Categoria Policia  Noticia Atualizada em 16-04-2008

Para peritos, pegada em lençol é de madrasta de Isabella
Instituto de Criminalística de SP comparou marca em lençol com calçado
Para peritos, pegada em lençol é de madrasta de Isabella
Foto: Reprodução

Peritos do Instituto de Criminalística (IC) concluíram que a pegada encontrada no lençol do quarto em que a menina Isabella, de 5 anos, que teria sido jogada do sexto andar na noite de 29 de março, é compatível com um calçado de Anna Carolina Jatobá, de 24, madrasta da garota. As informações foram publicadas nesta terça-feira (15) pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Em depoimento, ela declarou que usava tamancos naquela noite e os tirou assim que entrou no apartamento, deixando-os na cozinha.



Os policiais sabem que, isoladamente, a prova é frágil, mas o objetivo é relacionar essa informação aos indícios recolhidos no apartamento para tentar reconstituir a cena do crime e descobrir quem esteve no local quando a criança foi arremessada. Duas informações são consideradas fundamentais: a mancha de sangue no lençol e as detectadas na calça jeans e numa camisa da madrasta. "O cruzamento dessas provas será útil no momento em que tivermos de indicar quem possivelmente estava no quarto no momento em que a menina foi arremessada", disse um perito.

Na avaliação do IC, a distância entre as gotas de sangue encontradas no quarto condiz com os passos de uma pessoa adulta. Como Isabella apresentava profundo corte na testa, os peritos desconfiam que alguém a carregou no colo.



Na tarde de quarta-feira (16), as equipes do IC e do Instituto Médico-Legal (IML) destacadas para elucidar o caso vão se reunir para tirar as primeiras conclusões que constarão do laudo final. A previsão é de que o documento seja finalizado até sexta-feira (18), quando os exames de DNA deverão estar prontos.

Na segunda-feira (14), o advogado Ricardo Martins, um dos defensores de Anna Carolina e Alexandre Alves Nardoni, de 29 anos, esteve no 9º Distrito Policial, no Carandiru, para entregar três peças de roupa: uma bata de Isabella, uma camisa verde de manga comprida da madrasta e uma camisa vermelha de gola alta e manga comprida, também de Anna Carolina.



Segundo Martins, essas são as roupas que a madrasta e a menina vestiam quando estiveram no supermercado, em Guarulhos, cinco horas antes do crime. Rogério Neres de Souza, outro advogado de defesa, reclamou de a investigação focar apenas o casal e disse que pediria para a polícia buscar mais informações, como ouvir as cerca de 20 pessoas que a defesa quer como testemunhas.





Depoimentos divergentes
O inquérito policial do assassinato da menina Isabella Nardoni, obtido com exclusividade pelo "Jornal Nacional" nesta segunda, contém depoimentos de testemunhas com versões divergentes da maneira como os pais da vítima narraram os fatos.



Nos registros fotográficos das investigações, o quarto de Isabella é visto com um baú da personagem Hello Kitty, um velocípede e brinquedos nas estantes. A cama aparece revirada, coberta com um edredon branco que, aparentemente, não tem nenhuma mancha de sangue.

O provável quarto dos meninos aparece sem a rede de proteção cortada, já removida pela perícia. Decorado em azul, com brinquedos nas estantes, o que mais chama a atenção é uma mancha sobre a cama — de cor compatível com uma mancha de sangue. Um dos banheiros aparece desarrumado nas fotos.

As fotos mostram ainda a cozinha do apartamento da família Nardoni. E o carro de Alexandre, um Ford Ka de cor prata, que foi lacrado pela polícia. Por fim, o gramado, com vestígios da palmeira que, antes de ser cortada, amorteceu a queda de Isabella.

O "Jornal da Globo" revelou na madrugada desta terça-feira (15), em primeira mão, outros detalhes do mesmo inquérito. Vizinhos ouvidos pela polícia relataram gritos desesperados de uma criança e uma forte discussão do casal instantes antes do crime.

As diferentes versões do que aconteceu na noite de 29 de março são contadas em 237 páginas. Um depoimento fundamental é de um vizinho do 1º andar, o primeiro a ser avisado pelo porteiro sobre a queda da menina Isabella, e o primeiro a chamar o resgate.

Ele diz que assistia TV na sala com a porta de vidro da varanda aberta, como de costume, e que, por volta das 23h35, ouviu gritos ao longe de criança dizendo três vezes seguidas: "Papai, papai, papai... pára, pára".

A impressão que ele teve foi de que a criança gritava de um dos apartamentos e não da rua ou dos corredores e elevadores. Passados alguns minutos, cerca de cinco aproximadamente, ele ouviu um estrondo. Era Isabella caindo.


Outra vizinha, uma advogada moradora de uma casa próxima ao prédio, também relata ter ouvido os gritos. Ela tinha cochilado enquanto assistia TV e acordou, não sabe precisar a que horas, ouvindo gritos de criança – que não soube determinar o sexo - dizendo "papai, papai, papai".

A moradora diz que o grito era alto e dava a impressão de ser um grito de chamado pelo pai, como se ele não estivesse ao lado da criança. Era um grito confiante, no sentido de saber que o pai iria ouvi-la e atendê-la. Os dois últimos gritos foram mais débeis, mais distanciados, como se a criança tivesse se distanciando para o interior do apartamento. Eram gritos mais abafados, como se ela tivesse sido repreendida para calar a boca.

A vizinha afirmou ainda que, depois de cessarem os gritos, passaram-se de cinco a oito minutos até que ela começou a ouvir uma mulher gritando. Provavelmente era Anna Carolina Jatobá, depois que Isabella já tinha caído.

Para peritos, pegada em lençol é de madrasta de Isabella. Instituto de Criminalística de SP comparou marca em lençol com calçado.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir