Categoria Politica  Noticia Atualizada em 03-03-2008

Ahmadinejad assina acordos em Bagdá e pede saída dos EUA
Pela primeira vez desde a guerra Irã- Iraque (1980-88) os dois países negociam
Ahmadinejad assina acordos em Bagdá e pede saída dos EUA
Foto: Thaier al-Sudani/Reuters

BAGDÁ, 3 Mar 2008 (AFP) - O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, pediu nesta segunda-feira em Bagdá a retirada norte-americana do Iraque e anunciou convênios entre seu país e o Iraque, ao fim de uma visita histórica de 48 horas.

Durante uma entrevista coletiva à imprensa, reiterou que os povos da região não gostavam dos Estados Unidos e desejavam ser deixados em paz.

Em uma referência à presença de cerca de 160.000 soldados norte-americanos no Iraque, considerou que havia "levado apenas destruição", e que o custo das operações militares poderia ter financiado o desenvolvimento do país.

Ele anunciou a assinatura de sete acordos bilaterais para abrir uma "nova página" nas relações entre os dois vizinhos, em lados opostos em uma guerra travada de 1980 a 1988.

"Esta viagem abre uma nova página nas relações bilaterais e um novo clima na região", anunciou o presidente iraniano no domingo.

"Achamos que as forças vindas do exterior e que viajaram milhares de quilômetros devem deixar a região e devolver aos povos sua soberania", afirmou Ahmadinejad.

"Os povos da região querem que as tropas estrangeiras os deixem em paz e que elas retornem para de onde vieram", acrescentou o presidente iraniano.

Na noite de domingo para segunda-feira, o presidente iraniano rezou no bairro de Kazimiyah, norte de Bagdá, no mausoléu de um imã xiita muito venerado, o imã Kazem.

A assinatura nesta segunda-feira de sete protocolos entre o Iraque e o Irã concluiu uma visita que marcou uma aproximação sem precedente entre os dois vizinhos.

Os sete acordos são relacionados ao "desenvolvimento das relações e a cooperação nos âmbitos de segurança, alfândega, indústria, educação e transportes", informou o presidente iraniano.

A visita a Bagdá de Ahmadinejad, cujo governo é acusado pelo Ocidente de querer produzir a bomba atômica, é a primeira de um presidente iraniano na história contemporânea dos dois países.

A visita foi realizada no momento em que os Estados Unidos, potência que lidera a ocupação no Iraque, tentam diminuir a influência iraniana no Oriente Médio, principalmente no Líbano e nos territórios palestinos.

As autoridades norte-americanas acusam constantemente Teerã de ingerência nos assuntos iraquianos e de apoiar grupos armados xiitas que combatem a presença norte-americana neste país.

O governo iraniano rejeitou as acusações de ingerência e considera que a ocupação norte-americana do Iraque é um fator de desestabilização do Iraque e da região.

Na véspera, Ahmadinejad havia acusado os Estados Unidos de querer favorecer a emergência do terrorismo no Oriente Médio. "Os norte-americanos devem compreender que o povo iraquiano não gosta dos Estados Unidos", declarou.

No bairro sunita de Azamiyah, no norte de Bagdá, dezenas de estudantes realizaram uma manifestação contra a visita do dirigente iraniano. "Ahmadinejad você é aquele que destruiu o Iraque", podia-se ler nos cartazes.

Tarek al-Hashemi, líder do maior partido sunita, afirmou em um comunicado que esta visita era "simbólico", mas que as relações entre o Irã e o Iraque deveriam "se basear no respeito à soberania" de cada um.

Enquanto isso, pelo menos dezenove pessoas foram mortas nesta segunda-feira em dois atentados com carros-bomba em Bagdá, e um alto funcionário da Polícia foi assassinado no sul do Iraque com três de seus seguranças.

Estes ataques, que também deixaram dezenas de feridos, foram praticados depois que o Exército norte-americano anunciou ter descoberto 14 corpos em uma fossa comum próximo a Samarra, ao norte de Bagdá, e acusou a al-Qaeda de ser responsável por essas mortes.

Ahmadinejad assina acordos em Bagdá e pede saída dos EUA do Iraque

Fonte: http://noticias.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir