Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 29-12-2007

Líder talibã nega participação em assassinato de Bhutto
Terrorista havia sido acusado de ordenar atentado pelo governo
Líder talibã nega participação em assassinato de Bhutto
Foto: Reuters

Um porta-voz do líder talibã paquistanês Baitullah Mehsud, que o governo acusa de estar por trás do assassinato da líder oposicionista Benazir Bhutto, desmentiu, neste sábado (29), participação no atentado, informou o canal de televisão "Dawn".



"Ele não teve implicação neste atentado", afirmou à AFP por telefone de satélite o porta-voz de Mehsud, maulana (título religioso) Omar. "É uma conspiração do governo, do exército e dos serviços secretos paquistaneses", acrescentou.



"Atacar uma mulher é contrário às tradições tribais", disse o maulana Omar. "É teatro", declarou, ao comentar a transcrição divulgada pelo governo da suposta conversa telefônica de Mehsud com um dos organizadores do atentado.

O maulana Omar expressou "tristeza" pela morte de Bhutto e acrescentou que teria sido "impossível" para os combatentes islamitas atravessar o cordão de segurança que cercava o local onde a ex-premier acabara de celebrar um comício, duas semanas antes das eleições legislativas e provinciais no Paquistão.

O porta-voz do Ministério do Interior, Javed Iqbal Cheema, afirmou logo depois do atentado, na última quinta-feira, que o responsável pelo ataque tinha sido Mehsud. O líder talibã do leste do país, segundo autoridades, é ligado à rede terrorista al-Qaeda.



Milhares de pessoas foram ao funeral da ex-primeira-ministra nesta sexta-feira na localidade paquistanesa de Naudero para dar seu último adeus à dirigente opositora. Ela foi assassinada na última quinta em um atentado a bomba.



Sua morte deflagrou uma onda de violência no país que fez ao menos 19 vítimas em 24 horas. Carros e lojas foram queimados e centenas de manifestantes enfrentaram a polícia em várias regiões do país.

Nesta sexta-feira (28) uma bomba matou quatro pessoas, entre elas um político do partido que apóia o presidente Pervez Musharraf, no noroeste do Paquistão, informou a polícia. O atentado com bomba ocorreu no Vale de Swat, no noroeste do Paquistão, segundo a polícia.



O cortejo
As televisões paquistanesas mostraram imagens do cortejo fúnebre, encabeçado por um veículo que transportava o caixão da ex-primeira-ministra até o mausoléu da família Bhutto em seu povoado natal, Garhi Khuda Baksh.



O corpo da dirigente estava envolvido com as cores vermelha, verde e preta da bandeira de sua legenda política, o Partido Popular do Paquistão (PPP), enquanto centenas de pessoas aguardavam para dar seu último adeus.



Estavam presentes sua irmã Sanam -a única que restou viva na família-, seu marido, Asif Zardari, e seus três filhos, que escutaram os cânticos dos seguidores de Benazir.

Também foi à cerimônia o vice-presidente do PPP, Amin Fahim, cuja legenda declarou 40 dias de luto enquanto debate sua participação nas próximas eleições legislativas, previstas para o dia 8 de janeiro.



O corpo da dirigente foi transportado durante a madrugada em um avião militar C-130 até a cidade de Sukkur (no sul do país), de onde partiram até sua localidade natal.



Bhutto será enterrada no mausoléu da família, onde descansa seu pai, Zulfikar Ali Bhutto, primeiro-ministro do país entre 1973 e 1977 e que foi derrubado pelos militares e enforcado em 1979. Zulfikar teve quatro filhos, dos quais três foram assassinados.



Onda de violência
Dezenove pessoas morreram nos distúrbios de rua que se seguiram ao assassinato da ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto, segundo um novo balanço anunciado nesta sexta-feira pelas forças de segurança do Paquistão, informa a agência France Presse.



Al-Qaeda
Um dirigente da al-Qaeda no Afeganistão, Mustafá Abu al-Yazid, reivindicou a responsabilidade pelo assassinato da ex-primeira-ministra do Paquistão Benazir Bhutto em nome da organização terrorista, informou a agência de notícias Adnkronos International (conhecida como AKI).

"Acabamos com um ativo muito valioso dos Estados Unidos, que tinha jurado derrubar os mujahedin", disse Yazid por telefone à correspondente da agência na cidade paquistanesa de Karachi.



A notícia da AKI, agência com sede em Roma e que divulga suas informações em árabe, inglês e italiano, acrescenta que o "número dois" da al-Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, decidiu assassinar Bhutto, em outubro.

Para executar o assassinato a rede formou "esquadrões da morte". Um deles recrutou um voluntário do hoje dissolvido grupo extremista Lashkar-i-Jhangvi, da região do Punjab, no leste do Paquistão, que ontem assassinou Bhutto,ainda segundo AKI.

Em outra notícia, a agência afirma que Zawahiri ordenou o atentado num vídeo de uma hora e meia, divulgado pela internet dia 17 de dezembro.



O atentado
Bhutto morreu nesta quinta-feira (27) em um atentado a bomba no Paquistão quando articipava de um comício político na cidade de Rawalpindi, a 12 quilômetros da capital, Islamabad. Bhutto retornou ao país em outubro, depois de anos de exílio, e era considerada uma das favoritas nas eleições parlamentares de 8 de janeiro.

Ao menos 20 pessoas morreram neste atentado a bomba, e 40 ficaram feridas.

Benazir morreu por causa de ferimentos no pescoço e no peito, quando se preparava para deixar o ato político. Ainda não está claro se os ferimentos foram causados por tiros ou por pedaços da bomba que explodiu.

Líder talibã nega participação em assassinato de Bhutto.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir