Categoria Música  Noticia Atualizada em 03-05-2008

Depois de Melancia , Ivo Meirelles lança a Mulher Vampirete
A música vai fazer parte do CD do cantor que sai em julho. Mas Ivo também quer mostrar seu lado sério, pensa até em montar uma ONG na Mangueira
Depois de Melancia , Ivo Meirelles lança a Mulher Vampirete
Foto: Marcio Nunes/Photo Rio news

Ivo Meirelles tem 46 anos, alguns relacionamentos no currículo, mas ainda assim caiu em uma armadilha antiga e conhecida: apaixonou-se por uma mulher interesseira.

Da experiência, surgiu a inspiração para a música "Barra Shopping, Gasolina e Celular", que descreve o perfil e as peripécias de uma mulher interesseira, apelidada de vampirete . A música vai estar no novo CD de Ivo, "Samba Pop", que deve ser lançado no começo de julho.

"Já tinha visto amigos passarem por essa situação, já tinha vivido histórias assim, mas não imaginava que ia cair nela de novo", conta ele que viveu o relacionamento durante a crise com a mangueira, em janeiro de 2007, fato que segundo ele, o fragilizou.

"Estava passando por um momento difícil da minha vida e precisando de colo. Acabei me deixando levar, mas percebi a tempo e comecei a fechar a boca para os pedidos de ‘amor, quero isso’, e o ‘amor’ acabou. Hoje, a única mulher que faz isso comigo é a minha filha Vitória, de 13 anos. Com essa não tem jeito. Dou tudo (risos)", brinca.

Mas "Samba Pop" não é vai ser só isso. O trabalho, o primeiro em dois anos, tem participação especial de Pedro Bial, Sandra de Sá, Alcione e Jorge Bem Jor.

"Estou fazendo o meu trabalho mais cuidado, ouvindo muito as músicas, fazendo alterações. Não gostaria, inclusive, que a música de trabalho fosse ‘Barra Shopping, gasolina e celular’. Sempre fui um cara marcado pela polêmica e irreverência, mas isso não me acrescentou nada na minha carreira de compositor", diz ele que ainda está em conversações com a gravadora, e que deve lançar o disco pelo EMI.

Além do trabalho, Ivo falou também de sua mágoa com a Mangueira , dos planos para o futuro - como o de montar uma ONG - e colocou sua experiência com interesseiras a serviço do EGO dando dicas para que o internauta mais distraído não caia na mão de uma vampirete. Confira!

EGO: Como surgiu a idéia para compor "Barra Shopping, Gasolina e Celular"?
IVO MEIRELLES: Foi vivendo a experiência, e observado amigos que já tinha passado por essa situação. Além do mais, essa história de mulher usar o corpo para conseguir alguma coisa é bem antiga (riso).


Tem muito tempo que viveu esse romance? Como saiu dela?
IVO MEIRELLES: Foi uma experiência recente. Estava passando por um momento difícil da minha vida, naquele turbilhão da Mangueira, e precisando de colo. Acabei me deixando levar, mas percebi a tempo e comecei a fechar a boca para as propostas de ‘amor, quero isso’, e o ‘amor’ acabou. Hoje, a única mulher que faz isso comigo é a minha filha Vitória, de 13 anos. Com essa não tem jeito. Dou tudo (risos).

Que tipo de coisas você proporcionou à sua "vampirete"?
IVO MEIRELLES: Ah, nada demais. Lugares bacanas, confortos que eu gosto de ter, nada que eu suasse para pagar. Nada de viagem para Paris(risos). Mas comecei a perceber o choque na cara da pessoa quando ela pedia: "Ai ‘mô’, queria tanto aquilo", e eu comecei a não dar. Isso foi me desencantando. Vi que era só interesse mesmo.

A idéia para a música surgiu dessa desilusão?
IVO MEIRELLES: Sim, daí compus uma espécie de mancha-rancho. Convidei a Sandra de Sá para fazer participação especial em outra música do CD e ela se amarrou em "Barra Shopping, gasolina e celular", e acabou fazendo a participação nessa. Ela faz umas interferências como uma espécie de conselheira na música.

