Categoria Geral  Noticia Atualizada em 27-02-2008

Múmias do Mosteiro da Luz poderão ser expostas ainda
Diretora de museu disse que sala onde estão corpos será reaberta a visitação
Múmias do Mosteiro da Luz poderão ser expostas ainda
Foto: Angelita Loturco e Rogério Abbamonte/Divulgação

As múmias de duas freiras encontradas no Mosteiro de Frei Galvão, na região central de São Paulo, poderão em breve ser visitadas por fiéis e curiosos. A diretora-executiva do Museu de Arte Sacra, que funciona no mosteiro, Mari Marino, disse esperar que a abertura dos túmulos para visitação do público seja feita ainda em 2008.

"Devemos fazer neste ano. Acho que quem levantou a primeira hipótese para que eu pensasse nisso foram as irmãs", contou a diretora na tarde de terça-feira (26). Mari afirmou, no entanto, que antes de abrir o local para visitação, deverão ser definidas formas de preservação dos corpos encontrados. "Vamos pensar o mais rápido possível em como elas (as múmias) ficarão protegidas", revelou.

Múmias do Mosteiro da Luz poderão ser expostas ainda neste ano
Diretora de museu disse que sala onde estão corpos será reaberta a visitação.
Por enquanto, local segue fechado e, segundo padre, "nem o papa entra."

As múmias foram encontradas por acaso no início deste mês. Técnicos que tentavam descobrir um ninho de cupins chegaram até elas, enterradas na parede de uma sala que já havia sido usada como cemitério. Desde então, o local, em que eram exibidos imagens de santos e um painel com o nome dos papas, está fechado. Nesta tarde, as janelas estavam tampadas com papel e a porta, trancada com cadeados e vigiada por um segurança.

"Nem o papa entra", brincou o padre Armênio Rodrigues Nogueira, de 40 anos. "Não é nem por nós. O pessoal da equipe de legistas pediu para ficar trancado e deixar do jeito que está", completa o religioso.

A preocupação da diretora e o cuidado do padre são justificados pelo médico-legista que cuida do caso, Luiz Roberto Fontes. "O risco é de contaminar o ambiente e de uma deterioração maior dos corpos", explica.

Segundo o especialista em arqueologia da morte, Sérgio Monteiro da Silva, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP), a exposição precipitada das múmias pode acelerar a decomposição dos corpos. "Elas já estão com fungos que vão começar a crescer se houver muita variação de umidade", disse.

Silva afirmou ainda que a hipótese mais provável é que a mumificação das freiras tenha acontecido naturalmente. O processo teria sido favorecido pela grande ventilação e baixa umidade do local. "Eu coloco a mão no fogo. Não existem indícios de que as freiras tenham sido mumificadas", declarou. O legista Luiz Roberto concorda. "Foi um processo natural", disse.

Abadessas
Na sala onde foram encontradas as múmias, há outros cinco túmulos na parede e um no chão. O local e a forma como foram enterrados os corpos sugerem aos especialistas que as freiras encontradas eram abadessas, cargo superior da abadia.

"Na Bahia temos registros de que áreas como esta só eram ocupadas por membros da alta hierarquia", afirmou Silva. O arqueólogo contou ainda que, com as múmias, foram encontrados tecidos que indicaram o tipo de roupa que vestiam. "Elas estavam com véu, um manto de cânhamo e uma capa azul grossa", descreveu.

De acordo com o especialista, as mortes ocorreram provavelmente antes do falecimento do Frei Galvão, em 1822. No entanto, somente um exame de DNA poderá determinar com precisão em que data viveram as freiras mumificadas. Amostras devem ser recolhidas do local na próxima semana e enviadas a um laboratório em Miami.

Além dos túmulos, a "sala das múmias" do Museu pode guardar outros segredos, como uma catacumba. "Tem um sinal no chão", revelou Silva. "Há uma anomalia muito grande na estrutura, que pode ser a entrada de alguma coisa", explicou.

Múmias do Mosteiro da Luz poderão ser expostas ainda neste ano
Diretora de museu disse que sala onde estão corpos será reaberta a visitação.
Por enquanto, local segue fechado e, segundo padre, "nem o papa entra."

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir