Categoria Politica  Noticia Atualizada em 19-04-2008

Após 32 anos, Gramado verá fim de rodízio na eleição
Desde 1976, apenas Dinnebier e Bertolucci se elegeram prefeitos da cidade gaúcha.
Após 32 anos, Gramado verá fim de rodízio na eleição
Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal

A cidade de Gramado (RS), um dos pólos turísticos da região Sul, vai quebrar nas eleições municipais deste ano a hegemonia de Nelson Dinnebier (PMDB) e Pedro Bertolucci (PP), que nos últimos 32 anos se revezaram no comando da Prefeitura.

Desde 1976, apenas Dinnebier e Bertolucci se elegeram prefeitos da cidade gaúcha. O rodízio entre os dois só será encerrado porque Dinnebier morreu poucos dias antes do pleito de 2000, enquanto Bertolucci foi reeleito em 2004 e não pode tentar um novo mandato.

"No fundo, com essa disputa, Gramado saiu vitoriosa. Hoje, Gramado é um dos principais centros turísticos do Sul do Brasil. É uma cidade que tem 31 mil habitantes, mas recebe 1,5 milhão de turistas a cada ano. É uma cidade organizada, que vive com pleno emprego", disse Bertolucci ao G1.

Dinnebier foi eleito prefeito da cidade gaúcha em 1976, 1986 e 1996, enquanto Bertolucci saiu vitorioso em 1982, 1988, 1992, 2000 e 2004. "As eleições sempre eram muito apertadas. Ele chegou a ganhar a eleição de meu vice por apenas 11 votos", lembrou Bertolucci.

Dinnebier morreu em 12 de setembro de 2000, enquanto o primeiro turno da eleição estava marcado para 1º de outubro, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Para Bertolucci, a morte do adversário político tornou a eleição ainda mais difícil.

"Foi muito complicada porque a eleição passou a ser uma questão emocional e, por um momento, quase perdemos", disse Bertolucci, recordando que venceu o substituto de Dinnebier, Jorge Luiz Bertoluci (com apenas um "c" no sobrenome, em vez de dois, como o atual prefeito), por apenas 413 votos (8.393 contra 7.980).

Para que a questão emocional não afetasse ainda mais a eleição, Bertolucci contou que "ficou sete dos 18 dias, até a eleição, só com música fúnebre em seu espaço político" em respeito ao adversário, mas também como estratégia política.

"Com isso, deixei eles um pouco "embretados" [encurralados], pois não podiam fazer comícios. Tinham que respeitar. Eu queria que eles saíssem primeiro para a rua, para não dizer que eu estava desrespeitando. E isso realmente aconteceu", afirmou.

Sobre as eleições deste ano, o prefeito tenta quebrar um tabu, já que seu vice deve sair candidato em outubro. "Sempre houve uma alternância no poder, e o prefeito nunca fez o sucessor. Vamos ver se a gente consegue quebrar esse tabu agora."

Após cinco mandatos como prefeito, Bertolucci descarta voltar a concorrer a um novo período em 2012. "Eu já fiquei 18 anos como prefeito, fiquei 14 nos bastidores pronto para largar e mais oito de vereador, que são 40 anos. Está bom", disse.

Ícones
Maurício Dinnebier, filho do ex-prefeito, disse ao G1 que tanto o pai quanto o atual prefeito "foram dois ícones políticos em Gramado". "Eles representam muito, representaram e representam ainda hoje", afirmou.

Segundo Maurício, apesar de seu pai ter falecido há oito anos, "ele ainda hoje é lembrado". "Foi um político marcante para a cidade, e com o Pedro não é diferente. Eles representaram um marco para a cidade", disse.

No entanto, ele disse que não pensa em seguir o caminho de seu pai e se candidatar nas eleições deste ano. "A princípio, estou descartando essa possibilidade [de ser candidato]. Só se o clamor do partido for muito grande", destacou.

Para Maurício, o fato de a eleição deste ano não envolver nem seu pai nem Pedro Bertolucci é um marco histórico na política local. "Vai ser um divisor de águas. É um momento político novo que a cidade está passando", enfatizou.

Após 32 anos, Gramado verá fim de rodízio na eleição para prefeito
Desde 1976, apenas Dinnebier e Bertolucci se elegeram prefeitos da cidade gaúcha.
"No fundo, com essa disputa, Gramado saiu vitoriosa", disse Pedro Bertolucci.

Fonte: André Luís Nery

Acesse o G1

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir