Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 19-07-2007

ESSE PAPA AÍ
A igreja católica é a única e verdadeira igreja de Cristo, ou seja: as igrejas protestantes e outras não podem ser chamadas de igrejas?
ESSE PAPA AÍ

"Esse papa aí disse que a igreja católica é a única e verdadeira igreja de Cristo, ou seja: as igrejas protestantes e outras não podem ser chamadas de igrejas. Nos 550 anos da dissidência lançada pelo bispo Martinho Lutero, o segundo maior dissidente da história universal - o primeiro é o próprio Jesus Cristo - jamais um papa se dirigiu assim aos demais cultos e religiões.

Disse ainda: Cristo constitui sobre a terra uma única igreja (no caso, a romana, a católica) e a instituiu como grupo visível e comunidade espiritual. Jamais Jesus Cristo, e esse papa aí sabe muito bem disso, instituiu religião alguma, muito menos única. Nasceu judeu e morreu judeu. "Vim para cumprir as leis", segundo o evangelho de Mateus.

Que leis seriam essas? Eram duas: as leis políticas da Judéia, invadida por Roma e dominada pelo exército do imperador Tibério, e as leis do judaísmo. Não se encontra em qualquer parte do Novo Testamento qualquer afirmação de Cristo lançando as bases de uma nova religião. Ora, se ele, expulsou os vendilhões do templo, é porque preservava sua verdadeira finalidade. E não neste sentido ranzinza que esse papa aí falou.

Esse papa aí tenta manipular a história, a exemplo do que fez o concílio de 1870 quando o Vaticano afirmou a vitória do dogma sobre a história. Esse papa aí recuou 137 anos no tempo. Voltou às cavernas do fundamentalismo do passado.

Ao visitar Auschwitz indagou onde estava Deus naqueles momentos torpes do nazismo, esquecendo-se que o papa à época foi conivente com o que acontecia. Depois, indiretamente, atacou Maomé e o islamismo. Mais recentemente, agrediu de forma estúpida e, sobretudo, desnecessária os divorciados e os que se casam mais de uma vez, como se estes não tivessem direito a reconstituir suas vidas, encontrar novos caminhos, formar novas famílias. Agrediu os indígenas da América Latina, colonizados por Espanha e Portugal, ignorou massacres especialmente na América espanhola.

Agora atacou o protestantismo. Focalizou, sem nexo, diferenças entre Roma e os protestantes. Condenou o protestantismo pela não existência de santos em seu universo religioso. Pergunto eu: o que isto tem a ver com Jesus Cristo?

Cristo, em sua curta passagem pela Terra, não defendeu jamais a santificação de quem quer que seja. Exaltava os profetas, não os santos. Inclusive não havia santos. Não havia papa. Pedro, contemporâneo de Cristo, foi morto por Nero 30 anos depois da crucificação. Viria a ser eleito primeiro papa da Igreja de Roma, 332 anos depois de Jesus Cristo e, portanto, 304 após sua morte, crucificado de cabeça para baixo, por Nero em Roma.

A cela em que esteve preso, antes de ser executado, é hoje ponto de visitação turística. Na curva de uma rocha, bem perto do Coliseu. Paulo, também assassinado, foi decapitado 3 anos depois. Decapitado porque era cidadão romano, judeu convertido. A crucificação não se aplicava aos romanos. Nem Pedro nem Paulo, assistiram à imposição do catolicismo pelo imperador Constantino, quando da Ata de Milão.

Cristo é o maior símbolo humano, o maior e mais forte de todos. É o símbolo do amor. Esse papa aí, com tantas agressões, em tão pouco tempo de papado, está simbolizando o ódio".

Fonte: O Autor
 
Por:  Manoel Manhães    |      Imprimir