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'Vivi os piores dias da minha vida', diz brasileira barrada

Viajantes detidos no aeroporto apresentariam trabalho em congresso na Europa
'Vivi os piores dias da minha vida', diz brasileira barrada

Foto: G1

Sem direito a visitas, com a bagagem retida e presos por 24 horas. Esse foi o destino dos p�s-graduandos Pedro Luiz Lima e Patr�cia Rangel, dois dos 30 brasileiros que foram barrados ao desembarcar na manh� desta quarta-feira (5) no aeroporto de Barajas, em Madri.

Os brasileiros falaram com a reportagem do G1 nesta quinta-feira (6) atrav�s de um telefone p�blico de uma das tr�s salas por onde passaram durante a noite e a madrugada. Foram � Espanha apenas de passagem, com o objetivo de participar de um congresso em Portugal. Barrados, dizem que foram v�timas de agress�o verbal e submetidos a um tratamento discriminat�rio.

"Foram os piores dias da minha vida. Eu n�o vou entrar nesse territ�rio nunca mais", afirmou Patr�cia. "Est�o fazendo uma pol�tica para evitar a entrada de latinos. E se voc� n�o se encaixa nesses crit�rios que eles t�m para barrar, eles inventam alguma coisa para coloc�-lo dentro de um crit�rio."

J� Lima conta que as entrevistas a que foram submetidos n�o servem para nada. "A impress�o que d� � que quando te pegam seu destino j� est� selado, pois n�o h� motivos suficientes para a deporta��o. Houve um rapaz que nos contou que seria levado de volta pois lhe faltava um guia tur�stico", disse.

Ele conta que as autoridades do aeroporto n�o davam informa��es sobre o motivo da sua deten��o. "Alegaram que n�o t�nhamos a documenta��o necess�ria, mas ningu�m soube dizer qual papel que faltava. Alegaram depois quest�es econ�micas, falta de dinheiro. Mas acabaram de mandar um rapaz de volta por excesso de dinheiro", contou Lima.

Ele e Patr�cia iriam passar por Madri com destino a Lisboa, onde apresentariam seus trabalhos em um congresso internacional de ci�ncia pol�tica. Eles estavam portando a inscri��o para o evento, os documentos e as reservas de hospedagem.

Patr�cia conversou com o G1 logo ap�s ter passado por uma entrevista: "Acabei de saber que chorar e pedir informa��es � considerado desacato � autoridade na Espanha", ironiza. Ela conta que recebeu um relat�rio especial -uma esp�cie de advert�ncia- por ter "se comportado de maneira emocional demais e que isso seria um desacato".

Lima se sente discriminado com a atitude dos espanh�is. Ele contou que outros colegas brasileiros que estavam indo para o congresso e tinham a mesma documenta��o que eles e as mesmas reservas de hot�is conseguiram entrar no pa�s h� alguns dias.

Sufoco
A maratona aeroportu�ria come�ou no momento em que os brasileiros estavam na fila para a inspe��o dos passaportes. "Fomos detidos �s 11h da manh� e ficamos umas 4 horas em uma sala, sem acesso a nada. Nesse momento tivemos o pior tratamento. Depois fomos a outra sala com um bebedouro. S� depois � que fomos comer algo", contou Lima.

Segundo Patr�cia, a maioria dos brasileiros que estava no v�o 6024, da Ib�ria, junto com eles, voltar� na noite desta quinta-feira. "Eu realmente acredito que vamos voltar amanh�, depois dos outros brasileiros. E acho que isso tem a ver com o nosso 'mau comportamento'. Nos fizeram dormir aqui mais uma noite."

Brasileiros barrados
A reportagem do G1 entrou em contato com a embaixada brasileira em Madri, que informou que o embaixador estaria em uma reuni�o para discutir o assunto. O c�nsul-geral do Brasil em Madri, Gelson Fonseca, afirmou que a m�dia de brasileiros barrados aumentou neste ano. "O n�mero era mais ou menos de 200 pessoas por m�s. S� neste ano j� tivemos mais de 600 barrados."

O embaixador espanhol em Bras�lia, Ricardo Peidr�, negou, nesta quinta-feira (6), que haja preconceito dos espanh�is contra os turistas brasileiros. Segundo ele, os pesquisadores brasileiros que iriam a Portugal foram retidos porque n�o teriam cumprido as exig�ncias para entrar na Espanha. Ele, entretanto, n�o especificou quais exig�ncias seriam essas.

Pol�tica comum
Em entrevista ao G1 nesta quinta-feira (6), o diretor executivo do Instituto Universit�rio de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Jos� Maur�cio Domingues, denuncia que a decis�o de barrar a entrada de brasileiros na Espanha tem sido uma pr�tica comum. Segundo ele, Pedro Lima e Patr�cia Rangel s�o p�s-graduandos em ci�ncia pol�tica e iriam apresentar trabalhos no Congresso da Associa��o Portuguesa de Ci�ncia Pol�tica, em Lisboa, Portugal, nos dias 6 e 7 de mar�o.

"S�o dois jovens pesquisadores, inteligentes, que est�o sendo tratados como criminosos. As autoridades alegam que eles n�o tinham dinheiro para viajar e nem lugar onde ficar, o que � um absurdo. Eles passaram a noite detidos no aeroporto, sem �gua e comida. Foram detidos pelas autoridades de imigra��o. Est�o incomunic�veis e s� puderam dar dois telefonemas" um para os pais e outro para o Iuperj. Correm s�rio risco de serem deportados."

Domingues n�o sabe detalhes do caso, mas diz que as autoridades alegam que os estudantes "n�o cumpriram certos requisitos burocr�ticos". O diretor duvida. Apesar de n�o ter conversado por telefone com os jovens, ele acredita que ambos tenham embarcado com a documenta��o em dia, inclusive com a comprova��o da inscri��o no congresso.

Domingues conta, ainda, que o consulado brasileiro na Espanha est� dando todo o apoio aos estudantes, mas as autoridades espanholas est�o inflex�veis. Ele garante que, no Brasil, o Minist�rio das Rela��es Exteriores tamb�m j� se pronunciou e entrou em contato com o governo espanhol na tentativa de encontrar uma solu��o para o caso.

O diretor executivo conta que, ao todo, 10 alunos do Iuperj est�o inscritos no congresso. Oito alunos conseguiram chegar ao destino, sem problemas. Mas Domingues n�o soube dizer se eles tiveram mais sorte e conseguiram seguir para Lisboa via Espanha, se seguiram direto para Portugal, ou se tomaram outra rota de viagem.

* Com reportagem de Cl�udia Loureiro, no Rio de Janeiro, e Giulliano Pinheiro, em Bras�lia

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Viajantes detidos no aeroporto apresentariam trabalho em congresso na Europa.
Segundo c�nsul em Madri, m�dia de brasileiros barrados aumentou neste ano.

Fonte: Giovana Sanchez

Por: Alexandre Costa Pereira | Imprimir