Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-03-2008

Ser humano consegue sobreviver 72 horas sem funçíµes renais
Lenda urbana ligada sobre tráfico de órgãos tem certo grau de verossimilhança
Ser humano consegue sobreviver 72 horas sem funçíµes renais

A lenda urbana já aterrorizou milhões de crédulos mundo afora: depois de ser convidado para conhecer o apartamento de uma garota estonteante, você acorda mergulhado numa banheira de gelo e com um bilhete ao lado: "Seus rins foram retirados. Procure um médico o mais rápido possí­vel". í‰ claro que se trata de um absurdo sem tamanho, mas pelo menos o detalhe da sobrevivência da ví­tima após a cirurgia é verossí­mil. í‰ o que diz o nefrologista Oscar Pavão, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

"Vamos imaginar um contexto menos fantasioso, como uma obstrução na qual os rins do paciente ficaram com função zero, ou seja, ele não consegue urinar de jeito nenhum", compara Pavão. "Nesse caso, ele pode ficar nessa situação por cerca de 72 horas. Após três ou quatro dias é que ele deve passar por complicações sérias, que podem levar í  morte", afirma o nefrologista.

A hipotética ví­tima do tráfico internacional de órgãos da lenda urbana, bem como o paciente mais realista com obstrução urinária severa, passam a sofrer de um distúrbio metabólico que afeta várias funções básicas do organismo. Entre outros efeitos assustadores, a quantidade de potássio no organismo sobe vertiginosamente; o organismo começa a acumular as substâncias que são excretadas com a urina, como o ácido úrico e outros compostos nocivos; e, claro, há uma retenção excessiva de água no corpo.

Como os rins são importantes para regular o sistema cardiovascular das pessoas, o resultado de tudo isso é uma arritmia cardí­aca (grosso modo, o batimento irregular do coração) que pode matar o paciente caso ele não passe por uma hemodiálise ou receba um novo órgão por meio de um transplante.

Um não é pouco
Por um acidente evolutivo, todos os seres humanos normais nascem com dois rins funcionais, o que confere um grau confortável de redundância ao órgão -- tanto que é perfeitamente possí­vel sobreviver com um único rim. "A experiência que a gente tem com pessoas saudáveis que doam um de seus rins é que a saúde renal delas até fica melhor", relata Pavão. "O organismo, de fato, tem uma reserva funcional."

O especialista explica, no entanto, que há um viés nesses dados -- obviamente, não é a retirada de um dos rins que faz a saúde dos doadores melhorar. "Aparentemente as pessoas que ficam sem um dos rins tendem a se cuidar mais e, obviamente, visitam o médico com maior freqí¼ência. í‰ por isso que, ao longo dos 30 anos em que o transplante tem sido praticado, a gente tem observado isso", afirma.

Ser humano consegue sobreviver 72 horas sem funções renais. Lenda urbana ligada sobre tráfico de órgãos tem certo grau de verossimilhança.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir