Categoria Geral  Noticia Atualizada em 22-11-2007

Colômbia tira Chávez de negociações com Farc
Familiares de Ingrid Betancourt também foram contra decisão de Uribe. Presidente colombiano não aprovou o fato de Chávez
Colômbia tira Chávez de negociações com Farc
Foto: Remy de la Mauviniere/AP

O presidente colombiano Alvaro Uribe deu por encerrada, abruptamente, nesta quarta-feira (22) a mediação do colega venezuelano Hugo Chávez para uma troca humanitária com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por rebeldes presos, alegando uma ação improcedente do chefe de Estado do país vizinho.

A medida causou revolta em familiares de reféns e também no governo francês.

Uribe tomou a decisão depois de saber que Chávez conversou por telefone na quarta-feira com o comandante do Exército, general Mario Montoya, e fez perguntas sobre os seqüestrados, apesar da oposição do governo colombiano de que tivesse contatos diretos com as autoridades militares.

A decisão de Uribe pode ser considerada surpreendente porque na terça-feira havia fixado 31 de dezembro de 2007 como data limite para a mediação do presidente venezuelano, que pedira "paciência" ao colega colombiano.

O presidente colombiano também acabou com a mediação, que tinha o mesmo objetivo, realizada pela senadora colombiana de oposição Piedad Córdoba.

"O presidente da República dá por terminada a facilitação da senadora Piedad Córdoba e a mediação do presidente Hugo Chávez, aos quais agradece a ajuda que estavam prestando", afirma um comunicado oficial.

"Na reunião de Santiago do Chile (da Cúpula Ibero-Americana) o presidente Uribe havia afirmado ao presidente Chávez que não estava de acordo com que o presidente da República Bolivariana de Venezuela se comunicasse diretamente com o alto comando institucional colombiano", acrescenta o texto oficial.

Uribe deu seu aval para a mediação de Chávez em 31 de agosto com o propósito de obter um acordo humanitário, proposto pelo grupo guerrilheiro, que permitisse a troca de pelo menos 45 reféns das Farc por quase 500 rebeldes presos.

O grupo de seqüestrados pelas Farc é integrado pela ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, os americanos Keith Stansell, Thomas Howes e Marc Gonsalves, além de dezenas de políticos, militares e policiais colombianos.
Reações

Tristeza
O fim da gestão do presidente venezuelano foi recebido com desesperança e tristeza por alguns familiares dos reféns.

Marleny Orjuela, porta-voz dos parentes de militares e policiais seqüestrados, afirmou à rádio Caracol que a notícia representa um "triste amanhecer para as famílias dos seqüestrados".

Em Paris, o ex-marido de de Ingrid Betancourt, Fabrice Delloye, também lamentou a decisão de Uribe. "É mais que consternação. É dramático", disse à emissora France Info.

"Qualquer que seja a personalidade de Hugo Chávez e da senadora colombiana Piedad Córdoba, estes mediadores eram personalidades inevitáveis para resolver o futuro dos reféns e alcançar um acordo de paz", acrescentou.

"O mundo inteiro é testemunha: Uribe é um homem extremamente difícil, capaz de mudar de idéia de um dia para o outro. Demonstra que não quer encontrar uma solução pacífica e que não quer que os reféns voltem para suas casas", disse o ex-marido de Betancourt, seqüestrada desde fevereiro de 2002.

Sarkozy
A França deseja que a mediação do presidente da Venezuela prossiga no caso dos reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o presidente Nicolas Sarkozy enviará nos próximos dias uma carta a Álvaro Uribe.

Chávez, que esteve em Paris na terça-feira, conta com o apoio da França neste caso, disse nesta quinta em entrevista coletiva o porta-voz do Palácio do Eliseu, David Martinon.

"Continuamos pensando que o trabalho de Chávez é a melhor opção para a libertação dos reféns", disse Martinon, acrescentando que a reunião de dois dias atrás entre os presidentes foi "satisfatória".

O porta-voz francês assegurou que defende que o diálogo entre Chávez e Uribe seja retomado e afirmou que o embaixador francês na Colômbia, que atualmente está em Paris, viajará nos próximos dias a Bogotá com uma carta de Sarkozy ao presidente colombiano.

A carta ainda não foi escrita, segundo o porta-voz, que insistiu no "desejo" que Chávez possa continuar com seu papel de mediador.

Colômbia tira Chávez de negociações com Farc e contraria a França. Familiares de Ingrid Betancourt também foram contra decisão de Uribe. Presidente colombiano não aprovou o fato de Chávez conversar com militares do país.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos Estevão de Freitas    |      Imprimir