Categoria Pop & Art  Noticia Atualizada em 07-04-2008

A gente sofreu muito, diz mãe do filho de Mauricio de Sousa
Marinalva Pereira e os dois filhos ficaram 18 dias em cativeiro
A gente sofreu muito, diz mãe do filho de Mauricio de Sousa
Foto: Reprodução

Os futuros planos da dona-de-casa Marinalva Pereira, de 39 anos, giram em torno de um único objetivo: "pretendo procurar um lugar seguro para os meus filhos", contou ela nesta segunda-feira (7) em entrevista ao G1. No domingo (6), a bacharel em direito foi libertada junto com os filhos de 2 e 9 anos após 18 dias de cativeiro. O pai do primogênito é o cartunista Mauricio de Sousa.

A polícia encontrou os reféns na cidade de São Sebastião, a 214 km de São Paulo. Mas este era o paradeiro do quarto e último cativeiro – os outros foram em São José dos Campos (a 91 km da capital), onde a família mora. "Sofremos muito. Ficamos em quartos sujos, que fediam e não tinham luz. À noite, vinham uns bichos em cima da gente. Foi um desespero total", disse Marinalva.

O seqüestro ocorreu no dia 19 de março, quando a dona-de-casa e os dois filhos foram levados de carro da chácara onde moram, na zona rual de São José dos Campos. Antes, os criminosos haviam invadido o mercado do avô das crianças. De acordo com a polícia, um seqüestrador está preso.

Soro
Sem demonstrar abatimento, apesar de afirmar estar "em estado de choque", Marinalva relatou que os criminosos não fizeram mal a ninguém, mas, muitas vezes, os deixavam com fome. "A gente comia arroz, feijão, salsicha e macarrão instantâneo todos os dias. Tinha vezes que nem davam jantar, então, tomávamos água e íamos dormir".

Como o filho menor ainda está no período da amamentação, Marinalva ficou menos preocupada com ele. Já com o outro menino, teve de improvisar. "Fazia soro caseiro para ele não ficar desidratado", contou ela, que às vezes tinha liberdade para cozinhar para os três.

Os cativeiros eram vigiados, normalmente, por duas pessoas, mas Marinalva acredita que a voz que falava com ela era sempre da mesma pessoa. "Ele (um homem) usava capuz, não posso reconhecê-lo". Apesar da situação de pavor, a dona-de-casa, que informou ter vivido 15 anos com Maurício de Sousa "em casas separadas", disse que os seqüestradores não fizeram ameaças. "Eu implorava para eles não fazerem maldades com a gente. Deram até um vídeo game para meu filho brincar".

Pior momento
De todos os dias presa, Marinalva tem particular lembrança do último. Foi no domingo (6) que ela viu os primeiros policiais que a salvaram. Mas também foi neste dia que teve de fugir com as crianças a mando dos bandidos, acreditando que ia morrer. "Eles perceberam que a polícia estava chegando e fizeram a gente subir um morro. Era um matagal horroroso, cheio de buracos. Fiquei com a perna toda arranhada".

Percebendo que os agentes da Delegacia Anti-Seqüestro (DAS) se aproximavam, os criminosos escaparam. E foi a luz dos carros da polícia que fez Marinalva seguir em frente. "Quando os encontrei foi um momento de choro e alívio", contou.

Procurado, o cartunista Maurício de Sousa não quis se pronunciar. Segundo sua assessoria de imprensa, ele passou o dia descansando. Na DAS de São José dos Campos, a informação era de que o delegado que cuida do caso, Leon Nascimento Ribeiro, só estaria na delegacia na terça-feira (8).

A gente sofreu muito, diz mãe do filho de Mauricio de Sousa. Marinalva Pereira e os dois filhos ficaram 18 dias em cativeiro.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir