Categoria Policia  Noticia Atualizada em 15-01-2008

Presos especiais têm até academia de ginástica, diz promotor
Polícia não sabe ainda se aparelhos eram dos fiscais de renda presos no caso Propina S/A
Presos especiais têm até academia de ginástica, diz promotor
Foto: Fabíola Gerbase/G1

Na visita à carceragem do Ponto Zero, na Polinter de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, na tarde de domingo (13), para apurar denúncia de que os 16 fiscais de renda presos no caso Propina S/A estavam tendo regalias, o promotor Omero das Neves encontrou um cenário de conforto nos alojamentos, equipados com TV, ar-condicionado e geladeira. Na carceragem foram encontrados seis celulares, seis carregadores de celular e um laptop, escondidos em um rodapé falso de uma estante que ficava no corredor do segundo andar.

"Os presos em geral na carceragem têm mordomia demais. Acho um excesso. Na maioria dos alojamentos em que entrei existe TV, geladeira, ar-condicionado. Os presos têm até uma academia de ginástica. Quem tá ali não quer fugir, porque é o melhor lugar do Rio para estar preso. Acho que a Polinter precisa de mais fiscalização e de um endurecimento no trato com os presos", avaliou o promotor, titular da 23ª Promotoria de Investigação Penal, ligada à Corregedoria de Polícia Civil.

O chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, afirmou que as críticas do promotor Omero das Neves são infundadas e que não há negligência por parte da Polícia Civil em relação à Polinter. Ribeiro declarou que a sindicãncia instaurada pela Corregedoria vai apurar o caso com rigor.

O promotor das Neves informou que a Corregedoria de Polícia Civil instalou inquérito para apurar como os aparelhos entraram na carceragem e quem usou os celulares. Será pedida a quebra de dados dos celulares e os aparelhos serão periciados pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli. A polícia vai investigar se houve corrupção por parte dos funcionários do presídio.

"Eles circulam livremente pela prisão. São 52 presos e 22 alojamentos. É muito grave, porque, com comunicação externa, eles podem continuar comandando os negócios de dentro da prisão. Com acesso à Internet com a placa de rede e o laptop, eles podiam se comunicar por programas como Skype e MSN. É um escritório do crime dentro da Polinter", declarou o promotor, que ressaltou que todos os presos têm acesso ao corredor.

Na operação apelidada de Propina S.A, fiscais de renda do Rio de Janeiro foram presos acusados de receber propinas para não fazer a cobrança de impostos. Um prejuízo de R$ 1 bilhão para os cofres do estado.

Denúncia de pagamento de propina

Omero das Neves foi um dos participantes da operação que contou com outros cinco promotores, quatro policiais e dois agentes penitenciários para apurar a denúncia do Disque-Ouvidoria do Ministério Público Estadual de que os fiscais de renda estariam pagando cerca de R$ 15 mil para ter regalias, como dormir fora da cadeia nos fins-de-semana e visitar a família.

A acusação de que eles saem da Ponto Zero não foi confirmada durante a operação, informou Omero, porque todos os fiscais se encontravam na carceragem. Segundo ele, os 16 presos ficam distribuídos em cinco alojamentos; dois deles ficam no térreo e três, no segundo andar, onde ficava a estante com rodapé falso.

Mordomia recorrente
Sobre a repetição de casos de presos com regalias ilegais na Polinter, o promotor afirmou que a unidade precisa receber maior atenção das chefias de polícia. Ele considera que deve haver, ainda, uma uniformização no tratamento aos presos do Ponto Zero. Na unidade onde estão os fiscais de renda ficam apenas presos com curso superior. Os dias de visita na prisão, que abriga 52 detentos e tem oito banheiros, são variados: terça-feira, quinta-feira, sábado e domingo, contou Omero das Neves.

"É importante dizer que as mordomias que vimos lá não são exclusivas aos presos do caso Propina S/A", afirmou Omero das Neves.

Presos especiais têm até academia de ginástica, diz promotor.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir