Categoria Politica  Noticia Atualizada em 01-03-2008

Dimitri Medvedev encarna versão mais liberal de Putin
Membros da comissão eleitoral preparam local de votação em Moscou às vésperas das eleições presidenciais na Rússia
Dimitri Medvedev encarna versão mais liberal de Putin
Foto: Sergei Ilnitsky/EFE

MOSCOU, 1 Mar 2008 (AFP) - Dimitri Medvedev, franco favorito para suceder Vladimir Putin na presidência da Rússia, encarna uma versão mais sutil e liberal de seu antecessor no Kremlin.

Aos 42 anos, o favorito para a presidencial russa deste 2 de março é descrito como um "tecnocrata" pragmático, um fiel seguidor de Vladimir Putin. Foi formado à sombra do presidente e é partidário do rígido controle político exercido por seu mentor.

De rosto juvenil, Medvedev deve sua ascensão política dentro da elite russa a Putin, que contratou o então jovem e brilhante advogado no início dos anos 90 para ajudar no departamento de Relações Exteriores do governo de São Petersburgo.

Em cinco anos de trabalho, destacou-se por dar soluções jurídicas em casos de malversações que poderiam ter respingado em Vladimir Putin, segundo a imprensa russa e antigas autoridades políticas locais.

Após coordenar a campanha presidencial de Putin em 2000, Medvedev foi nomeado chefe de gabinete no Kremlin e, em seguida, presidente da Gazprom, a jóia da coroa do setor energético russo.

Em suas diferentes funções, assistiu à tomada de controle dos meios de comunicação e ao sufocamento da oposição, sem que ficasse claro seu papel em tudo isso.

No entanto, foi a decisão de Putin de nomeá-lo primeiro vice-ministro em novembro de 2005, encarregado de projetos nacionais na área sanitária, educacional e de moradia, que iniciou os rumores de sua provável eleição como sucessor de Putin.

Desde então, o candidato Medvedev só tem um programa: a fidelidade a Vladimir Putin e a continuação de sua obra. Discreto, ele oferece uma imagem tranqüilizadora, melhor do que a do atual presidente, alvo de muitas críticas antiocidentais.

"Com Medvedev, a Rússia parece seguir para o bom caminho, o da modernização. A eleição de Medvedev é um sinal para os russos e para o Ocidente", considera um diplomata europeu em Moscou.

Mas o Ocidente se equivocaria se der como certa uma grande abertura por parte da Rússia ou se subestimar suas ambições, adverte Alexander Rahr, especialista sobre a Rússia na Sociedade Alemã para a Política Exterior, com sede em Berlim.

"Se quisermos voltar a fazer da Rússia um 'sócio júnior', como nos anos 90, chegaremos rapidamente a um conflito. Medvedev oferece talvez um rosto simpático, mas quer que o respeitem", diz Rahr.

O candidato do Kremlin já advertiu em janeiro que a Rússia não será "o aluno bonzinho ou o figurante" que os ocidentais viam em Moscou nos anos 90.

As relações com o Ocidente dependerão também do futuro presidente americano, quer se trate do republicano anti-russo John MacCain, ou de algum dos democratas, tradicionalmente pouco inclinados a Moscou.

"Estados Unidos e Rússia terão que cooperar, sejam quais forem seus dirigentes. É inevitável", afirmou Medvedev.

Nascido em 14 de setembro de 1965, Medvedev é filho único de Anatoly Medvedev, um professor do Instituto Tecnológico de Leningrado e de Yulia, professora de filologia no instituto Gertsen.

Cresceu em um subúrbio humilde de Leningrado, e foi estudar Direito na Universidade Estatal da cidade, onde se destacou como um dos alunos mais brilhantes de sua turma.

Com um dom para a administração e a logística, Medvedev se descreve também como um pragmático.

"A ideologia é algo perigoso", disse uma vez aos jornalistas, ainda que também tenha se definido como um "europeu" na política exterior, próximo aos valores da democracia e dos direitos humanos.

Ao contrário de Putin, Medvedev não possui vínculos conhecidos com a KGB, mas tem ligações dentro do clã político proveniente de São Petersburgo, que domina os mais altos escalões do poder.

Apoiado em seu profundo conhecimento da burocracia do Kremlin, Medvdevev é considerado o principal funcionário da pirâmide política que ajudou Putin a permanecer sem grandes solavancos na presidência.

Um de seus maiores feitos foi ter reorganizado as relações com alguns dos oligarcas multimilionários que dominaram a cena política russa durante a presidência do predecessor de Putin, Boris Yeltsin.

Dimitri Medvedev encarna versão mais liberal de Putin

Fonte: http://noticias.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir