Para promotora que pediu interdição do museu, vida das pessoas estava em risco.
Mariza Tucunduva diz que falta transparência na administração do museu
Foto: Divulgação O Museu de Arte de São Paulo (Masp) funcionou por 40 anos sem alvará de funcionamento, segundo o Ministério Público Estadual. Ao anunciar o pedido de interdição do museu na tarde desta quarta-feira (16), a promotora de Justiça do Meio Ambiente de São Paulo, Mariza Schiavo Tucunduva, afirmou que o museu nunca teve licença para funcionar. "Fizemos uma solicitação para o Contru (órgão municipal responsável pela fiscalização de imóveis em São Paulo), e eles informaram que nenhum documento relativo ao alvará de funcionamento foi encontrado", resume a promotora, que considera grave a situação. "A vida das pessoas está em risco."
O Ministério Público protocolou por volta das 13h, na 5ª Vara da Fazenda Pública, o pedido de interdição imediata do Masp. A interdição do museu, que funciona na Avenida Paulista desde 1968, agora depende da análise do caso pela Justiça. Não há prazo para a decisão sair. O museu permanece aberto até lá. "É um passeio agradável, as obras são maravilhosas, mas o local não possui segurança. Se houver algum incidente ou acidente, não sei se essas pessoas vão estar resguardadas", diz a procuradora. "O trabalho do MP é tentar prevenir acidentes. Não queremos que aconteça algo como o que ocorreu no estádio Fonte Nova, em Salvador. Devemos atuar antes que algum acidente ocorra."
Além da falta de alvará de funcionamento, o que motivou o pedido de interdição do Ministério Público foram irregularidades diversas encontradas em duas vistorias feitas recentemente. Em 28 de dezembro o Contru visitou o prédio e constatou problemas. Em 3 de janeiro, os bombeiros detectaram problemas como corredores obstruídos por papéis e documentos, detectores de fumaça que não funcionam, falta de extintores de incêndio e material inflamável acumulado. "Nos documentos foi verificado que o Masp não atende a regularidade mínima necessária para assegurar a vida e a saúde dos que freqüentam e trabalham no museu, assim como a proteção de um acervo tão valioso", informa Mariza Tucunduva.
Responsabilidade e transparência
Para a promotora, houve omissão do Contru por permitir que o museu funcionasse por tanto tempo sem alvará. O prédio pertence à Prefeitura, que, além de ceder o espaço, contribui com cerca de R$ 1,5 milhão por ano. Se o juiz considerar apropriada a ação, o MP pede que seja determinada uma multa de R$ 60 mil para o caso de a reforma necessária não ser fiscalizada de maneira adequada.
Antes do pedido de interdição, o Masp chegou a firmar com o Contru um Termo de Ajuste de Conduta para regularizar a situação. O acordo foi selado em 9 de janeiro, após a vistoria de 28 de dezembro. "Não consideramos o Termo de Ajuste suficiente porque ele não incluia todos os problemas e a vida das pessoas continuaria em risco. Além disso, o prazo de 20 dias não é suficiente para todas as obras que precisam ser realizadas", explica a promotora. "A prefeitura deveria ter fechado o Masp protegendo as pessoas e o acervo. Houve negligência."
Para a promotora designada para investigar as condições de segurança do museu, os problemas detectados são reflexos dos problemas da atual gestão. "A administração não é transparente", defende a promotora, que não foi atendida ao solicitar documentos sobre a situação financeira do Masp. Segundo ela, faltam documentos como o balanço de 2007, fluxo de caixa, contratos e relação de credores. A direção, diz ela, teria alegado problemas nos computadores para não enviar os dados.
As fiscalizações do MP-SP no Masp se intensificaram após o furto dos quadros, "O lavrador de Café", de Cândido Portinari, e "Retrato de Suzanne Bloch", de Pablo Picasso, avaliados em R$ 100 milhões. o crime ocorreu no dia 20 de dezembro de 2007.
A assessoria do museu informou que a direção do museu está tomando as providências cabíveis para solucionar os problemas relacionados aos alvarás.
Promotora diz que Masp nunca teve alvará de funcionamento.
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