Categoria Politica  Noticia Atualizada em 01-12-2007

Chávez encerra campanha lançando ameaças
Presidente venezuelano atacou os EUA, a Espanha e os jornalistas
Chávez encerra campanha lançando ameaças
Foto: http://g1.globo.com

O presidente Hugo Chávez ameaçou cortar o fornecimento de petróleo dos Estados Unidos, nacionalizar os bancos espanhóis e expulsar os jornalistas internacionais da Venezuela, ao discursar, nesta sexta-feira (30), para milhares de partidários no centro de Caracas, no último ato da campanha pela reforma Constitucional, que será decidida em um referendo no próximo domingo.

Chávez advertiu que há perigo de ocorrer uma onda de violência como parte de um plano dos Estados Unidos chamado de "Operación Tenaza".

"Se a 'Operación Tenaza' for efetivada no domingo, na segunda-feira não haverá uma gota de petróleo da Venezuela nos Estados Unidos", prometeu Chávez.

"Se, no domingo, ganhar o 'Sim', como tudo indica, e aqui, a oligarquia e os 'piti-yanquis' apelarem para a violência, se quiserem nosso petróleo terão de passar 100 anos de guerra na Venezuela", disse.

Espanha na mira
Chávez também ameaçou nacionalizar os bancos espanhóis no país (SCH e BBVA), caso o rei Juan Carlos não se desculpe pelo incidente na Cúpula Ibero-Americana, quando o monarca exigiu que se calasse durante um debate com o chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.

"Até que o rei de Espanha peça desculpas, porque o Rei de Espanha me agrediu, não há nada a fazer (...) As empresas espanholas, tenho uma lista, compraram uns bancos, vamos nacionalizá-los novamente para colocá-los a serviço dos venezuelanos...", ameaçou.

Jornalistas
O presidente prometeu ainda expulsar os correspondentes internacionais da Venezuela que "se dispuserem a desestabilizar" o país durante o referendo.

"Se algum meio de comunicação internacional, e já conheço seus planos, tentar desestabilizar o país, seus correspondentes serão expulsos", disse.

O líder venezuelano também ameaçou a rede local de notícias Globovisión, afirmando que "têm um plano" contra o governo: "eles dizem que depois do meio-dia (de domingo) já terão alguns resultados e que vão cumprir com sua responsabilidade de manter informados o mundo e a opinião pública". "Se fizerem isto, vou cumprir a lei e tirá-los do ar de imediato, estou avisando a qualquer canal ou meio de comunicação que violar a lei", completou.

Plano especial
Chávez determinou às Forças Armadas que ponham em marcha um plano especial de proteção dos campos petroleiros e das refinarias: "ordeno ao Ministério da Defesa, ao Exército, à Aviação, à Marinha de Guerra e à Guarda Nacional que, a partir de hoje, elabore planos especiais de proteção de nossos campos petroleiros e nossas refinarias".

O presidente garantiu que o "Sim" vai vencer o referendo e disse que "não temos menos de 15 pontos" de vantagem sobre o "Não".

Segundo Chávez, as pesquisas que apontam um empate técnico foram manipuladas pela CIA (agência americana de inteligência), que "pensa, inclusive, em me matar".

Bush x Chávez
O líder venezuelano disse ainda que "quem votar no 'Não' votará em George W. Bush (presidente dos EUA), eles (os opositores) estão fazendo o jogo sujo do 'Império' americano, nosso verdadeiro inimigo, esta é a batalha".

"Se o povo venezuelano decidir que governarei até o ano de 2050, até o ano de 2050 governarei (...) Os que votarem no 'Sim' estarão votando em Chávez", disse.

O presidente disse que "em 2020, pode ser" que entregue a presidência: "acredito que a revolução possa estar bem madura (em 2020) para que possa entregar a presidência a outro revolucionário ou revolucionária para seguir construindo o socialismo do século XXI".

Chávez afirmou que o objetivo da reforma é "transformar a Venezuela em uma potência mundial". "Estamos acelerando a marcha para a construção de uma Venezuela socialista, uma potência no continente americano, uma potência no mundo".

Chavistas de todo o país ocuparam a avenida Bolívar e duas ruas adjacentes para ouvir seu líder, formando um gigantesco mar de camisetas vermelhas, um dia após outra enorme manifestação no mesmo local, contra a reforma.

Reação internacional
A Casa Branca manifestou sua "preocupação" com o referendo, que precisa ser "justo e livre" e destacou que os opositores à reforma constitucional têm "bons motivos para estarem descontentes".

"Estamos preocupados com que o povo não possa ter as eleições justas e livres que merecem", disse a porta-voz da Casa Branca, Diana Perino, ao ser perguntada sobre o referendo constitucional.

Mais cedo, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, advertiu para a ausência de observadores no referendo e manifestou seu desejo de que os resultados da votação reproduzam realmente o desejo dos eleitores.

Sem observadores
"Cabe destacar que não há observadores no terreno. Portanto, o mundo não terá muitos dados à disposição sobre os procedimentos eleitorais, não somente no dia da votação, mas também no momento da contagem dos votos", afirmou McCormack.

Nem a Organização dos Estados Americanos (OEA), nem a União Européia (UE) foram convidadas pelo governo venezuelano para observar o referendo constitucional.

Nos últimos sete dias, Chávez transformou o referendo em plebiscito sobre sua liderança e fez até três aparições públicas diárias, reduzindo a vantagem no "Não" verificada no final de outubro.

Chávez encerra campanha lançando ameaças. Presidente venezuelano atacou os EUA, a Espanha e os jornalistas. Referendo sobre reforma constitucional acontece no domingo.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir