Segundo parlamentar tucano, 126 deputados endossam requerimento
Apesar de o governo ter tomado a frente na corrida pela CPI para investigar gastos corporativos do governo, deputados de oposição mantêm os esforços favoráveis a um inquérito parlamentar misto sobre o mesmo tema.
O grupo integrado pelos deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Raul Jungmann (PPS-PE), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Fernando Gabeira (PV-RJ) continua coletando as assinaturas nas duas casas do Congresso.
"Vários partidos políticos estão envolvidos na tarefa de criar uma CPI com 17 senadores e 17 deputados com verdadeira capacidade de investigação", disse Sampaio nesta quinta-feira (7).
"Não aceitamos uma investigação que não vai levar a nada senão desviar o foco da investigação que é o gasto com cartão corporativo (...) Se o presidente quer investigar, porque não uma CPI mista. Seria como se a base na Câmara dissesse que não tem capacidade de investigar deixando só com o Senado.", acrescentou.
Segundo o deputado tucano, foram coletadas 126 assinaturas na Câmara, ainda restam outras 45 para chegar ao mínimo de 171. Além disso, é necessário o endosso de outros 27 senadores para concretizar uma CPI mista.
"Pelo ritmo, em três dias coletamos 126 assinaturas, poderemos conseguir as 171 na próxima quarta-feira (13)", disse Carlos Sampaio.
Dificuldade política
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que é possível criar uma CPI mista, mas avalia que a proposta é "politicamente difícil" por ter de contar com apoio de partidos da base aliada. Na Câmara, o governo tem maior controle sobre seus aliados.
Na avaliação de Chinaglia, não há espaço político na Câmara para investigar o uso dos cartões corporativos. Mas disse descartar que uma nova CPI atrapalhe os trabalhos da Casa. "Tivemos outras CPIs no passado que não causaram problemas", disse. "Atrapalharia se governo e oposição tiverem posição política semelhante a do ano passado", afirmou referindo-se à obstrução das votações proposta por PSDB e DEM.
Fortes X Suplicy
No Senado, a discussão sobre a CPI dos Cartões esquentou. No plenário, houve um bate-boca entre os senadores Heráclito Fortes (DEM-PI) e Eduardo Suplicy (PT-SP).
Fortes discursava quando o petista pediu um aparte. Ao ouvir os argumentos governistas pró-CPI, o democrata afirmou que Suplicy estaria "agachado" aos interesses do Palácio do Planalto.
Desconcertado, Suplicy exaltou-se e disse: "Não estou agachado. Assinei o requerimento [da CPI] e convidei vossa excelência a assiná-lo. Não há gesto de agachamento a quem quer que seja. Não use uma palavra inadequada, porque fico bravo aqui. Fico bravo se vossa excelência usar palavra inadequada".
Fortes devolveu no mesmo tom: "Senador Eduardo Suplicy, no momento em que vossa excelência enaltece um diálogo do ministro do governo Lula ao dizer-lhe que o governo tomou a iniciativa de pedir a instalação da CPI, no momento em que diz que a ministra Dilma tomou a mesma iniciativa, não só se agacha, mas agacha este Parlamento, porque CPI é iniciativa desta Casa. CPI não é para ir a reboque do Executivo."
O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), teve de cortar o microfone usado pelo petista para acalmar os ânimos e retomar a rotina dos discursos.
Deputados mantêm iniciativa para criar CPI mista. Segundo parlamentar tucano, 126 deputados endossam requerimento.
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