Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-05-2008

Hizbollah anuncia trégua no conflito armado em Beirute
Soldados libaneses patrulham ruas de Beirute; o Hizbollah anunciou uma trégua no conflito armado na capital do Líbano
Hizbollah anuncia trégua no conflito armado em Beirute
Foto: Jamal Saidi/Reuters

Membros do Hizbollah anunciaram neste sábado (10) que vão colocar fim à presença armada em Beirute, no Líbano, depois que o governo do país suspendeu medidas contrárias ao grupo. Ao menos 29 pessoas morreram em quatro dias de confronto. "A oposição libanesa vai pôr fim à presença armada em Beirute, então a capital vai estar nas mãos do Exército", afirma um comunicado do Hizbollah.

Entretanto, segundo a nota, a oposição vai manter uma postura de "desobediência civil" até que suas reivindicações políticas sejam efetivamente atendidas. De acordo com o grupo, homens armados que haviam tomado o oeste de Beirute estavam sendo retirados da cidade. Membros do Exército patrulham essa retirada.

Momentos antes, o comando do Exército havia anunciado a adoção de medidas pelas quais o Hizbollah protestava: desistiu de demitir o chefe da segurança do aeroporto de Beirute e informou que vai negociar a situação da rede de telecomunicações do grupo "de um modo que não prejudique o interesse público e a segurança da resistência".

O conflito, o pior ocorrido internamente no Líbano desde a guerra civil (1975-1990), teve início nesta semana depois de o governo decidir desmantelar a rede de comunicações do braço militar do Hizbollah. O grupo afirmou então que o governo havia declarado guerra.

A violência ocorre após 17 meses de impasse entre a oposição liderada pelo Hizbollah, que demanda maior poder no governo, e a coalizão governista. A disputa pelo poder paralisou o país e o deixou sem presidente desde novembro passado.

Em cenas que lembram a guerra civil, homens com rifles circulam pelas ruas entre carros destruídos e construções em chamas. Além disso, aliados do Hizbollah mantiveram a estrada para o único aeroporto internacional do país bloqueada.

Neste sábado (10), o primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, disse que seu governo não declarou a guerra contra o Hizbollah e não fará isso. Ele pediu que o Exército cumpra "suas responsabilidades e liberar as ruas de homens armados".

"Peço ao Exército que imponha a segurança para todos e em todas as regiões e retire os homens armados das ruas imediatamente", declarou Siniora, em um discurso à nação no Palácio de Governo em Beirute.

Síria

A coalizão governista anti-Síria disse que o "sangrento golpe armado" têm como objetivo aumentar a influência do Irã e restaurar a da Síria, forçada a retirar suas tropas do país em 2005.

Um porta-voz do departamento de Estado dos EUA disse que a secretária de Estado havia telefonado aos seus homólogos francês e saudita e ao secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon, para discutir "o que o sistema internacional pode fazer para apoiar o governo libanês (...) frente aos atos ilegais das gangues armadas".

"As ligações que sabemos que existem e continuam, entre o Hizbollah e a Síria e o Irã, começam a se manifestar na crise atual", afirmou. "Vemos algumas evidências de que esse grupos ligados à Síria (...) têm um papel muito mais ativo em atiçar as chamas da violência".

Com Reuters, France Presse e Efe

Hizbollah anuncia trégua no conflito armado em Beirute

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir