Categoria Policia  Noticia Atualizada em 01-12-2007

Chávez lota ruas em manifestação pela nova Constituição.
Passeata aconteceu um dia depois de a oposição lotar a avenida Bolívar pelo "Não". Chavistas responderam pintando a cidade de vermelho e reunindo grupos muito maiores
Chávez lota ruas em manifestação pela nova Constituição.
Foto: Reuters

Se o referendo da nova Carta Magna da Venezuela fosse decidido pela capacidade de reunir pessoas nas ruas de Caracas, o "Sim" seria declarado vencedor com larga vantagem nesta sexta-feira (30), quando os partidários do presidente Hugo Chávez celebraram o fim da campanha pela aprovação da proposta do governo.

Depois de a oposição surpreender, lotando nesta quinta-feira (29) a avenida Bolívar no encerramento da campanha pelo "Não" à reforma constitucional, os chavistas responderam hoje pintando grande parte da cidade de vermelho e reunindo grupos muito maiores, tanto na mesma avenida, que corta o centro da cidade, quanto nas ruas e bairros próximos.

É difícil fazer uma comparação exata sobre a presença de apoiadores nos dois dias porque não foram divulgados, até agora, números oficiais sobre o público participante nos eventos.

Mas mesmo a cinco estações de metrô de distância, na zona leste da Caracas, centenas de pessoas andavam pelas ruas com camisetas e cartazes pelo "Sim", fazendo festas paralelas à reunião organizada para a avenida Bolívar.

Conhecidos pela falta de pontualidade, os venezuelanos já enchiam boa parte das avenidas Bolívar e a vizinha México, onde a festa estava marcada para começar às 14h, desde duas horas antes do horário marcado para o início do evento.

"Estamos aqui para apoiar Chávez, acima de tudo", repetiam aos gritos e em camisetas os apoiadores do presidente venezuelano. O comandante da "revolução bolivariana" era o grande astro da festa. Mesmo antes de aparecer para seu discurso, marcado para as 16h (18h em Brasília), Chávez já estava presente em cartazes, camisetas, broches, como bonecos gigantes e pequenos.

"Trouxe 30 bonecos e já vendi quase todos", disse, às 12h45, um vendedor de bonecos do presidente Chávez, próximo ao palco montado no mesmo local onde estava, na véspera, o dos opositores.

"Uh, Ah, Chávez é mi papá", gritava o educador social Carlo Ribeí±o, resumindo o sentimento "rojo", vermelho como a cor das camisetas que dominavam o cenário, após a passagem dos azuis da oposição, ontem. "E Fidel é meu avô", continuou, justificando uma bandeira de Cuba que ele carregava pela avenida Bolívar.

"É uma questão de sentimento, de transformação. Chávez está mudando o país, ajudando de verdade as populações mais pobres. E não é possível continuar este processo de mudança sem mudar a Constituição", disse Ribeí±o, explicando de forma mais séria sua defesa à aprovação das mudanças no referendo do próximo domingo (2).

Além de Chávez e Fidel, não podia faltar o grande ícone do socialismo latino-americano, Ernesto Che Guevara, representado por um sósia, devidamente vestido como "El Che", de moto em plena avenida, com um charuto na mão. "Eu sou Che, e vim ajudar meu amigo Chávez", disse o sósia, cercado de "fãs", que pediam autógrafos e tiravam fotos.

Mariano admitiu que os dois vieram à capital venezuelana em um grande grupo em ônibus bancados pelo governo, mas disse não achar isso um problema. "A campanha pelo "Sim" oferece o transporte para aqueles que quiserem vir, mas estamos todos aqui por vontade própria, ninguém ganha nem um centavo para vir, nem dinheiro para comida, nem nada. Recebemos o transporte e mais nada", disse.

Os dois aproveitaram para defender a reforma da Constituição das principais críticas dos oposicionistas. Para Mariano, o que chamam de concentração do poder nas mãos do presidente não fortalece Chávez, mas o povo. "Antes a população sequer sabia quem tinha o poder no país. Hoje todos sabem quem nos representa, mas o poder é nosso, e podemos tirar Chávez na hora em que acharmos necessário", disse.

"A oposição mentiu quando disse que não havia ônibus para a festa deles. Claro que tinha, mas eles esconderam", concordava o comerciante Noel Perez, também de Sucre. Perez trazia um cartaz pelo fechamento da rede de TV Globovisión, a exemplo do que aconteceu com a RCTV -que há seis meses não teve sua licença revalidada pelo governo.

"Não queremos censura, queremos a verdade, e este canal tenta nos manipular abertamente. Queremos que ele seja responsável e verdadeiro, ou que perca sua licença, como a RCTV", disse.

Otimismo
A confiança na vitória vista no dia anterior foi repetida hoje pelos chavistas. "Vamos ganhar o referendo com 75% dos votos", disse outro educador social, Domigo Mijares, que repetia o discurso de que a reforma vai aprofundar um processo de mudança rumo ao "socialismo real".

"Vamos ganhar, porque não conseguem mais nos governar pela ignorância", disse Mariano. "Agora o povo lê, se informa. Dizem que a reeleição indefinida vai fazer de Chávez um ditador porque sabem que ele será reeleito na próxima eleição, mas não pelo poder, pela manipulação, apenas porque o povo vai reconhecer as mudanças no país."

Fonte:

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Por:  Giulliano Maurício Furtado    |      Imprimir