O disco todo vai ter essa levada mais descontraída?
IVO MEIRELLES: Não. Estou fazendo o meu trabalho mais cuidado, ouvindo muito as músicas, fazendo alterações. Não gostaria, inclusive, que a música de trabalho fosse ‘Barra Shopping, gasolina e celular’. Sempre fui um cara marcado pela polêmica e irreverência, mas isso não me acrescentou nada na minha carreira de compositor. Além dessa, o disco vai ter por exemplo, uma balada chamada "Seu amor de verdade", que tem a participação do Pedro Bial recitando uma poesia de minha autoria também. Tem a regravação de "Além do Horizonte", do Roberto e do Éramos Carlos, na qual a Alcione e o Jorge Ben Jor cantam comigo. Ficou sensacional.Também regravei "A Voz do Morro", do Zé Ketti, numa versão mais lenta e com uma interrogação no final dos versos "Eu sou o samba/ a voz do morro/sou eu mesmo sim, senhor?"

Isso é uma provocação ou um desabafo velado à sua saída da presidência da bateria da Mangueira?
IVO MEIRELLES: É um desabafo. O samba deixou de ser do pobre, do favelado e passou a ser de quem tem o poder.

Então você não vai entrar na onda das dançarinas e não vai ter uma "vampirete"?
IVO MEIRELLES: Não gostaria de uma mulher gostosona no palco tirando atenção da minha musica, não.

Mas e a Fernanda Nascimento?
IVO MEIRELLES: A Fernanda é uma amiga que se ofereceu para posar comigo para uma sessão de fotos para uma matéria que falava sobre essa história de "vampirete". Queriam alguma mulher que pudesse encarnar a personagem descrita na música. Dais, ela falou: "Se você quiser, posso ir. Sou mulher interesseira mesmo (risos)". Aí ela virou minha "vampirete" oficial para fotos(risos).

E que dicas você daria para um homem evitar ser vítima de uma interesseira, uma "vampirete"?
IVO MEIRELLES: Não tem muito como se livrar delas, não (risos). Quando você se apaixona por uma "vampirete", só vai descobrir mais tarde. Mas uma boa dica é procurar quem foram os "exs" de sua pretendente. Se todos tiverem "algo interessante", é muita coincidência, você pode ser o próximo da lista. Também não precisa ser radical. Vai que sua "vampirete" se apaixona de verdade por você? Vai brincando com a situação. Um dia dá uma coisa, no outro, não. O cara só não pode se enganar. Agora, se não tiver jeito, se ela for mesmo uma aproveitadora, o lance é cortar de vez as mordomias.

Você está solteiro no momento?
IVO MEIRELLES: Estou solteiro, mas não estou facinho, nem fechado para balanço. Não gosto de me apegar às pessoas. Vou ficando aqui, ali, mas também é chato ser chamado de cachorro (risos)

A Mangueira está comemorando 80 anos. Como você se sente em relação à escola? A mágoa ainda é grande?
IVO MEIRELLES: Sinto-me um estranho no ninho. Não tenho amigos na direção da escola. Tenho amigos no morro. Queria ter melhorado a vida dessas pessoas, mas não consegui, e elas continuam à mercê dos espertalhões. O morro não tem um projeto sério.

Mas nem a Vila Olímpica da Mangueira, nem os projetos sociais você considera sérios?
IVO MEIRELLES: A vila olímpica fica fora do morro e não consegue atingir e mudar a vida das pessoas que estão lá. Os projetos não entram no morro. Esse tipo de hipocrisia que eu não tolero. Sempre quis continuar no morro para provar que é possível dar certo e viver lá. Mas percebi que não dá para conviver e não ser hipócrita. Quem mora lá tem que ser falso e mentiroso. Sofri muito por causa disso. Não queria ser assim.

Você ainda mora lá?
IVO MEIRELLES: Não. Mudei-me logo depois do carnaval. Mas não vendi minha casa. Agora estou morando no Recreio. Mas tenho vontade de voltar para lá. Não para morar, mas para contribuir de alguma forma para mudar a vida das pessoas. Criar uma ong, por exemplo.

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir