Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-07-2008

Pelo rádio, Ingrid diz aos seqüestrados pelas Farc
Da França, ex-refém falou ao programa colombiano Las Voces del Secuestro
Pelo rádio, Ingrid diz aos seqüestrados pelas Farc
Foto: AFP

A ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt falou neste domingo (6) de Paris, ao vivo, pela rádio colombiana Caracol, aos ainda mantidos reféns pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na selva e garantiu que a França continua lutando por eles.

Ela falou aos prisioneiros que ainda estão na selva que Nicolas Sarkozy, presidente da França, se comprometeu publicamente a manter os esforços para libertá-los.

Ingrid deu suas declarações do hotel Raphaël, onde está hospedada com sua família, ao programa Las Voces del Secuestro (As vozes do seqüestro), que os reféns das Farc podem ouvir durante a madrugada de domingo.

Durante todo seu tempo de cativeiro, que durou seis anos e quatro meses, a própria Ingridd recebia todos os dias mensagens de sua mãe, Yolanda Pulecio, por intermédio deste programa.

Ingrid também disse que sua participação na marcha pela paz convocada para o próximo dia 20 na Colômbia vai depender das condições de segurança e que teme ser alvo de um atentado.

Astrid Betancourt, irmã de Ingrid, disse neste domingo que sua irmã deve ficar em Paris até 14 de julho para assistir à festa nacional e receber a medalha da Legião de Honra francesa.

Ingrid almoçou neste domingo na casa do ex-primeiro-ministro francês Dominique de Villepin, seu amigo, a quem ela também agradeceu após a libertação.

O ex-chefe da diplomacia e primeiro-ministro, que se engajou pessoalmente para ajudar a libertar Ingrid, não participou da recepção da ex-refém no aeroporto de Villacoublay, perto de Paris, e depois no Palácio do Elysée.

Villepin foi professor de Ingrid na faculdade Sciences-Po Paris, antes de se tornar um amigo de sua família.

Teatro e volta à Colômbia
Ingrid tem a intenção de escrever uma peça de teatro sobre sua experiência como refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e quer voltar à Colômbia dentro de alguns dias. A franco-colombiana fez as declarações em entrevista neste domingo ao francês Le Journal du Dimanche.

Escreverei uma obra de teatro, disse a ex-refém de 46 anos, ao ser questionada se pretende se voltar à literatura. Não tenho a pretensão de escrever demais, mas quero deixar um testemunho do que vivi, para que as pessoas compreendam que todos podemos ser anjos ou demônios para os outros.

Cada um de nós em seu interior pode ser extraordinariamente bom e extraordinariamente mau" e todos podemos cair nesse horror de ser lobos para o outro, disse.

Durante o seqüestro, ela principalmente viu o lobo, mas também viu o anjo de vez em quando, o que era muito desconcertante, disse Betancourt, que foi libertada na quarta-feira passada junto com mais 14 reféns das Farc em uma operação militar colombiana, depois de ter passado quase seis anos e meio retida na selva.

A ex-refém, que chegou à França na sexta-feira com a família para agradecer pelos esforços franceses para obter sua libertação, disse que voltará à Colômbia "dentro de alguns dias.

Enquanto isso, quer ver a França, ficar com os filhos e dedicar tempo à família.

Betancourt reiterou sua alegria total pelos resultados dos exames médicos que fez no sábado no hospital militar Val-de-Grâce, em Paris, que descartaram os temores de que tivesse câncer. Ela também disse que deverá fazer mais exames para saber se continua com o vírus da hepatite.

Os médicos concluíram que o corpo resiste de maneira extraordinária a muitas coisas. É mágico, disse.

Ela também contou que, quando tomava banho no hotel, na sexta-feira, o filho Lorenzo apagou a luz, porque achava que não havia ninguém no banheiro, e, ao se ver na escuridão total, entrou em pânico.

Perdi durante o espaço de meio segundo a noção de onde estava e disse a mim mesma, como em um pesadelo: são as Farc, vêm me levar, disse.

Pelo rádio, Ingrid diz aos seqüestrados pelas Farc. Da França, ex-refém falou ao programa colombiano Las Voces del Secuestro.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir