Categoria Religião  Noticia Atualizada em 21-04-2008

Evento com Padre Marcelo reúne 3 milhões de pessoas
Este é o total de público estimado durante todo dia em shows e em missa no autódromo.
Evento com Padre Marcelo reúne 3 milhões de pessoas
Foto: g1.com.br

Os shows com cerca de 20 artistas e a missa pela paz celebrada por padre Marcelo Rossi e Dom Fernando Figueiredo, bispo de Santo Amaro, reuniram cerca de 3 milhões de pessoas ao longo desta segunda-feira (21) no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo.

A estimativa de público, divulgada pela SPTuris, foi feita pelo comando do policiamento militar responsável pela segurança no local. A projeção soma todas as pessoas que passaram pelo local ao longo do dia. A SPTuris chegou a informar que, no horário da missa, apenas metade desse público permanecia no local.

A celebração terminou pouco antes das 19h e o evento prosseguiu com uma apresentação da cantora Cláudia Leite, que cantou a música "Jesus Cristo", de Roberto Carlos.

Madrugada
Entre a multidão que passou pelo autódromo, não faltaram exemplos de dedicação e entusiasmo. "Cheguei aqui às 6h30. Pela família e pela fé vale tudo", contou a cabeleireira Sônia Aparecida da Silva, de 30 anos. Com ela, o marido e as três filhas de 13, 9 e 3 anos. A família veio de carro de São Roque e, mesmo apertada junto à grade próxima ao palco, não perdeu o bom humor. "Vim para ver todo mundo", disse ela. A festa começou por volta de 12h30.

A também cabeleireira Rosalva Santana Brum, de 60 anos, era só felicidade. Contou que sempre fica pertinho do palco nos eventos e missas do padre Marcelo, de quem declarou ser fã. Desta vez, ficou um pouco mais distante e não foi por falta de disposição. "Cheguei às 5h". Para Rosalva, nada de sacrifício. "Já estou acostumada. Todo domingo acordo às 4h30 para ir à missa do padre Marcelo."

Celebração
A missa que marcaria o fim do evento estava prevista para 17h mas só começou por volta das 17h40. Ana Carolina Oliveira assistiu à celebração no palco, ao lado do comerciante Masataka Ota e da mulher dele. Dom Fernando Figueiredo, bispo de Santo Amaro, foi o celebrante.

Isabella Nardoni e o menino Ives Ota, seqüestrado e assinado em 1997, foram lembrados várias vezes durante a cerimônia. Dois momentos, em especial, foram marcantes.

O primeiro, antes da aclamação do evangelho, padre Marcelo convidou à parte mais avançada do palco Ana Carolina e os pais dela, Rosa e José Arcanjo, e os pais de Ives Ota. Além deles, também foram convidados a mãe de Dom Fernando e os próprios pais e irmã do Padre Marcelo. Juntos eles cantaram uma música religiosa.

O segundo momento marcante foi durante a homilia. Dom Fernando pediu a paz citando os casos de violência contra Isabella e Ives. "Não queremos outras Isabellas. Estamos clamando. Não queremos outros Ives, mas que reine a paz", disse.

No fim da cerimônia, a cantora Cláudia Leite, emocionada, cantou Jesus Cristo, de Roberto Carlos, com Padre Marcelo. Após a apresentação, ela deu um longo abraço em Ana Carolina.

A mãe de Isabella recebeu muitos presentes durante a celebração, a maioria cartas. Ela foi assediada pelo público, que pedia camisetas estampadas com a foto de Isabella. Ana Carolina distribuiu algumas e depois pediu desculpas por não ter mais. Ela mandou beijos, tirou fotos, e deixou o evento sem falar com os jornalistas, por volta das 19h10.

Sombrinha
Durante a maior parte do dia, o tempo esteve encoberto na Zona Sul de São Paulo e chegou a chover em alguns momentos em Interlagos. Apesar disso, na portaria do autódromo, o aviso era bem claro: a entrada de guarda-chuvas estava proibida.

O resultado foi uma "aglomeração de sombrinhas" deixadas nos portões de entrada e até em grandes baldes usados como lata de lixo. O meio de entrega não podia ser mais curioso: "a pessoa vem e pega aquele que acha que é o seu", disse um funcionário que não quis dar o nome.

Quem teve sorte, conseguiu recuperar o seu guarda-chuva na saída. Foi o caso do cabeleireiro Luiz Antonio de Souza, de 38 anos. Ele nem acreditou quando viu a sombrinha xadrez azul jogada no balde. "Olha, ele está aí! Até vim comentando que não acharia o guarda-chuva", contou ele, deixando a festa antes do fim junto com a mulher e o filho.

As primeiras gotas de chuva, no entanto, só começaram a cair quando Cláudia Leite se apresentava. Ao deixar o palco, a avó de Isabella Nardoni, Rosa Oliveira, comentou com amigos. "Ele (o padre Marcelo) não jogou água benta. Mas olha aí", disse, referindo-se à chuva.

Na primeira fila
Aperto, calor, imobilidade. A sensação de desconforto era visível no rosto das pessoas espremidas nas primeiras filas. A dona-de-casa Luzinete Dias Oliveira, de 42 anos, era uma delas. Estava de lado, apoiada no alambrado por não ter espaço para se posicionar melhor. "Os pés estão dormentes. Mas isso aqui é tudo de bom. Vim para ver o padre Marcelo. Os cantores já foram embora e eu estou aqui", contou ela, que veio sozinha de Santo Amaro, Zona Sul. "Cheguei aqui de manhã e fui vindo empurrada", disse.

A promotora de eventos Eliana Santos de Assis, 46, também se espremeu no meio da multidão para conseguir a melhor imagem do palco. "Estamos sem tomar água, sem comer, mas compensa. Se (a festa) acabar de amanhã (na terça-feira), fico aqui". Ela estava imóvel, tamanha quantidade de gente à sua volta. "Doem o pé e as costas porque o povo se apóia em você". E se pintar uma coceira no pé? "Aí a gente sacoleja o corpo", disse, rindo.

Evento com Padre Marcelo reúne 3 milhões de pessoas
Este é o total de público estimado durante todo dia em shows e em missa no autódromo.
Durante os shows, padre gravou um novo DVD e lembrou a menina Isabella Nardoni.

Fonte: Carolina Iskandarian e Isabela Noronha

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir