Categoria Policia  Noticia Atualizada em 16-05-2008

Tráfico perdeu R$ 20 milhões com apreensões de drogas
Estimativa é da polícia baseada no resultado das últimas operações
Tráfico perdeu R$ 20 milhões com apreensões de drogas
Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

As três facções criminosas que dominam os principais redutos do tráfico no Rio estão ficando descapitalizadas. Com as sucessivas apreensões de drogas realizadas pela polícia, as quadrilhas receberam um vigoroso golpe em suas finanças. Nos últimos cinco meses, os grupos criminosos já perderam mais de 300 kg de cocaína, quase seis toneladas de maconha e mais de 10 mil pedras de crack. Os prejuízos seriam de pelo menos R$ 20 milhões, segundo cálculos de investigadores.

"O volume de apreensão é bastante significativo. Estamos atingindo níveis de investigações mais elaborados, priorizando o planejamento das ações em vários pontos, e não apenas nas incursões em favelas. Nosso objetivo é descapitalizar e desarmar essas quadrilhas, mas também minimizar os riscos da população e dos policiais", explica o delegado federal Roberto Sá, subsecretário de Planejamento e Integração da Secretaria de Segurança Pública.

Na quinta-feira (15), em seis operações na Região Metropolitana da capital, a polícia apreendeu mais de 100 kg de maconha, cerca de 2.587 pedras de crack e aproximadamente 600 papelote de cocaína. Isso, um dia depois do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) fazer a maior apreensão de cocaína do ano, 172 kg, no Morro de São Carlos, na Zona Norte do Rio. No dia 12, a Polícia Federal também já havia apreendido 70 kg da mesma droga.

No dia 30 de abril, policiais da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) apreenderam 5,6 toneladas de maconha. No início de maio, policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) apreenderam cerca de 2 toneladas de maconha na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Barra do Piraí, no Sul Fluminense.

Táticas de guerrilhas
Segundo Roberto Sá, quanto maior a quantidade de drogas, maior é o poder das quadrilhas. "Com grandes partidas de drogas, eles precisam estar bem armados para se defender das invasões dos inimigos e enfrentar a polícia. E o ‘soldado’ sabe que se fugir do confronto pode ser executado pelo tribunal do tráfico", disse o delegado, que tem tirado muitas lições das investidas policiais que ele coordena.

Ele não descarta a hipótese de que criminosos estariam recebendo ensinamentos de táticas de guerrilhas de ex-militares. "É possível que eles estejam cooptando pessoas que já deram baixa ou foram afastadas das Forças Armadas. A gente percebe isso pela distribuição dos homens em pontos estratégicos, com visão privilegiada, durante a entrada da polícia e a forma técnica que usam para resgatar feridos ou armas", explica.

Drogas sintéticas
O delegado afirmou que o que também tem surpreendido é a presença de drogas sintéticas nas apreensões nas favelas. "Era um tipo de droga destinada aos usuários de classe média. Agora, já existe a oferta de LSD e ecstasy e outros tipos em comunidades carentes". O policial disse ainda que o aumento de apreensão de crack também se tornou expressivo. "O intercâmbio entre traficantes do Rio e a facção paulista facilitou a entrada e agora tem aparecido bastante."

Embora reconheça os resultados positivos das operações policiais, Roberto Sá não subestima o perigo que representam as facções criminosas e a liderança dos chefões do tráfico, mesmo os que estão presos. "Eles ainda detêm um grande poder sobre essas quadrilhas e influenciam seus integrantes. Além do mais, esses grupos estão cada vez mais bem preparados para o manuseio de armas sofisticadas. É por isso que os resultados dos confrontos são violentos".

Barreiras nas rodovias
A Polícia Rodoviária Federal também ajudou a desfalcar os estoques dos traficantes. De janeiro a maio deste ano foram apreendidos nas estradas 220 kg de maconha; 18 kg de cocaína e cinco de crack. A PRF atua com barreiras na rodovias BR 040 (trecho Rio-Juiz de Fora); BR-101 (Niterói-Manilha); BR-116 (Presidente Dutra); e Ponte Rio-Niterói.

O delegado Roberto Sá não acredita que tenha havido um aumento nas cargas de drogas que abastecem o tráfico do Rio. "Sempre foi dessa monta. Isso é resultado de um trabalho de sintonia entre as polícias e que está dando certo", conclui o subsecretário.

Tráfico perdeu R$ 20 milhões com apreensões de drogas. Estimativa é da polícia baseada no resultado das últimas operações.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir