Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-05-2008

Marina tem histórico de embates no governo
Lula indicou Mangabeira Unger para coordenar Plano Amazônia Sustentável
Marina tem histórico de embates no governo
Foto: Reprodução

Um dos primeiros nomes a ser anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no seu ministério, em 2003, Marina Silva enfrentou desgastes com o governo desde que assumiu a pasta de Meio Ambiente, que se acentuaram nos últimos meses.

No mais recente dos episódios, Lula destinou ao ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, a coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado oficialmente no último dia 8, no Palácio do Planalto.

Marina fez um discurso durante a solenidade no qual não escondeu seu descontentamento no cargo. "Sempre fui chamada de ministra dos bagres", disse na ocasião. Convidada pelo próprio ministro para participar do lançamento do programa no Pará, a ministra não compareceu.

Desmatamento
No início do ano, a divulgação de dados de desmatamento da Amazônia do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também provocaram embate entre Marina e Lula.

Em conversa com jornalistas, o presidente disse que, para ele, os dados do instituto – que apurou o desmatamento de 7 mil quilômetros quadrados entre agosto e dezembro de 2007 - foram tratados "como um câncer", quando, na verdade, "seriam um nódulo, que pode ou não ser um tumor maligno".

Após sobrevoar o norte de Mato Grosso e o sul do Pará, áreas mais devastadas pelo desmatamento, segundo o Inpe, a ministra responsabilzou o agronegócio e cobrou um pacto dos produtores pelo fim do desmatamento ilegal.

Demissão em massa
A decisão do governo de desmembrar o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), há pouco mais de um ano, provocou o pedido de demissão do então presidente, Marcus Barros, e a demissão coletiva de seis dos sete diretores do órgão – o que fez a ministra correr em busca de substitutos.

A escolha de Marina, porém, esbarrou na ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que queria indicar para a presidência do Ibama Norma Villela, então gerente do Departamento de Meio Ambiente de Furnas.

A ministra negou qualquer desavença com a ministra-chefe da Casa Civil.

Hidrelétricas
Os interesses das pastas comandadas pelas duas ministras já vinham entrando em choque devido ao atraso para autorização do Ibama para as obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira (RO), motivo de queixas de Lula.

Principal gestora do PAC, Dilma Rousseff registrou o atraso no final de março de 2007, em uma reunião da coordenação política do governo com Lula. As duas obras são alvo de críticas de ambientalistas, que questionam o seu impacto ambiental.

A questão levou Marina a confrontar também o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, ao dizer que não havia prazo para a autorização ambiental para as usinas em Rondônia.

Cana-de-açúcar
Outro ministro com quem Marina teve embate foi o titular da Agricultura, Reinhold Stephanes. Em setembro do ano passado, a ministra chegou a lpedir esclarecimentos sobre declaração do colega, que afirmou que o governo poderia autorizar o plantio de cana-de-açúcar em áreas degradadas ou devastadas da Amazônia.

Após discussões, ficou definido que o zoneamento ambiental da cana-de-açúcar vai proibir o cultivo da planta na Região Amazônica e no Pantanal.

Transgênicos
Em fevereiro, a decisão do governo de liberar o plantio de milho transgênico expôs a divisão sobre como tratar o tema dos organismos geneticamente modificados. Dos 11 ministérios que compõem o Conselho Nacional de Biossegurança, quatro - Saúde, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Pesca -foram contrários à liberação.

Marina Silva não participou da reunião e foi representada pelo secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco. A liberação das duas variedades de milho transgênico, o primeiro alimento geneticamente modificado a ser comercializado, é criticada por ambientalistas por dois motivos: os supostos danos à saúde e ao meio-ambiente. Não haveria, segundo os grupos ambientais, estudos que mediriam o impacto do milho transgênico.

Marina tem histórico de embates no governo. Lula indicou Mangabeira Unger para coordenar Plano Amazônia Sustentável.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir