Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 24-04-2008

O PAPA NOS ESTADOS UNIDOS
O papa Bento XVI esteve nos Estados Unidos de 15 a 21 de abril, naquela que foi a sua oitava viagem apost�lica internacional como Sumo Pont�fice
O PAPA NOS ESTADOS UNIDOS
Foto: www.maratimba.com

O papa Bento XVI esteve nos Estados Unidos de 15 a 21 de abril, naquela que foi a sua oitava viagem apost�lica internacional como Sumo Pont�fice. Conversou com o Presidente George W. Bush, discursou na sede da ONU, aben�oou o lugar onde aconteceram os atentados do dia 11 de setembro de 2001, reuniu-se com os bispos desta na��o que � a terceira maior do mundo em n�mero de cat�licos, encontrou-se com judeus e com representantes de outras confiss�es crist�s. Foi uma visita intensa e produtiva, importante para a comunidade internacional e estrat�gica para o catolicismo em geral, cercada de uma certa preocupa��o com a seguran�a de Sua Santidade devido �s amea�as recentes de Osama bin Laden. Por�m, tudo isso corre o risco de acabar ficando escondido por detr�s da quest�o da pedofilia de sacerdotes estadunidenses.

Quem acompanhou somente pela TV a cobertura da viagem pode ter ficado com a impress�o que o Papa viajou aqueles milhares de quil�metros s� para dizer que o abuso sexual cometido por sacerdotes envergonha a Igreja e para pedir perd�o �s v�timas. Embora o assunto seja ser�ssimo, isso seria muito pouco se pensarmos que desse pa�s depende em grande parte a situa��o da paz em continentes inteiros! Foram algumas placas levantadas, algumas testemunhas revoltadas e muita pol�mica gratuita, na verdade.
O fato � que algumas dioceses nos Estados Unidos j� gastaram milh�es de d�lares em indeniza��es por causa de pedofilia praticada por padres. Mas apesar da neglig�ncia de alguns prelados que, ao inv�s de punir os acusados, usaram a t�tica de transferir para abafar, atitudes importantes v�m sendo tomadas. � bom ressaltar que, nas �ltimas d�cadas, a Igreja foi realizando mudan�as decisivas na forma��o presbiteral, sobretudo � luz do Conc�lio Vaticano II; e que a grande maioria dos ped�filos na Igreja foi formada ainda no estilo antigo, numa pedagogia n�o preparada para os desafios culturais dessas �ltimas gera��es. Entre os cl�rigos ped�filos, observou-se intensa repress�o sexual, dificuldades psicol�gicas provocadas por falta de abertura para se lidar com o pr�prio desejo. Essa situa��o tende a mudar consideravelmente a partir de quando os semin�rios passaram a adotar a orienta��o psicopedag�gica, que leva � maturidade afetiva do candidato ao sacerd�cio.

A situa��o � complexa demais para ser reduzida a um fator institucional. � no m�nimo irrespons�vel acusar o celibato sacerdotal como a causa da pervers�o sexual de padres. A prova est� no seio da pr�pria institui��o familiar: abusos sexuais de todo tipo continuam presentes onde as pessoas se casam. Com muita cautela, talvez o contr�rio pudesse ser conclu�do: pessoas que n�o lidam bem com sua sexualidade podem ter procurado o sacerd�cio para esconder no celibato seus problemas afetivos. E quando isso acontece, a qualquer momento a puls�o do indiv�duo passa a ser como uma represa que estoura e provoca trag�dias. Ent�o a Igreja n�o deve procurar acabar com a exig�ncia do celibato para resolver esse problema, mas sim selecionar melhor os seus vocacionados, ajud�-los a encarar com transpar�ncia os seus dramas �ntimos e, claro, punir quando for preciso.

* Juliano Ribeiro Almeida � sacerdote cat�lico, p�roco em Itapemirim-ES. [email protected]

Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir