Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-02-2008

Americanos encontram fóssil de bisavô dos morcegos
Americanos encontram fóssil de bisavô dos morcegos, com 52 milhões de anos
Americanos encontram fóssil de bisavô dos morcegos
Foto: Museu Real de Ontário

O que veio primeiro, as asas do morcego ou o sonar do morcego? Esse dilema no estilo "o ovo e a galinha" pode ter sido resolvido por um fóssil que é a mais primitiva versão dos mamíferos voadores. A espécie de 52 milhões de anos, descoberta nos Estados Unidos, mostra que os morcegos primeiro dominaram o ar para só depois desenvolver sua incrível capacidade de 'enxergar' no escuro usando ecos, tal como faz o sonar desenvolvido pelos humanos.

O bicho em questão recebeu o nome científico de Onychonycteris finneyi e vem das rochas do estado americano do Wyoming. Outros morcegos da mesma idade já tinham sido descobertos por lá, mas nenhum mostrara características tão primitivas quanto o novo fóssil, o que faz dele um excelente candidato para representar os primeiros animais do grupo.

É o que argumenta a equipe capitaneada pela paleontóloga Nancy Simmons, do Museu Americano de História Natural. Simmons e seus colegas apresentam a descrição da velha nova espécie na edição desta semana da revista científica britânica "Nature". Os pesquisadores só não tiveram a sorte de achar um morcego que estivesse fazendo a transição para os hábitos voadores. Mas, de resto, o Onychonycteris finneyi apresenta uma série de características de um morcego ainda "no meio do caminho" entre seus primos atuais e os demais mamíferos.

Unhas para todo lado
Para começar, todos os dedos que formavam as asas da criatura têm unhas, coisa que não se vê em nenhum morcego moderno. As proporções das patas de trás e da frente também se parecem mais com a de mamíferos escaladores de árvores, como macacos e preguiças, o que indica que o bicho ainda era capaz de se mover "a pé" pelos galhos com certa desenvoltura.

Mais importante, no entanto, é o fato de que o Onychonycteris finneyi não estava bem equipado nem para emitir nem para ouvir os "cliques" que os morcegos usam como sonar quando estão caçando no escuro. Nem todas as espécies modernas de morcegos fazem isso, mas muitas emitem sons especialmente projetados para "bater" nos objetos externos e voltar para os ouvidos delas como ecos. Calculando a demora dos sons para voltar, os morcegos formam uma espécie de imagem acústica do ambiente escuro, o que os ajuda a capturar insetos e desviar de árvores, por exemplo.

A nova espécie fóssil, no entanto, não fazia nada disso. Isso quer dizer que ela era diurna, e não noturna? Não exatamente. Alguns morcegos atuais são ativos à noite mas, em vez do sonar, possuem olhos grandalhões, como os das corujas. Esse mistério, no entanto, deve permanecer não-resolvido por enquanto, já que a nova espécie teve as regiões das órbitas oculares esmagadas durante a fossilização. Não dá, portanto, para saber se tinha olhos maiores que o normal ou não.

O certo é que os morcegos "aprenderam" a voar antes de usar o sonar -- provavelmente porque usar os cliques era muito custoso energeticamente quandos os bichos estavam parados. Já durante o vôo os músculos ligados ao uso dos ecos já estão ativos, o que faz com que o "aparelho" funcione de forma muito mais econômica.

Americanos encontram fóssil de bisavô dos morcegos.

Americanos encontram fóssil de bisavô dos morcegos, com 52 milhões de anos.

Fonte:

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Por:  Miguel R. Pereira Netto    |      Imprimir