Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 07-03-2008

Após ataque, Israel fecha territórios palestinos
Homem observa marcas de tiros nas portas da biblioteca de uma escola religiosa judaica em Jerusalém (Israel)
Após ataque, Israel fecha territórios palestinos
Foto: Kobi Gideon/EFE

O governo de Israel decretou nesta sexta-feira estado de alerta máximo, depois do ataque ocorrido ontem na biblioteca de uma escola religiosa judaica [yeshiva] em Jerusalém, que deixou oito estudantes mortos e ao menos outras nove pessoas feridas. Os territórios palestinos foram fechados, segundo a rede CNN.

O fechamento da faixa de Gaza e da Cisjordânia entrou em vigor hoje e "será suspenso após levantamentos de segurança (israelense)", de acordo com um comunicado divulgado pelas Forças de Defesa de Israel.

"Enviamos reforços a Jerusalém para garantir a segurança dos habitantes", disse o comandante da polí­cia da cidade, Aharon Franco, í rádio militar.

De acordo com Franco, as forças de segurança de todo o paí­s se encontram em estado de alerta devido ao temor de novos atentados, assim como de atos de vingança de extremistas israelenses.

Como medida de segurança, os fiéis palestinos do sexo masculino e com menos de 45 anos foram proibidos de entrar na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém.

Chacina

As ví­timas do ataque --todas adolescentes que estudavam na escola religiosa judaica [yeshiva] Mercaz Harav, em Jerusalém Ocidental-- foram atingidas pelos tiros de fuzil automático disparados pelo atirador. Ao menos nove pessoas também ficaram feridas e foram atendidas.

O criminoso, um habitante da área oriental de Jerusalém, ocupada e anexada por Israel em 1967, foi morto pela polí­cia. Ele seria um ex-motorista da escola. O Mercaz Harav, uma instituição famosa em Israel, representa simbolicamente um local de cultivo do nacionalismo religioso.

Reivindicação

O comandante Franco explicou que a polí­cia e os serviços de segurança examinam a credibilidade das "distintas reivindicações do atentado".

A TV Al Manar, do grupo radical xiita Hizbollah, anunciou que um grupo até então desconhecido, chamado Mártires do Imã Mughniyeh e Gaza, assimiu o ataque. O atirador foi morto no local.

O Hizbolah acusou Israel da morte, no mês passado, de Mughniyeh, comandante militar da organização. O lí­der do Hizbollah, Hassan Nasrallah, declarou que retaliaria a morte de Mughniyeh com "guerra aberta" contra Israel, que nega a acusação. Ele morreu em um atentado em Damasco, capital da Sí­ria.

O Hamas, que controla a faixa de Gaza, qualificou o ataque de ontem como "ato heróico".

Identidade

Também hoje, um porta-voz da polí­cia de Jerusalém identificou o atirador como Ala Abu Dehein, 25, um morador do bairro de Jabel al Mukaber, em Jerusalém Oriental. Ele trabalhava como motorista e tinha a identificação que Israel exige dos palestinos que viv em na região. Uma operação foi realizada em Jabal al Mukaber, onde policiais revistaram a casa de sua famí­lia.

Mais de dez pessoas foram detidas durante a ação policial, informaram fontes palestinas. A maioria dos detidos é de pessoas próximas ao suposto atirador. O pai dele foi preso na noite de quinta-feira, e liberado pouco depois.

A polí­cia israelense não confirmou as detenções, e se limitou a informar que um veí­culo diretamente relacionado com o suposto terrorista foi encontrado em Jerusalém, e que a investigação prossegue.

Violência

O episódio é o mais recente envolvendo o conflito entre palestinos e israelenses. Na semana passada, Israel iniciou uma ofensiva de seis dias que deixou mais de cem palestinos mortos na faixa de Gaza. O ataque foi uma retaliação aos mí­sseis disparados por palestinos da faixa de Gaza contra cidades israelenses como Sderot.

O ataque de ontem aconteceu também um dia após a visita da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, a Jerusalém. No mesmo dia, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, anunciou que retomaria o diálogo de paz com Israel, que havia sido suspenso por causa da recente ofensiva israelense na faixa de Gaza.

Funeral

Milhares de pessoas participam na manhã de hoje do cortejo fúnebre pelos oito estudantes mortos no atentado em Jerusalém. Os participantes se reuniram no começo da manhã escola Merkaz Harav, que foi palco do ataque.

As medidas de segurança eram perceptí­veis especialmente na parte velha da cidade, também para evitar distúrbios populares por causa da oração nas mesquitas durante a celebração da sexta-feira santa muçulmana.

O governo do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, qualificou o atentado de "massacre", mas advertiu que prosseguirá com o processo de negociação ao lado do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, que condenou o ataque.

Ataque

Micky Rosenfeld, porta-voz da polí­cia, afirmou que o atirador entrou na escola pela porta principal e seguiu até a biblioteca, onde havia cerca de 80 pessoas. Ele levava uma pistola e um rifle e usou as duas armas no ataque.

David Simchon, chefe da escola, disse que os estudantes se preparavam para a celebração do novo mês do calendário judaico, que inclui a data de Purim. "Nós planejávamos uma festa de Purim esta noite, e em vez disso, tivemos um massacre", afirmou.

De acordo com o chefe do serviço de resgate Yehuda Meshi Zahav, que entrou na biblioteca logo após o ataque, "todo o edifí­cio parecia um matadouro. O chão estava coberto de sangue. Os estudantes estavam em aula durante o ataque", afirmou. "O chão ficou repleto de livros sagrados cobertos de sangue."

O comandante do distrito policial de Jerusalém Aharon Franko disse que "não houve alertas sobre o ataque". "Um terrorista chegou carregando uma caixa, de onde tirou uma arma e começou o massacre", disse.

Segundo a polí­cia, ataques em Jerusalém são raros. Em agosto do ano passado, oito pessoas foram feridas em Jerusalém Oriental quando um palestino abriu fogo contra alguns policiais. Em maio do mesmo ano, três atiradores foram mortos na parte israelense da cidade.

Com France Presse, Efe e Reuters

Após ataque, Israel fecha territórios palestinos e decreta alerta


Fonte: www1.folha.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir