Categoria Politica  Noticia Atualizada em 18-02-2008

China diz estar muito preocupada com independência de Kosovo
Para observadores, país teme que províncias separatistas sigam exemplo de Kosovo.
China diz estar muito preocupada com independência de Kosovo
Foto: http://g1.globo.com

O governo da China afirmou que está "muito preocupado" com a declaração de independência unilateral feita por Kosovo no domingo.

"A ação unilateral de Kosovo pode (...) levar a uma influência seriamente negativa sobre a paz e a estabilidade na região dos Bálcãs e na realização da construção de uma sociedade multiétnica em Kosovo, algo com que a China está profundamente preocupada a respeito" disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Jianchao, nesta segunda-feira.

Normalmente a China se mantém neutra quanto a questões internas de outros países, mas observadores acreditam que desta vez o país se manifestou porque também possui províncias com intenções separatistas e teme que elas se inspirem no exemplo de Kosovo.

Além disso, no contexto do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a China está demonstrando ter uma posição aliada à Rússia, que também condenou a ação kosovar.

A declaração chinesa se refere a problemas internos como as regiões autônomas de Xinjiang e Tibete e, principalmente, à ilha de Taiwan, que na pratica é independente, mas é considerada parte da China pelo governo chinês.

Taiwan

O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan reconheceu a independência de Kosovo em um comunicado à imprensa. "De maneira alguma a independência de uma nação pode ser negada por outra", diz o comunicado.

A China rejeitou a manifestação de Taiwan. "Taiwan é parte da China e não tem o direito ou a qualificação para dar o assim chamado ´reconhecimento ´", disse Liu Jianchao.

Taiwan fica na costa leste da China e serviu de abrigo para os nacionalistas que foram derrotados pelas tropas de Mao Tsé-Tung em 1949.

A ilha funciona na prática como um país capitalista independente e até 1971 tinha assento na ONU.

Mas desde a retomada das relações diplomáticas entre Pequim e o mundo ocidental, a China pressiona a comunidade internacional a apoiar "a política da China única", que inclui Taiwan sob seu poder.

Xinjiang

Xinjiang fica no noroeste da China, junto à fronteira com o Quirguistão, e tem uma população muçulmana de etnia turca Uighur.

Nos anos 40 a região fez um pedido de independência e desde o começo da década de 90 casos de violência separatista ocorrem esporadicamente na capital, Urumqi.

Os dissidentes Uighur são considerados "terroristas" pelo governo chinês por terem contato com o Movimento Islâmico do Turcomenistão do Leste (ETIM, na sigla em inglês), grupo que a ONU reconhece como terrorista.

A China insiste que o ETIM tem ligações com a Al-Qaeda, mas críticos dizem que Pequim usa a "Guerra ao Terror" liderada pelos Estados Unidos como uma desculpa para suprimir a minoria descontente.

Tibete

No caso do Tibete - que se localiza no sudoeste, próximo à fronteira com Nepal, Butão e Índia -, a razão separatista é a lealdade do povo ao Dalai Lama, líder da religião budista.

O Tibete era um Estado religioso independente até o final da década de 50, quando as forças de Mao Tsé-Tung invadiram e anexaram a região à China.

O então líder local, o jovem Dalai Lama, teve de fugir para a Índia e até hoje vive no exílio, de onde luta pelo reconhecimento da independência do território.

A população tem simpatia pelo Dalai Lama, mas é difícil precisar o tamanho e a seriedade do movimento separatista, pois mobilizações populares não são reportadas pela imprensa e o governo censura sites que façam menção a um Tibete independente.

China diz estar 'muito preocupada' com independência de Kosovo
Para observadores, país teme que províncias separatistas sigam exemplo de Kosovo.

Fonte: http://g1.globo.com
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir