ao aeroporto de Congonhas, me dava um frio na barriga, assim como me ocorria, em menor grau, afirmo, quando descia de avião no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Ambas as pistas desses dois aeroportos são curtíssimas e percebe-se claramente de dentro do avião o esforço que o piloto faz para pará-lo, usando os freios ao máximo – tanto os das rodas como o reverso das turbinas – para não ultrapassar os limites da pista.

No Rio o problema é menor – se é que se pode dizer isso – porque a pista termina no mar e, mesmo que a aeronave não consiga parar na pista, se atingir a água, o fará em velocidade bem mais baixa, o que apenas acarretaria cair a aeronave dentro d’água, como inclusive, já ocorreu uma ou mais vezes, sem maiores danos.

Já no aeroporto de Congonhas, exatamente como aconteceu com o vôo 3054 da TAM, se o piloto não conseguir parar o avião, não há área de escape e o resultado é exatamente o que se viu nesse acidente ocorrido no início da noite de 17 de julho de 2007, tragédia essa previamente anunciada pelos problemas de acúmulo de água na pista quando está chovendo – coisa comum em São Paulo, o que é objeto de investigação de CPI no Congresso.

Desde o acidente com o vôo 1907 da Gol, passei a ter um certo medo – cagaço mesmo, como se diz em Marataízes – de andar de avião. Desde aquele acidente tive que fazer já duas viagens de avião, uma para João Pessoa e outra para Foz do Iguaçu, ambas a trabalho, e fiquei extremamente tenso do início ao fim dessas viagens, tensão daquelas de deixar as mãos suando frio.

Estive em Marataízes de férias, no período de 6 a 14 de julho de 2007, e cheguei a cogitar fazer a viagem de avião, em razão do pouco tempo da viagem, mas desisti, preferindo ir de carro num estirão só, mesmo sabendo que isso seria cansativo. E desisti de medo mesmo, confesso. Estou mesmo com medo de andar de avião.

Para mm é evidente o despreparo das autoridades aeronáuticas, ocasionado pelo descaso do Governo em destinar verbas suficientes para reaparelhar o sistema de controle de tráfego aéreo e reformar a infraestrutura de aeroportos onde é preciso, ao invés de se construir shoppings, como a Infraero vem fazendo.

A recente reforma da pista principal de Congonhas foi objeto de inúmeras críticas, principalmente pelo fato da Infraero a haver liberado para pousos e decolagens sem fazer o "grooving", que são ranhuras na pista para escoamento da água da chuva, para se evitar a aquaplanagem das aeronaves.

Esse problema de aquaplanagem na pista do aeroporto de Congonhas vem sendo observado e denunciado há muito tempo, sendo que as últimas ocorrências foram, cronologicamente, em janeiro de 2003, quando um jatinho que levava o então presidente do PL Waldemar da Costa Netto não conseguiu parar, tendo escorregado, saindo da pista do aeroporto e caindo em cima de um carrinho de churrasco.

Em março de 2006, um avião da BRA que vinha de Recife também não conseguiu parar na pista molhada, tendo atravessado o gramado, ficando com o bico do lado de fora do aeroporto, quase caindo na avenida logo abaixo.

Em agosto de 2006, um avião da Gol que vinha de Cuiabá com 122 passageiros também derrapou na pista de Congonhas. O piloto não conseguiu frear, tendo a aeronave invadido a pista.

Um dia antes desse trágico acidente como vôo da TAM de ontem – 17de julho de 2007, um avião da Pantanal que vinha do interior de São Paulo derrapou na pista, girou e parou sobre a grama ao pousar na pista principal.

Como já afirmei, esse acidente com o vôo 3054 da TAM estava mais do que anunciado e a culpa disso – a meu ver – é única e exclusivamente das autoridades que vêm fazendo pouco caso do assunto, no mínimo por negligência.

Finalizando, queria ver se estivesse algum parente do Lula nesse vôo da TAM para ver se medidas efetivas para resolver a crise aérea no país seriam tomadas ao invés de - como sempre - ficar só no blá-blá-blá.

E a partir de agora, só viajo de carro...

Fonte: O Autor
 
Por:  Ronald Mignone    |      Imprimir