Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 16-05-2008

OBSCURAS SAUDADES
Na semana passada, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, saiu vitoriosa no depoimento que deu � CPI sobre os cart�es corporativos
OBSCURAS SAUDADES
Foto: http://oglobo.globo.com

Na semana passada, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, saiu vitoriosa no depoimento que deu � CPI sobre os cart�es corporativos por causa da infeliz afirma��o do l�der do DEM no Senado, Jos� Agripino, de que ela n�o � confi�vel j� que costumava mentir nos depoimentos que dava aos militares na ditadura. Ontem, o deputado federal Jair Bolsonaro, do PP do Rio, na negocia��o sobre a quest�o das reservas ind�genas em Roraima, acusou o ministro da Justi�a Tarso Genro de ter feito terrorismo na d�cada de 1970, por ter sido militante do movimento pela democracia e contra o regime militar.

O ran�o de saudosismo que os partidos de direita t�m em rela��o aos maus tempos da ditadura militar no Brasil nunca foi novidade para ningu�m. Mas ultimamente esses v�nculos obscuros est�o vindo � tona no ferver dos �nimos. Freud j� disse que o inconsciente do sujeito emerge pelo chiste, pelo sonho e pelo ato falho. Talvez as institui��es tamb�m estejam sujeitas a essas mesmas v�lvulas de escape que entregam as convic��es mais rec�nditas de suas ideologias.

A ministra Dilma respondeu muito bem: mentir na ditadura significava ter car�ter, n�o ser covarde, n�o ser conivente com o sistema autorit�rio ou com o desrespeito aos direitos humanos. Mas para Agripino, o Estado est� acima da pr�pria verdade. Genro fez bem em participar daqueles atos de rebeldia no passado que abriram no pa�s o caminho para a liberdade e a democracia. Para Bolsonaro, por�m, a obedi�ncia civil est� acima da consci�ncia cr�tica, e a ilegalidade deve ser punida tanto sob Geisel quanto sob Lula, indiscriminadamente.

N�o d� outra: esses partidos mudam de nome, mas n�o trocam o pano de fundo. Os rostos s�o mais ou menos os mesmos, e os mesmos tamb�m s�o os preconceitos e os interesses corporativistas. Os figur�es tiram as fardas e p�em gravatas mais coloridas, mudam os velhos chav�es da aristocracia por motes mais populares, mas no fundo o projeto de Brasil que eles t�m continua o mesmo da �poca da ditadura, o mesmo que, bem antes, j� haviam conseguido imprimir como mensagem subliminar em nossa bandeira: ordem e progresso. "Tudo o que soar a desordem deve ser corrigido com m�o de ferro"...

Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir