Categoria Policia  Noticia Atualizada em 20-04-2008

Laudo permite à polícia estabelecer seqüência de fatos
Técnicos encontraram ferimentos na boca da menina que indicam que ela foi silenciada
Laudo permite à polícia estabelecer seqüência de fatos
Foto: Reprodução

Neste sábado (19) o Jornal Nacional teve acesso a informações dos laudos elaborados pela perícia que revelam detalhes de como a menina Isabella Nardoni foi morta. O trabalho dos peritos permitiu que a polícia montasse o que chama de dinâmica do crime. A sucessão dos fatos naquele sábado, 29 de março.

Segundo a perícia, Isabella chegou machucada ao prédio. Ela foi ferida na testa por um objeto pontiagudo, e sangrou dentro do carro.

No carro, estavam: o pai dirigindo, a madrasta ao lado, o irmão menor na cadeirinha, atrás do pai, o irmão maior atrás da madrasta e Isabella no meio dos dois. Segundo a perícia, havia sangue de Isabella na lateral da cadeirinha, no encosto de cabeça do banco do motorista e no assoalho entre as duas fileiras de bancos.

Do carro até o apartamento não havia rastro de sangue. Para os peritos, isso significa que o sangue da menina foi estancado. Para isso, foi usada a fralda de pano, mais tarde encontrada no apartamento.

A fralda foi encontrada mergulhada em água, mas os exames revelaram vestígios de sangue de Isabella no tecido. Pela seqüência estabelecida pela perícia, a fralda foi retirada do rosto de Isabella na entrada do apartamento, onde começa o rastro de sangue.

Havia ferimentos na parte interna dos lábios da menina, provocados pela pressão contra os dentes. Isso que demonstra que alguém segurou com força a boca da menina. A intenção seria impedir que ela gritasse.

O rastro de sangue vai até perto do sofá, onde Isabella foi deixada no chão. Nesse local, havia uma concentração maior de sangue. Os peritos também concluíram que, nesse momento, Isabella estava com as pernas flexionadas, o que explica o formato do pingo de sangue na calça dela.

Enquanto isso, a tela de proteção do quarto era cortada. A mesma pessoa que entrou com Isabella no apartamento, pegou a menina de novo no colo e seguiu para o quarto de onde ela seria jogada.

Todos os pingos caíram de uma altura de pelo menos 1,25 m. A conclusão dos peritos foi de que Isabella estava no colo de uma pessoa com altura compatível com a de Alexandre. Com a menina no colo, o agressor tentou subir na cama, em direção à janela, mas escorregou.

Pegadas
No colchão, ficou o que os peritos chamam de esfregaço, a marca de um chinelo compatível ao que Alexandre usava no dia do crime. Ficou ainda a marca de uma pegada e mais um esfregaço entre os colchões, sinal de outro desequilíbrio do agressor. Havia sangue na sola do chinelo do pai e uma mancha no tênis da madrasta.

O agressor então se ajoelhou na cama e passou o corpo de Isabella pelo buraco da rede. Segundo a perícia, o assassino segurou a criança de frente para ele, passou primeiro os pés pelo buraco, segurou a criança pelos pulsos e soltou primeiro a mão esquerda. As marcas das pontas dos dedos e dos joelhos da menina ficaram na fachada do prédio.

Na camiseta que Alexandre Nardoni usava no dia do crime, os peritos encontraram o desenho da trama da rede. Segundo eles, a sujeira e a pressão exercida sobre a tela deixaram marcas inconfundíveis. Marcas que só seriam possíveis, se ele tivesse pressionado firmemente o corpo contra a rede, com os braços esticados. Era a posição de quem jogou Isabella.

Ainda segundo a perícia, foram encontrados na lixeira do apartamento pedaços de papel, com a letra de Anna Carolina. De acordo com os peritos, estavam escritas frases desconexas que falavam das crianças e denotavam tristeza. Os peritos também concluíram que os sinais no pescoço de Isabella são compatíveis com as mãos da madrasta e que não havia mais nenhum adulto na cena do crime, além do casal.

Inocência
Neste sábado, o advogado tributarista Antonio Nardoni voltou a defender a inocência do filho, Alexandre Nardoni, que foi indiciado junto com sua mulher, Anna Carolina Jatobá, como suspeito no assassinato da menina Isabella.

Ele afirmou que a linha de argumentação da defesa não será alterada e que a família mantém a certeza da inocência do casal. ‘Vamos provar que eles são inocentes’, afirmou. Ele também afirmou que a polícia não tem interesse em ouvir novas testemunhas e que o interrogatório deixou o casal abatido.

Laudo permite à polícia estabelecer seqüência de fatos. Técnicos encontraram ferimentos na boca da menina que indicam que ela foi silenciada.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir