Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-03-2008

No Japão, brasileiros customizam carros para torneios
Competições de drift atraem motoristas e fãs de velocidade.Japão sedia campeonatos disputados só por brasileiros
No Japão, brasileiros customizam carros para torneios
Foto:Anderson Toyoshi Hashiguti

Alto poder aquisitivo, fácil acesso para comprar peças e tecnologia de ponta fazem do Japão um paraíso para quem é fã de carros personalizados. Mas há outro fator que fez crescer - e muito - o mercado de lojas e oficinas especializadas no assunto no país: a popularização e regulamentação das competições de drift, conhecida no Brasil como derrapagem. Trata-se de uma técnica de direção que consiste em deslizar nas curvas com o carro de lado, controlando o nível de derrapagem.

Praticado ilegalmente desde a década de 70 em montanhas e portos - em que o espaço é grande para os carros pegarem velocidade - o drift foi regulamentado quando migrou para os circuito fechados de corrida, onde ganhou centenas de adeptos e fãs japoneses e, pouco depois, brasileiros. Considerado modalidade automobilística, o drift tem competições oficiais, em circuito profissional, e outros torneios paralelos, organizados por praticantes, donos de oficinas e lojas do setor. Nestes, os praticantes competem nas categorias iniciante, intermediário e expert (semiprofissional).

"No drift, importam a velocidade, o ângulo do carro e a linha. É como se você perdesse o controle do carro, mas sem perder. Os juízes determinam uma linha a ser seguida, como por exemplo pedir que o bico do carro passe a meio metro da zebra ao longo da curva, derrapando. Quando você puxa o volante para fazer a curva, não pode tentar voltar mais, pois perde ponto. Tem de puxar pela primeira vez e continuar até o fim", explica Marcelo Lopes Yoshimoto, um dos competidores brasileiros mais experientes no Japão e proprietário de uma oficina especializada.
Além dos torneios promovidos por japoneses, há alguns dos quais participam apenas brasileiros residentes no país. Segundo Yoshimoto, que é um dos organizadores destas competições, cerca de 70 carros de brasileiros participam dos eventos, nas três categorias não-profissionais. "Alugamos o circuito para o dia inteiro, pagamos um seguro, para qualquer eventualidade, e temos em geral uma ambulância de prontidão, do próprio circuito. Mas é difícil acontecer acidente, pois as competições são feitas por baterias, nas quais competem 12 ou 15 carros." Apesar do aumento de competições organizadas em circuitos, o drift continua sendo praticado ilegalmente nas ruas, a exemplo dos 'rachas' feitos no Brasil, sem segurança para motoristas ou espectadores. "Participo das competições há três anos. Fui assistir pela primeira vez com amigos há cinco anos, no porto. Na época, era um esporte muito caro e sem segurança. Além do mais, a polícia está pegando muita gente que faz, apreende o carro e dá uma multa que é quase o valor do veículo. Além disso, tem muito acidente", conta Fabio Akira Oishi, de 26 anos, que tem uma oficina especializada na província de Aichi.

Oishi explica que, para competir, são usados carros completamente modificados, que não servem para circular pela rua como carro de passeio. "No circuito temos a opção de deixar o carro mais leve para a competição, então tiramos vários itens, que seriam obrigatórios para o uso na rua", conta o competidor, que usa um Nissan 180 SX com motor Toyota para o drift.

Especialista em modificações de veículos, Marcelo Lopes Yoshimoto listou alguns dos itens necessários para alguém que deseja começar a competir. "É preciso ter um carro turbo manual e, nele, trocar a suspensão, colocar um blocante, um escapamento de 80 polegadas, um controle buster para regular a pressão, entre outras coisas."

O brasileiro Anderson Toyoshi Hashiguti, de 33 anos, também é proprietário de uma oficina especializada e um dos competidores brasileiros mais experientes no Japão. Em dezembro de 2007, ele conseguiu a licença para competir no D1 Street Legal, o circuito profissional de drift. Em sua nova fase profissional, ele já competiu na Malásia, onde ficou em segundo lugar. Em abril, ele segue para um campeonato do circuito profissional em Singapura.

Além de muito trabalho e esforço, Hashiguti lembra que muito dinheiro está envolvido na montagem e na manutenção de um carro para participar da modalidade.

"Para começar a praticar o drift, a pessoa gasta com equipamentos cerca de 8 mil dólares, mas dependendo do que se deseja fazer no carro, pode-se chegar a um gasto de 50 mil dólares ou mais. Durante um mês, se o carro não quebrar, o competidor gasta em torno de mil dólares em manutenção, mas isso para competir somente uma vez por mês. E tem que ter muita sorte para não quebrar", conta o especialista.

Atualmente, o brasileiro usa em competições um modelo Silvia S15 da Nissan. "Ele chega a até 430 cavalos em termos de força. Mas na parte de suspensão, eu já nem faço contas de quanto foi gasto."

No Japão, brasileiros customizam carros para torneios.

Competições de drift atraem motoristas e fãs de velocidade.Japão sedia campeonatos disputados só por brasileiros.

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Por:  Miguel R. Pereira Netto    |      Imprimir