Categoria Esportes  Noticia Atualizada em 13-02-2008

Mãe de Joanna revela possível agressor.
Professor em Olinda (PE), acusado nega agressão, e estuda medidas contra o problema
Mãe de Joanna revela possível agressor.

A mãe da nadadora Joanna Maranhão, Terezinha Maranhão, revelou nesta quarta-feira o nome do treinador que teria abusado sexualmente da sua filha quando ela tinha nove anos. O acusado é o professor Eugênio Miranda, que dá aula em uma escola particular em Olinda (PE).

Procurado pelo jornal "Diário de Pernambuco", Eugênio ficou perplexo com as acusações, negou qualquer abuso e, deixou nas entrelinhas a possibilidade de processar quem insistir nas acusações.

- Não tenho nem o que dizer sobre isso. Vou esperar a minha família. Quero conversar com a minha esposa para saber as medidas que vamos tomar. Nunca existiu nada disso. Amanhã (hoje) pela manhã eu falo alguma coisa. Hoje (ontem) não. Estou cansado - disse Eugênio, ao telefone, ele que é casado há 21 anos e tem dois filhos.

"Não tenho nem o que dizer. Nunca existiu nada disso"
Eugênio Miranda
Ao jornal "O Globo", o Conselho Regional de Educação Física de Pernambuco (Cref-PE) já avisou que só vai tomar alguma atitude se houver investigação policial e se o acusado for condenado. Chefe de fiscalização do Cref-PE, Rosângela Conceição diz que nunca houve uma acusação formal a professores de educação física no estado.

Além de querer dar um fim ao caso na imprensa, Terezinha Maranhão espera com a revelação alertar aos pais para uma maior atenção com relação à educação dos filhos. Em sua chegada ao Brasil, vindo da França, Joanna disse que um dos seus problemas na infância foi a falta de atenção dada pelos pais a ela.

Em entrevista ao diário pernambucano "Jornal do Commercio", Terezinha diz não estar preocupada com um possível processo movido pelo acusado, e ressalta que o comportamento anormal do professor seria anterior ao caso de Joanna.

- Depois fiquei sabendo que ele foi demitido de uma escola porque engravidou a atual esposa dele. Na época, ela era aluna dele e tinha só 14 anos. Ele não teria coragem (de processar). Mesmo se ele entrar com uma ação judicial contra mim, tenho como provar que é verdade. Ela fez várias consultas a médicos para se curar do trauma.

"Mesmo se ele entrar com uma ação judicial contra mim, tenho como provar que é verdade"
Terezinha Maranhão, mãe da nadadora

Coordenador de natação do colégio Santa Emília até a última terça-feira, Fernando Soró se disse surpreso, mas revelou que o treinador estava tenso desde a denúncia de Joanna, que falou sobre o abuso na última sexta-feira, na França.

- Ele já vinha sentindo desde que Joanna começou a falar na imprensa. Sabia que tinha sido treinador dela na época. Não acreditava. Disse que tinha ela como uma filha. Ela veio aqui (no colégio) inclusive para receber uma homenagem e agradeceu a ele.

Fernando afirmou ainda que acredita na inocência de Eugênio Miranda e garantiu que a escola está a seu favor. Entretanto, após o anúncio do nome de Eugênio, Fernando foi afastado pela direção, que o considera sem condições psicológicas de seguir na coordenação.

- Ele está há cinco anos trabalhando conosco. Conheço Eugênio há muito tempo. Ele estudava comigo, se formou comigo. Foi professor dos meus filhos. É uma pessoa de uma índole absurda. É o primeiro caso envolvendo o nome dele que escuto. A nossa postura vai ser de resguardá-lo.

Relembre o caso
A nadadora brasileira Joanna Maranhão revelou ter sido molestada sexualmente na infância. Em entrevista à "Gazeta Esportiva", na última semana, enquanto estava na França treinando, Joanna contou que era abusada pelo seu técnico dentro da piscina quando tinha apenas nove anos. Segundo ela, o trauma acabou afetando também seu desempenho no esporte, mas, agora, acredita estar recuperada e pensa até em fazer um projeto social para crianças que sofrem este tipo de abuso.

- A verdadeira história é que na infância fui molestada pelo meu técnico. Mas a mente tem um poder incrível e durante todos esses anos eu tentei convencer a mim mesma que nada daquilo tinha acontecido, que tinha sido fruto da minha imaginação. Mas como uma onda muito forte, dez anos depois eu fui tomando consciência de tudo que eu tinha sofrido. Foi muito doloroso, foi um processo lento. Freqüentei psiquiatra e psicólogo, porque eu precisava colocar aquilo tudo para fora. Durante esse processo, tudo na minha vida sofreu as conseqüências e com a natação não poderia ter sido diferente" disse a atleta na entrevista.

A brasileira revelou também alguns traumas que surgiram depois do abuso sexual. Segundo ela, até mesmo sua "personalidade forte" e sua "agressividade" são conseqüências do que sofreu na infância.

Joanna Maranhão voltou a treinar, no Recife, na última terça-feira (12). Seu atual técnico, Nikita, acredita que a revelação não vai abalar o treinamento da atleta. Joanna se prepara para o Sul-americano, que será realizado em São Paulo, em março.
O treinador deixou claro que a nadadora não se arrependeu da declaração feita.

- Ela não se arrependeu, até porque disse que não falou nada demais. Comentou o assunto no meio de uma longa entrevista sobre assuntos relevantes para a natação brasileira, e infelizmente virou o foco da reportagem.

Mãe de Joanna revela possível agressor.
Professor em Olinda (PE), acusado nega agressão, e estuda medidas contra o problema.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir