Categoria Politica  Noticia Atualizada em 14-02-2008

Lula apóia campanha pela redução da jornada de trabalho.
Apesar disso, governo não enviará proposta ao Congresso por temer disputa política.
Lula apóia campanha pela redução da jornada de trabalho.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (14) a campanha pela redução da jornada de trabalho, mas disse que o governo não enviará ao Congresso a proposta. Ele argumentou que, se a iniciativa partisse do Palácio do Planalto, ela se tornaria alvo de disputa política com a oposição.

"Se for apenas uma proposta do governo, [ela] iria se tornar um embate entre governo e oposição. E muitas vezes o povo ficaria alheio assistindo o discurso", disse Lula.

Centrais sindicais defendem que as horas de trabalho semanais passem de 44 horas para 40 horas. A Central íšnica dos Trabalhadores (CUT), por exemplo, sustenta, em um dos pontos, que a redução seria uma das formas para o mercado de trabalho absorver mão-de-obra de jovens inexperientes.

O presidente afirmou que a defesa da redução não faz parte do discurso contra o empresariado. Segundo ele, visa apenas dar mais conforto e qualidade de vida aos empregados.

"Os avanços da modernidade, os avanços das conquistas tecnológicas, devem significar não apenas um maior aumento de produtividade e rentabilidade, mas também aumentar as horas de lazer do trabalhador, melhorar as condições de trabalho", afirmou Lula em evento para encaminhar as mensagens ao Congresso que pedem a ratificação de duas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Convenções
A primeira, de número 151, institui a negociação coletiva dentro do serviço público e a segunda, conhecida como 158, proíbe a demissão injustificada. Nesta última, ela determina que a empresa faça uma justificativa para a dispensa do funcionário, inclusive discutindo-a com as entidades de classe.

Além disso, a convenção 158 proíbe que a relação de trabalho seja interrompida por causa de opiniões políticas, origem social, cor, estado civil, licença-maternidade, ausência por motivo de doença ou filiação sindical.

A única exceção para a demissão é quando o argumento é a necessidade de funcionamento da empresa.

A convenção 158 já foi ratificada pelo Congresso em 1996 e esteve em vigência entre abril e novembro do mesmo ano, mas devido a questionamentos constitucionais, ela foi suspensa pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) por decreto.

Trabalhador manda
Lula afirmou estar em fase final de elaboração pelo governo a proposta de abrir uma vaga no conselho de administração das empresas públicas aos funcionários.

"O Paulo Bernardo está em fase final para apresentar a mim aquela nossa idéia de garantir a participação de um trabalhador no conselho das empresas públicas brasileiras", disse Lula.

A expectativa do presidente é que a proposta esteja concluída antes da primeira semana de março quando fará uma reunião ampla com os representantes das centrais sindicais e o ministro Roberto Mangabeira Unger (Planejamento de Longo Prazo).

Crítica social
O presidente voltou a comemorar os resultados da economia que mostram solidez dos fundamentos. Lembrou que os empresários estão registrando lucros significativos, sobretudo as instituições financeiras. E defendeu divisão do bolo da riqueza com a classe trabalhadora.

"Esse momento é promissor para todos os setores da sociedade, para os empresários também. É só pegar as 500 maiores empresas brasileiras, elas nunca ganharam tanto dinheiro como agora. Se pegar os bancos, eles nunca ganharam tanto dinheiro como agora", disse o presidente.

Lula criticou quem aposta na especulação e não no desenvolvimento da atividade econômica. "É bom lembrar que o povo pobre também deve ganhar dinheiro, é preciso lembrar que um salário mínimo na mão do pobre significa mais feijão na mesa, sapato novo para o filho, um caderno a mais, um prato de comida, pão com leite de manhã. E R$ 1 bilhão, muitas vezes, na mão de determinadas pessoas serve apenas à especulação e não produz nada", afirmou.

Lula apóia campanha pela redução da jornada de trabalho.
Apesar disso, governo não enviará proposta ao Congresso por temer disputa política.



Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir