Categoria Verão  Noticia Atualizada em 19-12-2007

Ouvidoria da Polícia reconhece tortura em jovem de Bauru
o adolescente de 15 anos morto no sábado (15) em Bauru, a 343 km de São Paulo, foi torturado.
Ouvidoria da Polícia reconhece tortura em jovem de Bauru
Foto: http://g1.globo.com

O assessor da Ouvidoria de Polícia de São Paulo, Júlio Cesar Neves, reconheceu nesta quarta-feira (19) que o adolescente de 15 anos morto no sábado (15) em Bauru, a 343 km de São Paulo, foi torturado. "O que houve em Bauru é uma coisa abominável. Nem no pico mais alto de uma guerra pode haver tortura", disse.

Neves foi à cidade do interior paulista para tomar

conhecimento oficial do ocorrido com o jovem. Ele foi enviado pelo ouvidor da Polícia do Estado, Antonio Funari, que não pôde ir até Bauru por ter compromissos em São Paulo. "Se nem na guerra pode haver tortura, como que aqui, depois de um menino ser dominado, vem a ocorrer tudo isso aí, resultando na sua morte?", questionou o assessor da Ouvidoria.

O adolescente estava em casa quando foi surpreendido por seis policiais, na madrugada de sábado. O grupo procurava por uma moto roubada. O jovem morreu horas depois, após dar entrada no pronto-socorro central.

O advogado de um cabo e três soldados que participaram da ação alegam que o jovem teria passado mal no momento em que era feita a abordagem. Eles contestaram a hipótese de que os PMs tivessem espancado e torturado o adolescente.

O caso revoltou a população da cidade. Houve uma grande manifestação no núcleo Mary Dota, onde a vítima morava. Os peritos da polícia passaram o domingo (16) avaliando os estragos do protesto contra a PM. Semáforos e placas de sinalização ficaram danificados. A principal avenida do bairro foi fechada pelos moradores no sábado. Eles queimaram faixas, cartazes e depredaram telefones públicos.

Na terça-feira (18), o Instituto Médico-Legal (IML) de Bauru, confirmou que o adolescente foi torturado com choques elétricos e teve uma parada cardíaca provocada pelas descargas. O corpo do jovem apresentava 30 lesões causadas por choques.

Em nota oficial, a Polícia Militar reconheceu que houve indícios de crime militar. O Comando da PM vai apurar as circunstâncias da morte do adolescente. Ainda segundo a nota, os policiais envolvidos afirmaram que encontraram na casa da vítima uma porção de maconha e peças de veículos supostamente roubadas. Os seis policiais foram interrogados e encaminhados ao presídio Romão Gomes, em São Paulo.

Um inquérito sobre o caso também foi aberto pela Polícia Civil, que pretende esclarecer dúvidas, como a apreensão das drogas na casa do jovem. O laudo do IML reforça a tese de que o menor foi torturado, o que, para o Ministério Público, só agrava a situação dos policiais presos.



Ouvidoria da Polícia reconhece tortura em jovem de Bauru
'O que houve em Bauru é uma coisa abominável', disse Júlio Neves, em Bauru.
Adolescente foi morto no sábado (15) depois que policiais entraram na casa dele.


Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir