Objeto feriu a córnea da estudante, que terá de realizar um transplante. Caso aconteceu em Vacaria, no interior do Rio Grande do Sul
Foto: G! Uma aluna da 6ª série da Escola Técnica Estadual Bernardina Rodrigues Padilha, em Vacaria, no interior do Rio Grande do Sul, perdeu 90% da visão do olho esquerdo depois de ter sido atingida por um giz atirado por um colega durante a aula. Para recuperar a visão, a estudante terá de fazer um transplante de córnea.
"Ela não nos comunicou do acidente. Segundo estudantes que nós conversamos, ela foi embora na hora do intervalo e saiu por um portão lateral e não pelo portão de acesso dos estudantes", disse. De acordo com a diretora, a gravidade do caso só chegou ao conhecimento da escola depois que o pai da menina procurou a direção.
Segundo a diretora, a garota teria saído da escola e ido para casa. Orientada pela mãe, procurou o posto de saúde mais próximo, onde fez um curativo e aplicou colírio. Como o ferimento não melhorou, a estudante teve de ser encaminhada para o Hospital Geral e Ambulatório Central da Universidade de Caxias do Sul, a mais de 100 quilômetros da cidade, porque o hospital é considerado referência na região.
Transplante
Em Caxias, a menina passou por consultas e exames que confirmaram a necessidade de realizar um transplante, já que ela praticamente não enxerga mais nada. De acordo com a médica oftalmologista Cláudia Gallicchio Domingues, responsável pelo atendimento à estudante, quando o giz foi atirado, ela não teve tempo suficiente para piscar e evitar o ferimento.
"O giz atingiu diretamente a córnea. O ferimento provocou uma bolha, que deixou a córnea opaca. Para que o raio luminoso entre no olho para formar a imagem, a córnea precisa ser transparente e a dela perdeu essa transparência. A única saída para que ela volte a enxergar é um transplante", afirmou a médica.
Segundo Cláudia, a aluna só enxerga vultos com o olho esquerdo e já é considerada cega pelas normas da Organização Mundial da Saúde. "A sorte dela é que o olho direito é perfeito. Mas, se ela tivesse problemas de visão, com certeza não conseguira fazer mais nada sozinha", disse.
Cláudia disse ainda que o hospital possui um banco de córneas e que não será difícil conseguir uma córnea para realizar a cirurgia. Antes de se submeter ao transplante, no entanto, a estudante precisa esperar pelo menos uns 20 dias até o olho desinflamar.
"Se fizermos um transplante agora, a chance de rejeição é muito alta", ponderou a médica. "A situação dela é delicada, mas é reversível. Tem chances de recuperação. O problema é que ela terá que passar por uma cirurgia e pode demorar até seis meses para voltar a enxergar completamente", explicou Cláudia.
Providências na escola
Segundo a diretora do colégio, o aluno apontado como o responsável por atirar o giz contra a estudante nega. "Ele está apavorado. Diz que não foi ele e que não viu quem foi. Mas temos depoimentos de várias testemunhas afirmando que foi ele quem atirou o giz", disse Laureana.
O aluno ainda não foi punido. "Eu acredito que ele fez isso sem intenção de machucar. Foi um ato impensado e infelizmente provocou esse acidente. Mas o que podemos fazer contra esse menor? Vamos orientar e reafirmar que usar estilingue na escola é proibido", disse Laureana.
A diretora disse também que os funcionários e professores da escola estão fazendo uma vaquinha para juntar dinheiro e ajudar nas despesas com alimentação da estudante, já que ela tem que se deslocar até Caxias do Sul uma vez por semana. O transporte está sendo custeado pela prefeitura do município.
"Estamos muito preocupados com a situação dela. Desde que aconteceu o acidente ela não voltou mais à aula. Mas como o ano letivo está no fim, ela com certeza vai passar de ano, já que sempre foi uma aluna dedicada e não ficou em recuperação em nenhuma disciplina", disse.
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