Categoria Games: Detonados e Dicas  Noticia Atualizada em 25-01-2008

Garotas campeãs saem em defesa de Counter-Strike
Cláudia e Priscilla fazem parte das LadieS, time de ciberatletas brasileiras
Garotas campeãs saem em defesa de Counter-Strike
Foto: Renato Bueno/G1

Elas já representaram o Brasil em competições internacionais - foram duas vezes vice-campeãs da "Copa do Mundo" dos Games (Electronics Sports World Cup, ESWC) - e são referência imediata no país quando se pensa em "Counter-Strike" feminino.

Nessas competições em que times de cinco "ciberatletas" se enfrentam em partidas do jogo de tiro proibido, as garotas do time LadieS mostram que o rótulo de "jogo para meninos" é só mais um estereótipo que ronda o universo gamer.

As garotas da equipe formada em 2001 têm munição de sobra para contestar a decisão do juiz federal que proibiu a venda de "Counter-Strike" no Brasil. Durante as férias que antecedem o treinamento para as competições de 2008, Cláudia e Priscilla conversaram com o G1.

"Não acho que o jogo influencia o comportamento, é uma questão de educação. Todo mundo jogou "Super Mario" quando era criança, mas ninguém pisa em tartaruga e come cogumelo por causa disso. Ninguém sai atirando", diz Cláudia Miranda, de 24 anos, recém-formada em arquitetura. Ela joga "CS" (como o jogo é conhecido entre os gamers) desde 2001, e participa de competições profissionais desde 2004.

Cláudia, que hoje "não consegue não jogar "Guitar Hero"", aponta as distorções na decisão judicial, lembrando que o alvo do juiz é, na verdade, um mapa "caseiro" que não faz parte do "Counter-Strike" original. "Você não mata reféns. O conceito é o mesmo do "CS", só muda o cenário. É só um estilo de jogo", explica.

Uma das companheiras de equipe, Priscilla Nagashima, tem 18 anos e joga "Counter-Strike" desde os 11. "[A proibição] é uma falta de informação, porque cria um certo sensacionalismo", diz ela, que teme que a proibição judicial possa afastar novos jogadores de "CS". "Pode diminuir o número de pessoas que jogam... e os pais não têm como se informar melhor. Eles acabam vendo na TV e proíbem".

Cláudia conta que a repercussão da proibição na comunidade internacional de jogadores não foi boa. "Um menino norte-americano disse: "E depois vocês reclamam do Bush?"".

Profissionais do mouse
Normalmente, as LadieS treinam "Counter-Strike" três dias por semana, em sessões de quatro a cinco horas" programação que se intensifica em vésperas de competição. Nos treinos táticos, elas estudam os cenários e as estratégias de equipe. No Brasil, elas são o time feminino a ser batido na ESWC, uma das principais competições do ciberesporte mundial" e podem derrotar muitos times masculinos.

Elas se consideram semi-profissionais, já que não recebem salário e, portanto, não podem viver das competições de "CS", ao contrário de muitos times no exterior. A equipe tem o apoio de empresas que podem ajudar - como em 2007, quando elas foram campeãs brasileiras da ESWC. A vitória garantia vaga na final mundial na França, mas não pagava a passagem do sexto integrante, o técnico. Foi quando o patrocínio ajudou.

As garotas apontam para o conflito de gerações no caso da proibição dos jogos. "É outra era. Muitos pais não entendem que o computador, hoje, é melhor que a rua, que a bicicleta", diz Cláudia. Priscilla lembra que a proibição pode não ter o efeito desejado, já que "CS" pode ser comprado on-line, com cartão de crédito internacional.

"Se for para proibir, tem de proibir muitas outras coisas, como filmes e coisas do dia-a-dia", diz Cláudia. Ela conta que ficou sabendo da proibição do jogo pelo pai, que viu a notícia na internet e telefonou para avisar. Ele ficou preocupado? "Ficou. E agora, como é que você vai treinar, filha?".

Garotas campeãs saem em defesa de 'Counter-Strike'.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir