Categoria Geral  Noticia Atualizada em 24-02-2008

Histórias e contos eróticos reúnem amantes da literatura.
Contadores de história levam adultos e crianças para livrarias.
Histórias  e contos eróticos reúnem amantes da literatura.
Foto: Luciana Bonadio/G1

Como as crianças, adultos também gostam de ouvir histórias. É o que provam eventos promovidos por livrarias de São Paulo em que profissionais da chamada "contação" incentivam a leitura de uma maneira bem diferente. Para prender a atenção de adultos e crianças, o cardápio tem desde histórias infantis até contos eróticos.

"Eu me foquei muito no adulto porque percebi que ele é o multiplicador", diz o psicólogo e doutorando em educação Ilan Brenman, contador de histórias há 16 anos. Ele está à frente de um evento que atrai dezenas de pessoas há quase quatro anos em uma livraria da cidade: a mistura de contos eróticos com a degustação de alimentos "apimentados".

"Contar histórias alimenta a alma e o espírito. Então, pensei em juntar o alimento físico com o alimento da alma", explica. Durante a "contação", a chef de cozinha Carole Crema serve pratos como risoto de açafrão com champanhe e pimentas e peixe com cogumelos. Entre um prato e outro, ela explica as propriedades afrodisíacas dos ingredientes usados.

Em um evento descontraído, regado a vinho, Brenman conta histórias eróticas árabes, tibetanas, judaicas, africanas e gregas, entre outras. O resultado é muita risada na platéia. "Isso que ele faz ao vivo dá vida à história. Não sei como ele consegue falar disso com tanta naturalidade", afirma a professora Eliete Bindi, de 53 anos.

O contador diz que nem sempre foi fácil. "Uma amiga me convidou há cinco anos para contar um conto erótico em um evento informal. Eu bebi tanto vinho naquele dia, estava morrendo de medo", lembra, aos risos. "E ainda hoje preciso beber um pouco de vinho."

O último evento ocorreu nesta quinta-feira (21) na Livraria da Vila, na Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo. E houve um motivo a mais para o contador ficar nervoso: a mulher dele assistia pela primeira vez à apresentação dos contos eróticos. A presença da psicóloga acabou sendo motivo de muitas brincadeiras.
Incentivo à leitura

Durante o evento, o contador de histórias cita livros, com o objetivo de incentivar a leitura. E a iniciativa traz resultados. "O jeito que ele conta dá vontade de comprar o livro. Eu gosto demais de gente que gosta de contar histórias", diz Eliete.

A dentista Júlia Kihara, de 39 anos, já esteve em pelo menos 15 eventos do contador de histórias, dos mais diversos temas. "Quem gosta de contação é quem lê muito. Muita gente acha que contar histórias é uma coisa infantil, mas também tem para adultos. E, através dele [do contador], acabei conhecendo outros livros", afirma.

Para o advogado Douglas Nadalini, de 31 anos, o interesse foi imediato. "Eu acabei de comentar que queria comprar os dois livros que ele citou, é um bom jeito de incentivar a leitura. Achei interessante essa combinação da história com o vinho", opina.

Esses eventos são pagos" o de contos eróticos custa R$ 45.
Histórias infantis

Crianças em 'contação' (Foto: Divulgação/Livraria Sobrado)Como é importante adquirir o hábito da leitura cedo, muitas livrarias promovem "contações" de histórias infantis. Na Livraria Sobrado, em Moema, elas ocorrem todos os sábados. "Essa é uma opção que une educação, arte e lazer. As crianças se envolvem porque a gente costuma variar as contadoras, atrizes e pedagogas", explica o proprietário da livraria, Luís Ricardo Meyer de Rossi, de 41 anos.

De acordo com ele, as crianças se interessam muito pelos livros depois de ouvir as histórias. "Normalmente, os pais compram pelo menos um livro. E não são necessariamente os que estão sendo lidos naquele dia", diz. Enquanto as crianças participam da atividade em um espaço reservado para elas, os adultos arrumam tempo para também escolher livros pela loja.

Outro espaço onde as crianças podem ouvir boas histórias é a Casa de Dona Yayá, ligada ao Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (USP). "O último domingo do mês é sempre reservado ao público infantil. Muitos desses espetáculos trabalham com a contação de histórias ou cantigas que resgatam a cultura popular", explica o historiador José Hermes Martins Pereira, coordenador do programa Memória e Uso Qualificado do Patrimônio Cultural do CPC/USP.

O próximo evento voltado ao público infantil acontece no dia 24 de fevereiro. A Cia. Tempo de Brincar levará ao palco as "Histórias do Brasil". As apresentações na Casa de Dona Yayá acontecem aos domingos, às 11h, na Rua Major Diogo, 353, na Bela Vista.

Histórias e contos eróticos reúnem amantes da literatura.
Contadores de história levam adultos e crianças para livrarias.


Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir