Categoria Politica  Noticia Atualizada em 16-04-2008

Lula voltou a dizer que preço de alimentos é influenciado
Suíço Jean Ziegler, da ONU, disse que biocombustível era "crime contra a humanidade".
Lula voltou a dizer que preço de alimentos é influenciado
Foto: G1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu nesta quarta-feira (16) as críticas do relator especial da Nações Unidas para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler, de que a produção de biocombustíveis "é um crime contra a humanidade". Sem citar o relator da ONU, Lula disse que "é muito fácil alguém ficar sentado num banco da Suíça dando palpite no Brasil ou na África".

"Importante é vir aqui e meter o pé no barro e ver como a gente vive e para saber a quantidade de terra que nós temos e para saber o potencial de produção que nós temos. Hoje nós temos um bilhão de seres humanos que não comem as calorias e proteínas necessárias [diariamente] e não têm biodiesel", afirmou. As declarações de Lula foram feitas pouco antes de ele seguir para a conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que é sediada em Brasília. "Ao invés de ficar chorando, temos que produzir mais alimentos, mais soja, mais arroz, mais trigo", disse.

Lula voltou a afirmar que a alta nos preços internacionais de alimentos se deve à entrada de milhões de novos consumidores no mercado. "Não diga que [o alimentos] está caro por causa do biodiesel. Está caro porque o mundo não estava preparado para ver milhões de chineses comendo, milhões de indianos, de brasileiros e latino-americanos comendo três vezes ao dia."

Ele criticou os países ricos que criam barreiras para os produtos agrícolas dos países pobres. "Queremos que outros paíse pobres plantem, Que a Europa abra seu mercado agrícola, para que os países pobres possam vender seus produtos."

"Não queremos paixão. Queremos que as pessoas discutam isso com racionalidade. E que não se discuta isso a partir da ótica da Europa. Deixar de olhar o mapa da Europa e olhar o mapa da América Latina, olhar o mapa da África, que a gente vai perceber que há muita coisa para fazer", disse.

Segundo o presidente, o "desafio é aumentar a produção agrícola, porque o povo do Nordeste está comendo mais, o povo da África está comendo mais, a China está comendo. Ou seja, é um Brasil que está entrando no mercado de consumo.

Aquecimento
Ele lembrou do conflito entre produção de alimentos e aquecimento do planeta. "O mundo não pode viver a contradição que está vivendo. É unanimidade que estamos vivendo mum problema climático muito sério. Ao mesmo tempo, todos os países importantes assinaram o protocolo de Kyoto [que prevê a redução das emissões globais de dióxido de carbono]".

Segundo o presidente, o Brasil contribui para a redução do problema e ainda ganha com isso sem reduzir sua área de plantio. Ele lembrou que a produção de cana ajuda no seqüestro de carbono da atmosfera durante o período de crescimento, reduz a emissão de gases quando é usado em carros e ainda gera muitos empregos no país.

De acordo com Lula, o Brasil tem uma área de plantio de 400 milhões de hectares, das quais apenas 1% é ocupada por cana-de-açúcar. Ele lembrou ainda que há outros 60 milhões de hectares de áreas degradadas de pasto que podem ser reaproveitadas para o plantio de alimentos.

"É fácil ficar sentado num banco da Suíça dando palpite no Brasil", diz Lula
Suíço Jean Ziegler, da ONU, disse que biocombustível era "crime contra a humanidade".
Lula voltou a dizer que preço de alimentos é influenciado por consumo dos mais pobres.

Fonte: Fausto Carneiro

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir