Categoria Tecnologia  Noticia Atualizada em 02-02-2008

Cartola do Counter-Strike diz não entender proibição
Paulo Velloso, de 52 anos, é empresário de times profissionais de ciberatletas.
Cartola do Counter-Strike diz não entender proibição
Foto: www.g1.com.br

A relação do empresário de 52 anos com os jogos eletrônicos havia começado em "Pong" e terminado em "Tetris". Até que, em 2003, o filho de Paulo Velloso venceu um campeonato de "Counter-Strike" no Brasil e precisou de patrocínio para viajar à final mundial. Ao ser apresentado ao novo esporte, Paulo percebeu que não só poderia acompanhar as partidas do filho em tempo real e com a mesma visão dos jogadores, como também teria a chance de levar a sério a empreitada do ciberesporte.

Ele passou a ser empresário do time MiBR (Made in Brazil), que se tornou referência em competições internacionais de "Counter-Strike" e um dos únicos times a receber salário no país. Desde setembro de 2007, administra também o Rio Sinistro" equipe internacional que reúne jogadores de "Counter-Strike", "Fifa 07", "Project gotham racing 3" e "Dead or alive 4".

Assim como a maioria das pessoas que joga "Counter-Strike" ou tem profissão ligada ao jogo, Velloso é contra a proibição da venda de "CS" no Brasil. "Se formos analisar pelo Código de Defesa do Consumidor, então também deveriam ser proibidos cigarros, bebidas e carros, já que tudo isso pode fazer mal à saúde de alguém", diz ele, referindo-se ao comunicado do Procon de Goiás, que identificava "Counter-Strike" e "Everquest" como "impróprios para consumo", segundo decisão judicial.

O G1 tentou ouvir o juiz Carlos Alberto Simões de Tomaz, autor da decisão, mas foi informado pela assessoria de imprensa da 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais que ele está de férias.

Incoerências
"Pvell", como é conhecido entre os ciberatletas, afirma que a decisão tem incoerências. "Disseram que "Counter-Strike" é um jogo com tática de guerrilha, em que você mata policiais. Mas não é isso. É basicamente um jogo de tiro com estratégia, que incentiva o entrosamento das equipes", explica.

A proibição da venda não afeta as pessoas que já têm o jogo, e mesmo com a possibilidade de compra via download, Velloso afirma que teme conseqüências da decisão. "No Brasil, você pode esperar tudo".

Outro ponto da controvérsia causada pela proibição da venda é justamente o alvo da acusação. A decisão judicial não descreve o "Counter-Strike" original, mas, sim, o mapa cs_rio, modificação criada por jogadores brasileiros e que não faz parte do jogo banido das lojas.

Para Velloso, isso mostra como a decisão não se preocupou em entender o que é o jogo e o que são as modificações não-oficiais, por exemplo. "Filme você nasce assistindo, é natural. Mas videogame é uma coisa nova", diz, sobre a suposta perseguição aos jogos.

Carreira no mouse
A carreira dos ciberatletas costuma ser curta. Como os jogos exigem raciocínio e movimentos rápidos, sinais de cansaço podem significar aposentadoria. Pvell diz que por volta dos 25 anos os jogadores já não mostram os mesmos reflexos de antes, e os talentos começam a se destacar aos 17. No Brasil são poucos os times efetivamente profissionais, ao contrário do cenário internacional.

Integrantes da equipe Rio Sinistro, chefiada por Velloso, têm média de idade de 20 anos e recebem salário de US$ 2.500.

O empresário diz que o ciberesporte é um sinal dos novos tempos. "Os garotos viajam, conhecem novas culturas, relacionam-se em grupo e são obrigados a aprender inglês para evoluir na carreira. Videogame é uma atividade social com qualquer outra", conclui.

Cartola do Counter-Strike diz não entender proibição do

Paulo Velloso, de 52 anos, é empresário de times profissionais de ciberatletas.


Fonte:

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Por:  Gabriel Tanure Sad    |      Imprimir