Categoria Policia  Noticia Atualizada em 07-05-2008

‘Não sou um monstro’, afirma pai que cometeu incesto
Josef Fritzl disse que salvou a vida de uma das filhas. Fritzl foi interrogado nesta quarta-feira pela primeira vez pela promotora do caso.
‘Não sou um monstro’, afirma pai que cometeu incesto
Foto: Reuters

Josef Fritzl, o pai que confessou ter seqüestrado e cometido incesto com a filha durante 24 anos no porão da própria casa na Áustria, afirmou nesta quarta-feira (7) que não é um monstro, em uma mensagem divulgada por seu advogado.

"Não sou um monstro", afirma Fritzl no texto enviado pelo advogado Rudolf Mayer ao jornal Osterreich. "Poderia ter matado todos e não teria acontecido nada, ninguém nunca ficaria sabendo", acrescenta, em referência à filha, Elisabeth, e aos seis filhos que teve com ela, além de um sétimo que faleceu pouco depois do parto.

Segundo a mensagem divulgada pelo advogado, Fritzl alega que graças a ele sua filha e neta Kerstin, de 19 anos, a mais velha fruto do incesto, foi hospitalizada.
"Se não fosse por mim, Kerstin não estaria viva", afirma o detento, de 73 anos. A jovem foi internada no hospital em estado crítico no dia 19 de abril e sua entrada no centro médico foi o que permitiu às autoridades desvendar todo o drama.

Paralelamente, Fritzl foi interrogado nesta quarta-feira pela primeira vez pela promotora de Sankt Poelten (leste), onde está em prisão preventiva.

O próximo interrogatório acontecerá dentro de duas semanas, já que a promotoria precisa aguardar os relatórios da investigação policial.

Os oficiais prosseguem com os trabalhos no porão em que Fritzl manteve trancada a filha durante quase 25 anos e onde nasceram os sete filhos.

Críticas da ministra
A ministra austríaca da Justiça, Maria Berger, considera que as autoridades foram ingênuas com relação a Josef Fritzl.

É a primeira vez que o governo admite falhas na forma como lidou com o caso.

"Olhando tudo o que sabemos até agora, vejo uma certa ingenuidade -especialmente quando se trata daquela história de que [a filha de Friztl tinha entrado para uma seita, com o que o suspeito explicou o desaparecimento da filha", disse Berger em entrevista publicada nesta quarta-feira (7) pelo jornal "Der Standard".

Elisabeth Fritzl diz que em 1984 seu pai a atraiu para o porão da casa, a dopou e a encarcerou, passando então a cometer abusos sexuais. À esposa, Josef Fritzl disse que a filha havia entrado para uma seita.

Três dos sete filhos resultantes desses abusos foram criados pelo casal Josef e Rosemarie Fritzl. O homem dizia à mulher que a filha deixara as crianças na porta de casa junto com uma carta em que dizia não ser capaz de criá-los.

Outros três filhos do relacionamento foram criados dentro do porão pela própria Elisabeth, e uma sétima criança morreu logo após nascer.

Fritzl, que também tem sete filhos com a esposa, adotou legalmente uma das crianças e foi autorizado a criar as outras duas.

Adoções de crianças por parentes habitualmente são menos fiscalizadas do que as demais, mas a ministra afirmou que isso vai ter de mudar.

"Em geral, pais adotivos são exaustivamente checados. Uma forma de fazer isso é checar o prontuário criminal", disse Berger ao jornal. "Agora, queremos tornar isso compulsório também quando se trata de adoções privilegiadas por familiares."

A imprensa e entidades beneficentes questionam a autorização para que Fritzl cuidasse das crianças, especialmente porque ele havia sido condenado por estupro na década de 1960.

O juiz responsável pelo processo de adoção disse não ter visto necessidade de pedir o prontuário criminal de Fritzl. Na época da decisão, a condenação já havia sido retirada do prontuário.

Esse é o segundo caso desse tipo na Áustria nos últimos tempos. Há dois anos, a jovem Natascha Kampusch conseguiu fugir de um porão onde foi mantida presa durante oito anos por um homem que não era seu parente e se matou em seguida.

‘Não sou um monstro’, afirma pai que cometeu incesto na Áustria
Josef Fritzl disse que salvou a vida de uma das filhas.
Fritzl foi interrogado nesta quarta-feira pela primeira vez pela promotora do caso.

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir