Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-02-2008

Nova lei divide opiniões em 'clube do charuto'
Fumantes das antigas consideram a "lei autoritária e preconceituosa". Apreciadores eventuais aprovam as novas regras
Nova lei divide opiniões em 'clube do charuto'
Foto: Marcelo Mora/G1

A lei que proíbe fumar charutos, cachimbos e cigarillhas em restaurantes e bares de São Paulo, está muito longe de gerar um consenso, mesmo em um "clube do charuto", como o que abriga a casa noturna de temática cubana Rey Castro, na Zona Oeste de São Paulo.

A lei municipal que obriga os bares e restaurantes a contarem com um fumódromo exclusivamente para os fumantes de charutos e cachimbo entrou em vigor nesta quarta-feira (13).

Os fumantes mais experientes não gostaram nem um pouco da nova lei. "Acho autoritária e preconceituosa", reclamou o engenheiro sanitarista Wagner Rodrigues, de 54 anos e com 20 anos de "prática". Mas faz a ressalva: "sou suspeito por ser fumante".

Fumante das antigas, Wagner não se acostuma com os novos tempos, mais rígidos em relação ao fumo. "Antigamente não existiam casas deste tipo (para se fumar charuto). Mas havia mais liberdade. Nunca me pediram para apagar o charuto. A maioria das pessoas gosta do cheiro. O (charuto) de má qualidade, o cheiro realmente acaba sendo irritante. Os cubanos são de excelente qualidade", relembrou, saudosista.

Cheiro bom
íšrsula Rodrigues, filha de Wagner, não fuma charuto, mas não se incomoda com o cheiro. "Pelo contrário. Eu gosto muito. Têm uns com cheiro de chocolate; outros, de baunilha", contou, aderindo ao argumento do pai. "Não tem nada a ver esta proibição", reforçou.

A solução para Wagner é se adaptar às novas regras. "As autoridades deveriam se preocupar com problemas maiores da cidade. Daqui a alguns dias, vão nos proibir até de respirar. Mas o jeito é fumar em casa e aqui (na tabacaria do Rey Castro, que conta com portas de vidro e exaustor, como determina a nova lei)", completou, conformado.

Os freqüentadores da Rey Castro, alguns deles fumantes eventuais de charutos, parecem não se incomodar com o ambiente convidativo ao fumo. Ao todo, a casa conta com 100 pessoas cadastradas como apreciadores de charuto. Os demais convivem pacificamente com esta minoria.

"Venho aqui desde que inaugurou, há quatro anos. Minha festa de casamento foi aqui", contou o empresário Marcelo Neser, que considerou a lei rigorosa. "As pessoas e os outros lugares vão ter de se adaptar", ressaltou.

Solidariedade aos não-fumantes
O administrador Eduardo Canastra, de 33 anos só fuma charuto em ocasiões festivas. "Vim trazer um amigo para conhecer a casa, que tem um ambiente propício para fumar charuto. É como você ir a uma casa árabe e fumar um narguilé. E acho legal presentear amigos que eu sei que fumam charuto", disse.

Nas duas outras vezes em que esteve no estabelecimento, degustou um charuto. "Mas o cigarro me incomoda", ressaltou. Talvez por isso, em solidariedade aos não-fumantes de qualquer tipo, Eduardo é a favor da lei. "Acho legal para restaurante. Neste caso, acho que a lei é válida", finalizou.

Nova lei divide opiniões em 'clube do charuto'. Fumantes das antigas consideram a "lei autoritária e preconceituosa". Apreciadores eventuais aprovam as novas regras.

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir